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quinta-feira, 7 de novembro de 2024

EXPOSIÇÃO: "Veneza em Festa"



EXPOSIÇÃO: “Veneza em Festa - De Canaletto a Guardi”
Fundação Calouste Gulbenkian - Galeria Principal
25 Ou 2024 > 13 Jan 2025


O Museu Calouste Gulbenkian e o Museo Thyssen-Bornemisza, depois da colaboração que desenvolveram em 2009 dedicada ao pintor francês Henri Fantin-Latour, voltam a promover um encontro de obras das suas coleções, motivada pelas afinidades que as caracterizam. Este novo projeto, que se inicia em Lisboa e continua em Madrid no início de 2025, tem como tema a pintura veneziana do século XVIII. O conjunto de obras reunidas nesta exposição oferece testemunho da atração que esta cidade milenar despertou entre os visitantes,  a que  entusiasticamente se juntaram dois grandes colecionadores do século XX: Hans Heinrich Thyssen-Bornemisza e Calouste Sarkis Gulbenkian. Pintores incontornáveis como Canaletto, Guardi, Bellotto e Tiepolo, autores de algumas das mais brilhantes composições do seu tempo, encontram-se entre os artistas selecionados para a exposição. As “feste”, celebrações realizadas na Sereníssima, as “vedute”, vistas panorâmicas de um determinado local, e os “capricci”, arquiteturas fantasistas fruto da imaginação dos artistas locais, por natureza todas elas motivos festivos, constituem o foco desta apresentação.

A cidade de Veneza é, no século XVIII, um centro cosmopolita para onde convergem viajantes de toda a Europa. À sua debilidade política e militar, a Sereníssima responde com a realização de cerimónias públicas faustosas, que celebram a sua antiga grandeza. No último século da sua história (inicia no século IX e termina em 1797 com a ocupação napoleónica), a República  vive uma época de extraordinária vitalidade criativa, que abarca múltiplas formas de expressão artística: a música, o teatro, a pintura, as artes decorativas e a arquitectura. Em 1703, Luca Carlevarijs publica uma série de gravuras em que os edifícios mais importantes da cidade são dispostos segundo critérios tipológicos. O momento estabelece, definitivamente, o nascimento da “veduta” veneziana. Embora o género tenha nascido no Norte da Europa, é em Veneza que atinge o seu apogeu com o surgimento de um grande número de pintores a dedicar-se à realização deste tipo de vistas urbanas. As condições que conduzem a esta conjuntura de sucesso justificam-se pela presença contínua de um público estrangeiro que se reúne na cidade para a paragem obrigatória do Grand Tour, a viagem educativa das elites da época.

Um género específico dentro do tema, as “feste”, destinado a celebrar acontecimentos como magníficas regatas ou visitas de soberanos ou de embaixadores europeus, conhece também o seu momento mais alto.  A cidade assume o papel de protagonista e é retratada como uma verdadeira obra de arte. Dois pintores contemporâneos, Giambattista Tiepolo e Canaletto, alcançam resultados surpreendentes. Este último dedica-se à pintura de “vedute”,  caracterizada por perspetivas amplas que realçam a singularidade de Veneza como “cidade da água” e celebram a sua espectacular cenografia arquitectónica. Francesco Guardi inicia a sua carreira de “vedutista” em meados da década de 1750. Para a realização das suas primeiras obras, o pintor apropria-se de protótipos iconográficos existentes e apresenta versões próprias caracterizadas por uma indiscutível vitalidade de execução. Longe do rigor geométrico de Canaletto, o mais novo dos dois artistas retrata arquiteturas banhadas de luz, numa linguagem pictórica cintilante; é o último pintor a imortalizar o esplendor das cerimónias na Sereníssima República de Veneza.

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