Está a decorrer a quinta edição do Maio do Azulejo, evento da responsabilidade do Município de Ovar com vista à promoção da “Cidade-Museu Vivo do Azulejo”, à valorização dos seus patrimónios azulejar, arquitetónico, histórico e cultural e, não menos importante, à formação e sensibilização de públicos. É neste âmbito que a belíssima galeria de exposições do Centro de Arte de Ovar acolhe, até ao próximo dia 25 de Julho, a exposição “Azulejos Figurativos de Portugal - Cinco Séculos de História”, na qual o visitante poderá encontrar uma série de obras provenientes das colecções do Museu Nacional do Azulejo e que são testemunhas do uso continuado de azulejos em Portugal desde o início do século XVII até à actualidade.
“Portugal não inventou o azulejo”, pode ler-se na folha de sala que acompanha a exposição. Sendo um material comum a muitos outros países, o azulejo começou a ser aplicado nas nossas arquiteturas a partir de meados do século XV, importados de centros de produção ibéricos como Manises, Sevilha ou Toledo. De norte a sul do país, bem como nas ilhas, podemos encontrar azulejos antiquíssimos ou mais recentes aplicados em igrejas, conventos, palácios, jardins, casas de habitação, mercados, estações de caminho-de-ferro, fachadas de edifícios… A sua presença é de tal forma marcante e intensa que podemos falar numa arte identitária de um país e de uma cultura. Mas esta relação entre azulejos e arquiteturas, através de revestimentos parietais no interior dos edifícios e em fachadas exteriores, está ausente desta exposição. As obras apresentadas já não se encontram nos espaços em que foram aplicadas, tendo-se perdido os diálogos que estabeleceram com as arquiteturas.
No entanto, outras características identitárias do uso do azulejo em Portugal podem ser aqui sublinhadas: as suas multifacetadas formas de expressão, nomeadamente através de painéis figurativos (três dos quais apresentados pela primeira vez), padronagens e representações ornamentais; o seu imenso valor decorativo, mas também os modos como as suas superfícies serviram de suporte à renovação do gosto, de veículo a narrativas e a afirmações sociais ou de poder, de registo de imaginários. Tudo isto passando em revista o papel fundamental da gravura como suporte do trabalho dos pintores e apresentando ainda algumas das diferentes linguagens utilizadas por alguns dos mais proeminentes artistas portugueses contemporâneos. Os amantes desta tradição secular em permanente atualização encontrarão nesta exposição motivos de sobra para se deleitarem na apreciação de trabalhos muito diferentes entre si mas cuja complementaridade oferece uma visão de conjunto coesa e de enorme significado e beleza. A não perder!
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