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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

EXPOSIÇÃO DE PINTURA: “Painéis de Roma”



EXPOSIÇÃO DE PINTURA: “Painéis de Roma”,
de Luís de Matos
Museu de Ovar
13 Jan > 30 Mar 2024


“Roma è un grande museo, un salotto da attraversare in punta di piedi.”
Alberto Sordi

Roma é uma cidade fascinante. Diz-se que uma vida não basta para a conhecer, quer pela vasta oferta em cultura, história, cinema, gastronomia ou futebol, quer pela riqueza dos seus monumentos, estátuas, igrejas, praças e fontes. Foi lá que, nos anos 60 do século passado, o escultor e pintor vareiro Luís de Matos viveu os tempos de exílio como opção para não ir para a Guerra do Ultramar e foi lá que se apaixonou pela cidade e pelo ambiente de liberdade e de democracia que vivenciou, dramaticamente contrastante com aquele, castrador e opressivo, da ditadura fascista de Oliveira Salazar. Como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, Luís de Matos viria a frequentar o curso de escultura da Escola Fazzini na Academia de Belas Artes de Roma, e o Circolo Romano di Cultura, onde fez pintura, estagiando depois na RAI – Rádio Televisão Italiana, na área da cenografia, em 1968. Desde então, terá regressado a Roma em inúmeras ocasiões, sempre com a mesma comoção, a mesma excitação, um renovado interesse.

Desta relação íntima de Luís de Matos com a Cidade Eterna resultou um corpo variado de desenhos e pinturas, uma parte dos quais se encontra patente ao público no espaço da Galeria dos Fundadores do Museu de Ovar. Sob o título “Painéis de Roma”, são mostrados vários painéis em acrílico sobre lona que, “sobrevivendo” individualmente, têm a particularidade de articular entre si, como peças de um puzzle que se encaixam umas nas outras, abrindo-se a novas e mais vastas visões. A peça mais significativa do conjunto designa-se “Roma 2015” e é um painel de grandes dimensões (4,0 x 2,35 metros), um óleo sobre lona policromático que o artista apresentou originalmente em 2016, na Galeria do Instituto Português de Santo António - que gere a famosa Igreja de Santo António dos Portugueses, na capital italiana –, e que entretanto já foi mostrado no nosso País por diversas ocasiões, até chegar à terra-natal do artista. 
 Imponente e chamativo, “Roma 2015” prende a nossa atenção.

Percorrendo com o olhar uma multiplicidade de elementos, vamos descortinando a cúpula da Basílica de S. Pedro, o Coliseu, a Villa Borghese, a ponte e castelo de Santo Ângelo, a Bocca della Verità, o Arco de Constantino, o Panteão, a Basílica de Santa Maria Maggiore. Um elefante prende a nossa atenção: é Hanno e integrava a embaixada enviada por D. Manuel I ao Papa Leão X, em 1514, que foi o maior acontecimento da Europa naquela época. Podemos também apreciar o reencontro entre S. Francisco de Assis e Santo António - representados na tela pelo Papa Francisco e por Monsenhor Agostinho Borges, actual reitor do Instituto de Santo António dos Portugueses – e também uma figura do Papa João XXI com um olho tapado. E há mosaicos, sóis, espelhos, mármores, a guarda suiça do Vaticano, Alexandre Magno, Rómulo e Remo. Lá está, também, o portão verde da casa onde o próprio Luís de Matos viveu... Uma exposição em que as dimensões humana e artística se passeiam mão na mão.

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