CINEMA: “Oppenheimer”
Realização | Christopher Nolan
Argumento | Christopher Nolan
Fotografia | Hoyte Van Hoytema
Montagem | Jennifer Lame
Interpretação | Cillian Murphy, Emily Blunt, Robert Downey Jr., Alden Ehrenreich, Scott Grimes, Jason Clarke, Kurt Koehler, John Gowans, Macon Blair, Kenneth Branagh, Harry Groener, Tom Conti, Matt Damon, Casey Affleck, Josh Hartnett, Matthew Modine
Produção | Christopher Nolan, Charles Roven, Emma Thomas
Estados Unidos | 2023 | Drama, Biografia, História | 180 Minutos | Maiores de 14 anos
Vida Ovar
12 Ago 2023 | sab | 18:05
“O mundo recordará este dia.” Saímos da sessão e as palavras de J. Robert Oppenheimer, na sequência do “êxito” de Hiroshima e Nagasaki, ressoam ainda nos nossos ouvidos. Tal como ressoam as justificações políticas e pessoais que sustentam a atitude militar norte-americana, bem como os escrúpulos (ou a falta deles) morais e éticos daqueles que lideraram as tomadas de decisão, nomeadamente Oppenheimer, o homem que ficou para a História como sendo o pai da bomba atómica. Cientista brilhante, desde muito novo fez incidir os seus interesses nos processos energéticos das partículas subatómicas, incluindo electrões, positrões, buracos negros, espectroscopia e teoria quântica de campos, tendo sido responsável pela excepcional formação de uma geração de físicos norte-americanos, motivados pelas suas qualidades de liderança e independência intelectual. A sua nomeação à frente do Projecto Manhattan, do qual resultaria o desenvolvimento da bomba atómica, surge como o corolário lógico da sua genialidade.
Filme épico com três horas de duração, “Oppenheimer” dá a conhecer a vida do cientista antes, durante e depois do desenvolvimento da primeira bomba atómica. Físico brilhante, mas também um mulherengo e possivelmente um simpatizante comunista, Oppenheimer começa por ser um cientista em ascensão, cursando em Cambridge, Gottingen e Harvard e cruzando-se com nomes cimeiros da matemática e da física como Rutherford e Neils Bohr, Paul Dirac e Albert Einstein. A trama adensa-se com o desenvolvimento do projecto secreto do governo norte-americano e com a criação de uma autêntica cidade em Los Alamos, no deserto do Novo México. O intenso drama da construção da bomba conduz ao momento ainda mais dramático do seu teste, captando de forma intensa as emoções que o rodearam. A parte final do filme é menos sobre física e mais sobre política com a corrida ao armamento nuclear e o desencadear da Guerra Fria.
“Oppenheimer” é um grande filme. Para tal concorre um elenco recheado de grandes nomes e cujas interpretações lhe conferem o rigor e a credibilidade de que se reveste. Assente num excelente argumento, a trama confronta o espectador com os momentos-chave de um acontecimento trágico da história da Humanidade, recheando-os de questões do foro moral e ético, ao mesmo tempo que destaca os sentimentos mais mesquinhos. Importa estar preparado para o ritmo rápido que Christopher Nolan impõe ao filme, fazendo com que a acção se articule em momentos distintos e que exigem do espectador a maior atenção. Mas é com entusiasmo que se acompanha o desenrolar dos acontecimentos, mantendo os olhos colados ao ecrã durante três longas horas quase sem tempo para respirar. Especialmente numa altura em que as grandes potencias mundiais se encontram de costas voltadas e vão acenando com os seus arsenais nucleares, as questões que o filme levanta são muitas e plenas de oportunidade. Um filme admirável, a pedir a nossa máxima atenção.
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