LUGARES: Mosteiro de Alcobaça
Horários | Das 09h00 às 18h00 (de outubro a março) e das 09h00 às 19h00 (abril a setembro)
Ingresso | Bilhete individual € 6,00 (entrada gratuita aos domingos e feriados para todos os cidadãos residentes em território nacional)
Site | www.mosteiroalcobaca.gov.pt
Quem estiver por Alcobaça facilmente perceberá que todos os caminhos vão dar ao Mosteiro. Assim é pelo menos desde 1153, altura em que D. Afonso Henriques, na sequência da conquista aos mouros do importante Castelo de Santarém, cumpriu a promessa feita seis anos antes, doando e coutando o território de Alcobaça a Bernardo de Claraval. O Abade francês, canonizado em 1174 e proclamado Doutor da Igreja, viria a ser peça importante no processo de reconhecimento da independência de Portugal pelo Papa, sendo particularmente significativo um grupo de figuras de barro em tamanho real que data do século XVIII, exposto na Sala dos Reis do Mosteiro, o qual representa a coroação imaginária de D. Afonso Henriques por Bernardo de Claraval e pelo Papa Inocêncio II. Poderá ser este o ponto de partida de uma visita que promete ser inesquecível, mas se quiser seguir o meu conselho comece pela Igreja. Já agora, se quiser seguir outro conselho, procure chegar o mais cedo possível. Desta forma garantirá uma visita tranquila, longe das hordas de turistas que, individualmente ou em grupo, começam a afluir ao templo lá pelo meio da manhã.
A Igreja é constituída por uma nave central, duas naves laterais e um transepto, criando a imagem de uma cruz. Todas as naves têm cerca de vinte metros de altura, sendo a capela-mor limitada a oriente por um deambulatório, ou charola, com nove capelas radiais. As outras quatro capelas vão dar, pelos dois lados, ao transepto. A arquitectura da igreja de Alcobaça é um reflexo da regra beneditina na procura da modéstia, da humildade, do isolamento do mundo e do serviço a Deus. Os Cistercienses partilhavam estas ideias, ornamentando e construindo a estrutura das suas igrejas de forma simples e poupada. Apesar da sua enorme dimensão, o edifício apenas sobressai através dos seus elementos de estrutura necessárias que se dirigem ao céu. A fachada principal do Mosteiro, a ocidente, foi alterada entre 1702 e 1725 com elementos do estilo barroco. A própria igreja adquiriu dois campanários barrocos e possui uma fachada de 43 metros, ornamentada por várias estátuas. Da fachada antiga apenas restam o portal gótico e a rosácea.
Uma visita à Igreja não ficaria completa sem passar pelo Panteão Régio e, em particular, pelos túmulos de D. Pedro e D. Inês de Castro. Situados em cada lado do transepto, estes dois túmulos conferem, ainda hoje, um grande significado e esplendor à igreja. As cenas aí representadas ilustram episódios da História de Portugal, são de origem bíblica ou recorrem simplesmente a fábulas. Particularmente visíveis são os danos sofridos durante a Invasão Francesa de 1810, altura em que os soldados profanaram os corpos de D. Pedro e de D. Inês, cujos elementos foram posteriormente recolhidos pelos monges e repostos nos túmulos antes de serem novamente selados. Hoje, os túmulos são o destino de muitos apaixonados, que os visitam no dia do seu casamento, para fazerem juras de amor eterno e de fidelidade defronte aos dois túmulos. Já o Panteão Régio acolhe os túmulos dos reis D. Afonso II e D. Afonso III, diante dos quais, numa sala lateral, se posicionam outros túmulos, nos quais se encontram D. Beatriz, mulher de D. Afonso III, e três dos seus filhos. Um outro sarcófago pertence a D. Urraca, a primeira mulher de D. Afonso II.
Deixando a Igreja, uma porta no seu interior, do lado esquerdo da entrada, conduz-nos à Sala dos Reis, correspondente à antiga capela-salão construída no séc. XVIII. Este espaço é assim denominado por nele se exporem esculturas, em terracota policromada, representando os reis de Portugal, de D. Afonso Henriques a D. José. O conjunto é completado, como já se disse, com uma alegoria à coroação de D. Afonso Henriques pelo Papa Alexandre III e por São Bernardo. A obra é atribuída aos monges-barristas do Mosteiro. Nas paredes, painéis setecentistas de azulejo narram a lenda da fundação monástica. Deixando esta sala, abre-se à frente do visitante o verdejante espaço do Claustro de D. Dinis, também conhecido como Claustro do Silêncio. Por ordem do rei D. Manuel I, no início do século XVI, foi adicionado um segundo andar, o sobreclaustro, ao qual se acede por uma escada em caracol na parede, interligando também a cozinha ao dormitório. O conjunto é composto por colunas ricamente decoradas, uma fiada de gárgulas em cada um dos lados do claustro e ainda uma capela em honra da Virgem Maria, correspondendo, assim, a uma longa tradição nos mosteiros cistercienses.
Porque a descrição do Mosteiro de Alcobaça não se esgota neste artigo, refiro apenas mais quatro espaços de visita absolutamente obrigatória. A Sala do Capítulo servia às assembleias dos monges e era, depois da Igreja, a sala mais importante do Mosteiro. O seu nome deve-se às leituras que eram feitas a partir dos capítulos da Regra beneditina. Acessível através de uma porta que se encontra ao lado da escada para o Dormitório, localiza-se a Sala dos Monges e que servia para o alojamento dos noviços que não participavam na vida normal dos monges professos. Quando, no início do século XVI, o dormitório dos noviços foi transferido para o segundo andar do dormitório dos monges, a Sala dos Monges transformou-se numa sala de trabalho e armazém de mercadorias. Finalmente a Cozinha e o Refeitório, a primeira das quais impressiona pelas dimensões da lareira, com 25 metros de altura. Em 1762, a cozinha recebeu os azulejos nas paredes e nos tectos que ainda hoje existem. Quanto ao Refeitório, situa-se ao lado da Cozinha e é constituído por uma sala com três naves, impressionando pelas suas proporções harmónicas. Do lado oeste, uma escada de pedra conduz ao púlpito do leitor, que lia textos espirituais durante as refeições.
Sem comentários:
Enviar um comentário