Páginas

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

LUGARES: Casa da Memória Eunice Muñoz



LUGARES: Casa da Memória Eunice Muñoz
Rua da Escola, 23 - Amareleja, Moura
Contactos | junta.amareleja@mail.telepac.pt / 285 982 256
Entrada gratuita


Antes de falar da Casa da Memória Eunice Muñoz importa falar da própria Eunice Muñoz, figura com uma carreira notável e ímpar no quadro do teatro português, nascida a 30 de julho de 1928, em Amareleja, no Alentejo. Proveniente de uma família de actores amadores, aos cinco anos já pisava os palcos em diversas tournées familiares com a Companhia Mimi Muñoz. Após ter completado o magistério primário em Fornos de Algodres, decidiu partir para Lisboa para prosseguir uma carreira profissional. Amélia Rey Colaço reparou no seu talento e convidou-a a interpretar o papel de Isabel na peça “Vendaval” (1941), de Virginia Victorino, levada à cena no Teatro Nacional. Desde então nunca mais parou. No seu currículo contam-se mais de sete dezenas de participações em peças de teatro, trinta e seis trabalhos para televisão e treze participações em filmes portugueses. Em todas elas, a mesma entrega e dedicação, o mesmo amor à palavra dita, o mesmo apego ao palco.

É precisamente em Amareleja que se situa esta Casa da Memória Eunice Muñoz, significativa homenagem da vila que a viu nascer. A inauguração teve lugar no dia 14 de Outubro e contou com a presença da actriz que não se cansou de louvar o espaço “tão simples e tão verdadeiro” e de agradecer a quem tomou sobre si o trabalho e o empenho de pôr de pé este projeto. A iniciativa contou com a colaboração da própria Eunice Muñoz, bem como de alguns familiares da atriz, e teve o apoio da Direção Regional de Cultura do Alentejo, da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, da Câmara Municipal de Moura e do Museu Nacional do Teatro e da Dança.

Ocupando o primeiro piso de um imóvel no centro da vila, a Casa da Memória Eunice Muñoz tem para oferecer ao visitante objetos e fotos da atriz, assim como alguns materiais em formato áudio e vídeo, entre os quais um documentário cedido pela RTP. Particularmente curiosas são algumas imagens dos tempos de infância da actriz, guiões de peças de teatro anotados, uma “cábula” em torno de uma passagem, um traje, uma ternurenta carta assinada por Rogério Paulo por altura de uma homenagem das gentes da Amareleja nos idos de 1986, programas e cartazes vários, nomeadamente aquele referente à peça “A Margem do Tempo” (2021), onde a actriz contracenou com a sua neta Lídia Muñoz e que correspondeu, verdadeiramente, ao seu último acto em cima dos palcos. Tempos de uma vida que se sentem nesta homenagem singela mas plena de simbolismo. A merecer a visita.

Sem comentários:

Enviar um comentário