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domingo, 13 de fevereiro de 2022

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Atlântico" | Hélder Luís


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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Atlântico”,
de Hélder Luís
Museu Marítimo de Ílhavo
20 Nov 2021 > 13 Mar 2022


Inaugurado no âmbito das Comemorações do Dia Nacional do Mar 2021, “Atlântico” é um trabalho de fotografia documental da autoria de Hélder Luís, que "aborda o mar como espaço para a exploração, a descoberta e a transformação pessoal e, finalmente, como um lugar para a interação humana a bordo de um barco: um pedaço de espaço flutuante, um lugar sem lugar, que existe por si só, que está fechado sobre si próprio, mas que ao mesmo tempo é abandonado à infinitude, ao longo de duas viagens com o Oceano Atlântico como pano de fundo". O projecto tem como tema principal as duas viagens que o fotógrafo fez a bordo do “Íris do Mar”, um barco de Ponta Delgada, a primeira em Junho de 2018 e com a duração de quatro dias e a segunda quase um ano depois, entre o final de Abril e o início de Maio de 2019, estendendo-se ao longo de dez dias.

“O mar é um local de transformação, tudo o que nele é imerso muda de natureza, inclusive as pessoas”. É baseado na sua própria experiência de duas saídas de mar que Hélder Luís pauta esta exposição, procurando transmitir o viver e o sentir a bordo de um barco, minúscula ilha cercada de céu e mar por todos os lados. É criteriosa a escolha de cada uma das imagens, as pessoas a sós com os seus pensamentos, mergulhadas em si mesmas, escuras, distantes. O olhar que se estende na lonjura e perscruta a linha do horizonte ou aquele outro que esbarra na divisória de um apertado refeitório no interior do barco é o mesmo. Ambos transmitem uma sensação de claustrofobia, a percepção de uma tão grande pequenez face à imensidão do mar. Nem mesmo os tempos da faina apagam o desconforto, o esforço do colectivo feito de gestos individuais, secretos, íntimos.

Cada uma das imagens que compõem esta exposição leva-nos ao encontro do viver e do sentir das gentes do mar. Não raramente, é divididos que procuramos penetrar na mente daqueles que afastam o olhar da objectiva e o estendem até à linha do horizonte. Há toda uma circunstância associada ao labor a bordo de um barco, ao ofício da pesca como uma forma de ganhar a vida. Para muitos a única forma. Nestes casos, a visão romântica cede lugar à dureza da faina, aos riscos que o mar encerra, à distância cada vez maior daqueles que mais se ama. Mas haverá também aqueles que nasceram do mar e para o mar, que buscam sintonia com ele e não qualquer espécie de competição, que têm ali o seu universo, a sua “enciclopédia” de um tamanho infinito onde todas as horas aprendem algo novo. Todos eles são seres introspectivos, que encontram no mar o antídoto para a desarmonia de uma existência em terra, repleta de multidões, filas de trânsito e velocidade furiosa. É disto que Hélder Luís nos fala, numa exposição para ver até ao próximo dia 13 de Março.

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