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quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

EXPOSIÇÃO: "A Função Perdida dos Objetos"


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EXPOSIÇÃO: “A Função Perdida dos Objetos”,
de José Costa, Marco Moreira e Xesta Studio
Curadoria | Mónica Araújo
Museu Escolar Oliveira Lopes
08 Dez 2021 > 30 Abr 2022


Folhas de caderno, aparos, carimbos, lápis, compassos, formas geométricas, transparências, paus de giz. Pegar nestes e noutros objectos que são hoje, maioritariamente, “peças de museu”, recuperar a sua função original e, num exercício de reinterpretação, fundir passado e presente no espaço de uma antiga escola, tal é o desígnio de “A Função Perdida dos Objetos”. Convidados a redescobrir alguns materiais escolares e a encontrar o seu significado e aplicação nos dias de hoje, José Costa, Marco Moreira e Xesta Studio levaram por diante o desafio e, com muita arte e imaginação , fizeram da sala de exposições temporárias do Museu Escolar Oliveira Lopes um espaço vivo, que convida o visitante a expandir o seu conhecimento e a “regressar à escola” através da interacção com os objectos expostos. É chegado o momento de recuperar histórias e memórias, sentar de novo nas carteiras ou ir ao quadro fazer “uma conta”, olhar de soslaio a régua sobre a secretária do professor enquanto se escrevem ditados, se desenham círculos ou se aprende a multiplicar e a dividir. É tempo, enfim, de voltarmos a ser crianças.

Primeiro momento de um programa vasto, que se estende até ao final do próximo mês de Abril e promete trazer com ele um conjunto de workshops, oficinas, tertúlias, sessões de impressão e visitas orientadas, a inauguração da exposição teve lugar ao final da tarde de ontem e contou com uma intervenção caligráfica em parede levada a cabo por Hugo Moura, criador do Xesta Studio. Desenhado com rigor, o título da exposição ocupa todo o espaço de uma parede de topo da sala e é um trabalho de caligrafia que abre um conjunto de diálogos com os vários materiais expostos do mesmo criador, sejam eles simples folhas de caderno pautadas com as letras desenhadas ao lado de carimbos e aparos, exercícios de uma sebenta moderna ou preciosos diários gráficos, primeiros passos analógicos de um processo de design gráfico cujo produto final poderá ser visto em montras de lojas, rótulos de garrafas, desenhos em t-shirts ou murais de arte urbana.

José Costa parte igualmente da reinterpretação dos materiais escolares, servindo-se de um retroprojector e de uma fonte de luz para evidenciar as suas potencialidades enquanto vectores de criação e exploração das dinâmicas associadas a cada objecto. O educativo e o lúdico fundem-se no mesmo espaço, juntando num só o “momento de aula” e o “momento de recreio”. Instalação interactiva, o retroprojector, o foco de luz, os sólidos e as transparências abrem-se à imaginação do visitante, instado ele próprio a criar diferentes projecções, a dirigir a acção nesta espécie de máquinas de construir imagens. Partindo do princípio de que o desenho é a base de qualquer produção artística, Marco Moreira trabalha a relação entre a representação e o espaço, entre a bidimensionalidade e a tridimensionalidade, através de um conjunto de compassos que estabelecem dinâmicas e narrativas entre si. A instalação tem também um carácter interactivo, abrindo-se à curiosidade do visitante e estimulando a sua vertente criativa. A não perder!

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