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domingo, 6 de fevereiro de 2022

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Peixografia" | Vasco Pinhol


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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Peixografia”,
de Vasco Pinhol
Museu Marítimo de Ílhavo
15 Jan > 29 Mai 2022


É no Museu Marítimo de Ílhavo, no edifício onde se encontra o espectacular Aquário dos Bacalhaus, que por estes dias podemos apreciar a exposição de fotografia intitulada “Peixografia”, de Vasco Pinhol, um dos mais conceituados fotógrafos subaquáticos do mundo. A residir na Noruega há sete anos, o artista traz-nos cerca de vinte e cinco imagens que pretendem ilustrar a perspetiva dos bacalhaus antes de serem capturados pelos pescadores. Dele são as seguintes palavras: “Diz-se que o mar não tem fronteiras consequentes, mas nem todas as fronteiras requerem passaporte e a natureza está-se nas tintas para as nossas convenções. A variedade que se espraia pelo nosso planeta fora - à superfície, horizontal, na vertical uma vez no oceano - presentemente tão embrulhada numa percepção de fragilidade, tem um bom “case-study” no bacalhau - um bicho entre os portugueses pouco dado ao onírico que extravase o universo do prato e do seu acessório copo - é que pela boca morre o peixe, mas é pela boca que vive muita da cultura portuguesa.”

Vasco Pinhol lembra que “os humanos são omnívoros, que é um sinónimo de carnívoros oportunistas.” E prossegue: “Desenvolvemos a agricultura em torno da produção em escala dos cereais e, logo que possível, trouxemos para perto das nossas casas a produção de proteína - milhares de anos a afinar os sistema “bife com batatas fritas”. Mas nem todas as proteínas nascem iguais - o bacalhau tem um rádio feliz de gordura, que permite a sua conservação em seca e sal como nenhum outro, e isso tem justificado a quantidade extemporânea de energia dedicada à sua pesca. Todas as outras fontes de proteína foram domesticadas na medida do possível e a impossibilidade de domesticar o bacalhau não desmotivou o seu consumo ou a sua relevância. Os descobridores portugueses popular as narrativas de aventuras épicas ocidentais, mas esquecemo-nos com frequência que foi a fome de comer bacalhau que motivou as primeiras saídas para partes incertas e longínquas do oceano, porque desses pescadores não narra a História”.

Como bom português, Pinhol cresceu “convencido que o bacalhau era um peixe achatado e sem cabeça”, e só quando visitou pela primeira vez a Noruega subaquática é que se apercebeu das idiossincrasias do peixe pré-processamento para o consumo lusitano. Remete, então, para os bacalhaus que habitam o Aquário, paredes-meias com a sala onde se abriga esta exposição, e que podem ser apreciados “em versão 3D e interactiva, vindo exactamente destas águas onde mergulhei, ao longo de sete anos, para fotografar a sua pesca tradicional e o ambiente onde vive, os seus ciclos, as outras espécies com que migram e privam desde o norte do Norte do planeta - arenques e orcas e focas, e outras maravilhas oceânicas”. A exposição torna-se, pois, um prolongamento da vida que se estende em graciosos volteios no espaço muito belo do Aquário. Eis, pois, um encontro simbiótico por excelência, um momento privilegiado de espanto e conhecimento, de prazer e admiração. Para ver até 29 de Maio.

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