Situado na zona histórica da vila, o Museu Municipal do Crato ocupa um edifício Barroco, recentemente remodelado e acrescentado com novas valências, segundo projeto do Arquitecto Fernando Sequeira Mendes. O Museu oferece ao visitante um panorama da pré-história do concelho do Crato, da presença romana na região e do importante papel desempenhado pela Ordem de S. João de Jerusalém, do Hospital ou de Malta (conhecida também como Hospitalários) durante a Idade Média e a Idade Moderna. A colecção é composta por artefactos e objetos artísticos, que ilustram não apenas a vida espiritual, mas também a vida material do Crato e da sua população ao longos dos tempos. Trata-se do único Museu que ilustra de forma científica e crítica uma perspetiva integrada do território do Priorado do Crato, desde a sua origem até à sua extinção administrativa.
A visita tem o seu início no piso térreo, na chamada Sala do Registo. Mantendo o seu aspecto original, oferece ao visitante uma ideia do que seria a área onde eram recebidos e transformados os cereais em uso na casa senhorial. A sala seguinte, dedicada ao Megalitismo (cerca de 3500 a.C.) é uma das mais significativas do Museu, nelas podendo apreciar-se um enorme conjunto de artefactos de uso comum e um conjunto de placas votivas encontradas entre o espólio resultante das escavações da Anta dos Penedos de S. Miguel, com destaque para aquela, em grés, que parece ser um ídolo oculado com a figuração da Deusa-Mãe no momento de dar à luz. Contígua a esta sala, encontramos uma outra que nos transporta aos séculos I a IV d.C. e ao período de ocupação romana. Os artefactos ali apresentados provêm das “villa” romanas da Lage do Ouro (Aldeia da Mata) e Granja (Crato e Mártires) e incluem loiça, lucernas, adornos, frascos de vidro, moedas e uma extraordinária coluna monolítica com 2,34 metros de altura.
Ascendendo ao piso superior, o visitante depara-se com a Sala da Idade Média, contendo algum espólio lapidar do Crato e Flor da Rosa. Este espólio estende-se a duas outras salas, na última das quais, correspondente ao salão nobre da Casa Senhorial, pode ser vista aquela que será, porventura, a mais valiosa peça do Museu, o Códice de Pedro Nunes Tinoco, oferecendo uma reportagem desenhada dos principais edifícios das possessões do Priorado do Crato, entre elas a sede da Ordem, o Mosteiro da Flor da Rosa. Antes desta Sala, é possível apreciar a Capela privativa do Solar, dedicada a Nossa Senhora da Consolação da Utrera, e que apresenta um programa decorativo invulgarmente cuidado, de fabrico regional. Numa primeira sala dedicada ao Renascimento, Maneirismo e Barroco, destaque para duas colunas salomónicas com decoração floral, provenientes do Mosteiro de Flor da Rosa. Na derradeira sala, entre paramentaria, imagens e alfaias litúrgicas, o olhar recai num “Calvário”, tábua pintada atribuída a Francisco Venegas, e num minucioso Menino Jesus Bom Pastor indo-português, obra de finais do século XVI ou inícios do século XVII.
Sem comentários:
Enviar um comentário