EXPOSIÇÃO: “Fotografia de Guerra”
Vários artistas
Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia
Exposição permanente
No dia 26 de abril de 1937, os aviões alemães da Legião Condor arrasaram a cidade basca de Guernica. Não se sabe ao certo quantas pessoas morreram naquela tarde de Abril de 1937, quando trinta toneladas de explosivos caíram sobre a cidade, no que viria a ser uma das primeiras demonstrações daquilo que a Alemanha faria durante a II Guerra Mundial. O choque causado pelo bombardeamento ecoou por todo o mundo e Pablo Picasso descreveu-o de forma pungente através da sua arte e fazendo da “Guernica” um dos principais ícones artísticos do século XX. Por ele - e só por ele - são muitos aqueles que não dispensam uma ida ao Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, podendo apreciá-lo numa sala imensa sempre lotada de turistas. Mas deixemos a azáfama da sala e os turistas que se acotovelam, e atravessemos duas ou três salas mais. Num espaço bem mais calmo, outra visão da Guerra Civil Espanhola espera-nos, quiçá mais realista, a de quem esteve no terreno e fez da sua câmara fotográfica uma arma poderosa.
A Guerra Civil Espanhola (1936-1939) teve uma cobertura jornalística sem precedentes, tornando-se num acontecimento chave para a consolidação do fotojornalismo. Os avanços técnicos e o aparecimento de novos modelos de câmaras, de grande qualidade e pequenas dimensões, marcaram o início de uma nova linguagem fotográfica que seria testada pela primeira vez no contexto espanhol. Ao olhar do visitante oferecem-se várias dezenas de fotos de quem fez da guerra o tema absoluto e sempre visível de um trabalho inscrito a ferro e fogo na história do fotojornalismo, dando a ver as consequências mais imediatas da guerra: Os ataques terrestres e aéreos, as trincheiras e abrigos, o tempo de repouso e a evacuação, a destruição e a morte. O destaque vai para nomes como o do fotógrafo catalão Agustí Centelles e as suas reportagens sobre a frente de Aragão, Antoni Campaña que documentou as práticas artísticas antifascistas ligadas ao Sindicato dos Desenhadores Profissionais da Catalunha, Alfonso Sánchez Portela e Juan Pando Barrero que captaram o bombardeamento aéreo da capital, a transformação da cidade num campo de batalha e a utilização da rede de metro suburbana como refúgio.
Mas serão, porventura, as imagens de Robert Capa, Gerda Taro e David Seymour “Chim”, três repórteres de guerra alinhados com a causa republicana e chegados por essa altura a Espanha, a prenderem a nossa atenção. Tanto Robert Capa como Gerda Taro retrataram a frente de batalha a partir da linha da frente, marcando assim o começo de uma nova abordagem ao género da reportagem de guerra ao captar o conflito em primeiro plano e, em muitos casos, conferindo às imagens uma noção de dinamismo até então invulgar. Para além disso, a sua mobilidade (Robert Capa, por exemplo, utilizava uma Leica 35 mm) é a grande conquista técnica ao permitir oferecer uma visão mais completa da guerra, uma vez que podem situar-se em todas as linhas de fogo. Por outro Ado, as suas fotografias não se circunscreveram ao lado documental do espetáculo da guerra, antes mostram o seu lado profundamente desumano, inscrito no tédio e na fadiga, na ilusão e na vontade, na fome e no desespero. Portanto, vão a Madrid, vão ao Museu Rainha Sofia e vão, obviamente, ver a “Guernica” - e não só. Mas não deixem de espreitar estas fotografias!
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