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quinta-feira, 26 de junho de 2025

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Com as Imagens Bonitas do que Desapareceu” | Paula Preto



EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Com as Imagens Bonitas do que Desapareceu”,
de Paula Preto
Co-criação | Alicia Rodrigues, David Silva, Igor Monteiro, Leonor Pina, Miriam Gonçalves, Nicole Saraiva, Yuri Santos
Bienal ’25 Fotografia do Porto
Térmita
15 Mai > 29 Jun 2025


No espaço singular da Livraria Térmita, ao cimo da Picaria, expõe-se uma das mais interessantes séries fotográficas desta quarta edição da Bienal de Fotografia do Porto. Com assinatura da fotógrafa e arte educadora Paula Preto, “Com as Imagens Bonitas do que Desapareceu” sublinha a urgência da presença, do sentido de comunidade e da pertença com a natureza. A partir de um laboratório colaborativo da artista, um grupo de jovens do Centro Social Paroquial Nossa Senhora da Ajuda resgatam o brincar, a curiosidade e a imaginação como forças colectivas para pensar a mudança e a transição para um futuro sustentável. Desenvolvido durante o ano de 2024, no âmbito do “Clima Emocional” - projecto de criação e educação a partir da linguagem fotográfica com foco na ecologia dos sentimentos e das emoções -, Paula Preto dinamizou quinze oficinas de fotografia cujo foco recaiu, num primeiro momento, sobre a experimentação com a câmara fotográfica e as suas potencialidades, o pensamento criativo e o treino do olhar e da observação, abrangendo o Centro Social, a praia e o Parque da Pasteleira.

A partir de uma dinâmica de escuta activa das inquietações e perspectivas deste grupo, Paula Preto desenvolveu um tema que reflecte não só as mudanças no mundo interno destes jovens (fase de transição da infância para adolescência, de mudança de escola e consequentes alterações nas dinâmicas sociais e familiares), mas também no mundo externo, dado que muitos dos elementos naturais fotografados no Parque da Pasteleira durante as oficinas deixaram de existir. Surge, por isso, uma urgência em agir no momento presente. Definido o tema do trabalho, o foco das oficinas recaiu sobre o treino de capacidade de selecção e olhar crítico perante o trabalho desenvolvido; da capacidade de associação de sentimentos e emoções a fotografias; do potencial narrativo de uma imagem; da exploração do pensamento abstracto; e, ainda, da reflexão sobre a relação que estabelecemos com o lugar que habitamos. Procurou-se, assim, reforçar a ideia de que os jovens são elementos transformadores do espaço que os rodeia, com poder para intervir na comunidade.

Aquilo que vemos no conjunto de imagens agora apresentadas corresponde, essencialmente, à última fase das oficinas de fotografia, dedicada à encenação e ficção. Os jovens foram desafiados a descrever elementos da sua infância que desaparecem com o crescimento e elementos que gostariam de levar consigo para a adolescência. A partir daí, propuseram várias ideias de possíveis fotografias e composições de imagens, encenando-as. Além da componente artística, “Clima Emocional” propôs uma componente de desenvolvimento pessoal e de educação ambiental, com seis sessões de Culturas Regenerativas nas quais foram exploradas emoções, vulnerabilidade, pensamento criativo e metafórico, conceitos de permacultura e de sustentabilidade.Tendo como intenção prolongar os efeitos do projecto no tempo e alargar os seus impactos, foram ainda dinamizadas sete sessões com os técnicos do Centro Social que acompanham os jovens, crianças e séniores da comunidade. Desta forma, puderam compreender o trabalho dinamizado no âmbito do projecto, incorporar princípios de permacultura na sua prática profissional e, consequentemente, no contexto comunitário e familiar do jovens e crianças com quem trabalham.

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