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quarta-feira, 3 de maio de 2023

LUGARES: Museu Berardo Estremoz


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LUGARES: Museu Berardo Estremoz
Palácio Tocha
Largo Dragões de Olivença, 100 - Estremoz
Horário | 01 Out - 30 Abr, das 09h00 às 17h30; 01 Mai - 30 Set, das 10h00 às 19h00 (encerra à segunda feira). Visitas guiadas, de terça a domingo às 10h30 e 15h00
Ingressos | € 3,00 bilhete normal
Website | https://museuberardoestremoz.pt/


Iniciativa conjunta da Coleção Berardo e da Câmara Municipal de Estremoz, o Museu Berardo Estremoz abriu há dois anos, em plena pandemia e é um dos maiores, se não o maior museu de azulejos em todo o mundo. Composta por conjuntos azulejares in situ e por mais de quatro mil e quinhentos exemplares móveis datados do século XIII ao século XXI, a Coleção Berardo distribui-se por 35 salas, dando a conhecer, através de uma mostra intitulada “800 Anos de História do Azulejo”, as histórias, as técnicas, o design e os diversos modos de produção que vão da antiga Pérsia a artistas e arquitectos contemporâneos, como Siza Vieira, Júlio Pomar ou Paula Rego. Nas primeiras salas do Museu, o visitante é recebido com um notável conjunto de azulejaria espanhola, que acompanha a evolução das técnicas de corda-seca, aresta e majólica, assim como o alicatado produzido em Sevilha e Granada durante os séculos XIV, XV e XVI. Na secção espanhola, merece especial destaque o teto com placas cerâmicas e a reconstrução de duas composições monumentais do século XVI, uma feita à maneira espanhola, e a outra à maneira portuguesa. Também com raízes no século XVI e oriundos de Sevilha e Talavera são os azulejos de padrão ponta de diamante.

Entrando no vastíssimo acervo de azulejaria portuguesa, o visitante poderá vislumbrar um dos paradigmas da criatividade dos nossos azulejadores de seiscentos, o painel de azulejos de padrão de “Marvila”, formado por módulos losangulares de 12x12 azulejos, o de maior dimensão concebido no Mundo. Nas salas do piso térreo, está exposto um vasto núcleo de padrões, alguns deles provenientes de igrejas onde a padronagem circunda frequentemente pequenos painéis com figuras de santos, cenas simbólicas ou narrativas religiosas. Um dos temas mais místicos é a representação de um ostensório, no painel identificado como Alegoria Eucarística, sustentado por anjos. O acesso ao piso superior é feito por uma escadaria monumental em mármore de Estremoz, revestida a painéis azulejares de finais da primeira metade do século XVIII. A porta em frente à escadaria dá acesso à divisão mais nobre do Palácio, em virtude do valioso programa decorativo com painéis de azulejos historiados. A esta sala convencionou-se chamar “Sala das Batalhas”, pois nela se retratam vários episódios das vitórias dos Portugueses, imortalizados em painéis especificamente concebidos para este espaço e encomendados a reputadas oficinas de Lisboa do século XVIII.

A quase exclusividade dos temas religiosos da primeira metade do século XVII dá lugar à proliferação de temas profanos na segunda metade do século. Um dos assuntos da azulejaria portuguesa de seiscentos, representado no Museu Berardo Estremoz e considerado um verdadeiro tesouro, é o das macacarias, cenas satíricas maioritariamente protagonizadas por símios, encontrando semblante no Museu Nacional do Azulejo em Lisboa. A partir da última década do século XVII, o azulejo português inicia um novo ciclo evolutivo, caracterizado pela pintura exclusivamente a azul. O espaço dispõe de vários painéis produzidos neste período. No início do século XVIII, o pintor de azulejo assume o estatuto de artista, tal como aconteceu no século XVI, assinando com frequência os seus painéis. Aqui começa uma época áurea da azulejaria portuguesa - o Ciclo dos Mestres - sendo que, neste Museu, podem ser vistas obras de Manuel dos Santos, Mestre P.M.P., Teotónio dos Santos e Nicolau de Freitas, entre outros.

Inseridos no período chamado “Regresso à cor” estão os dois extraordinários painéis recortados “Eleita como o Sol” e “Formosa como a Lua”, datados do segundo quartel do século XVIII. Algumas das mais originais produções de azulejo português da centúria incluem as chamadas “Figuras de Convite”, das quais se contam vários exemplares em exposição, com destaque para a rara figura feminina que acolhe os visitantes no átrio de entrada do Museu. Ainda no Piso 1, vislumbramos a “figura avulsa”, a Produção Holandesa e a Produção Coimbrã. A alteração no gosto a partir de meados do século XVIII coincide com a afirmação de um novo estilo internacional, o Rococó. Algumas das mais interessantes manifestações de azulejaria deste período, com continuidade no seguinte, são os “registos”, largamente representados nesta exposição. Já em estilo Neoclássico, apresenta-se uma peça com grande presença, o registo de Nossa Senhora da Conceição, São José com o Menino e São Marçal, datado de 1802. O Museu Berardo Estremoz tem ainda uma sala dedicada ao azulejo Pombalino, com uma variedade enorme de padrões, e prolonga-se no tempo percorrendo os estilos Revivalista e Nacionalista dos finais do século XIX e princípios do XX. Apresenta também uma grande mostra de padronagem industrial; percorre o Movimento Arte Nova e Arte Deco, culminando com os grandes artistas que marcaram a segunda metade do século XX e os que iniciaram o século XXI.

[Texto composto a partir do Folheto que acompanha a exposição]

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