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quinta-feira, 25 de abril de 2024

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Golpe de Estado no Chile"



EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Golpe de Estado no Chile”,
de Horacio Villalobos
MFA - Mostra de Fotografia & Autores
Clube Fenianos Portuenses
23 Mar > 11 Mai 2024


No dia em que celebramos 50 anos do 25 de Abril e prestamos a nossa homenagem ao movimento dos capitães e à forma como, pondo cobro a quase meio século de ditadura, nos abriram um futuro assente nos valores da liberdade, da justiça e da democracia, abrimos espaço a uma extraordinária reportagem de Horacio Villalobos, integrada na “Mostra de Fotografia & Autores”. Com o fotógrafo recuamos a 11 de setembro de 1973 e ao Golpe de Estado protagonizado por militares comandados pelo general Augusto Pinochet que derrubou o Governo socialista de Salvador Allende e levou à instauração de uma ditadura que se prolongou até 1990. É desse dia que nos falam as imagens de Villalobos, as ruas tomadas de assalto por carros de combate, as balas nas paredes das instalações da United Press International, um corpo tombado no meio da rua, o olhar vazio dos (poucos) transeuntes, o palácio de La Moneda em chamas após ter sido bombardeado.

O Golpe de Estado chileno de 1973 foi um derrube militar do governo da Unidade Popular, liderado pelo Presidente Salvador Allende. Allende, o primeiro socialista a ser eleito presidente numa democracia liberal latino-americana, enfrentou uma grande agitação social dos setores conservadores, tensões políticas com o Congresso, controlado pela oposição, e uma guerra económica ordenada pelo Presidente norte-americano Richard Nixon. Em 11 de setembro de 1973, as forças armadas, lideradas pelo General Augusto Pinochet, tomaram o poder através de um golpe, pondo fim ao regime civil e instalaram uma ditadura militar. Durante os ataques aéreos e terrestres ao Palácio de La Moneda, Allende proferiu o seu último discurso, manifestando a sua determinação em permanecer no palácio presidencial e rejeitando ofertas de salvo-conduto para o exílio, e suicidou-se após um combate desigual que faz lembrar a batalha das Termópilas.

A resistência obstinada de Salvador Allende e do pequeno grupo que o acompanhou na defesa de La Moneda contra o assalto, privou Pinochet do triunfo de ver um presidente deposto fugir para um exílio dourado, tão comum na região e na época, e poderia ser resumida pela frase exposta no desfiladeiro das Termópilas, na Grécia: “Viajante, vai dizer a Esparta que os que aqui jazem tombaram em defesa das suas leis”. Durante o período que mediou entre 1973 e 1990, foram incontáveis as violações dos direitos humanos, perseguições de opositores, repressão política e terrorismo de Estado, que haveriam de vir a ser considerados crimes contra a humanidade. Segundo a “Comissão da Verdade” e a “Comissão Nacional sobre Prisão Política e Tortura”, o número total de pessoas oficialmente reconhecidas como mortas ou desaparecidas no Chile é de 3.216 e o de sobreviventes de prisão política ou tortura ascende a quase quarenta mil. Durante este período, centenas de milhares de chilenos foram obrigados a exilar-se e a sua resistência continua a inspirar o resto do mundo democrático.

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