EXPOSIÇÃO: “Culturas e Geografias”
Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto
06 Dez 2019 > 31 Jan 2021
Até 31 de janeiro de 2021, o Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP) acolhe, no Edifício Histórico da Reitoria da Universidade do Porto, à Cordoaria, a exposição “Culturas e Geografias”. Trata-se de um conjunto de 250 peças extraordinárias de arqueologia e etnografia, pertencentes ao acervo museológico e artístico da Faculdade de Letras da Universidade do Porto durante a primeira fase da sua existência (1919-1931) e que, em 1941, transitaram para a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, encontrando-se agora à guarda do MHNC-UP. Através delas, o visitante é convidado a fazer uma viagem ao longo do tempo, durante a qual poderá explorar vivências e rituais das comunidades humanas em cada um dos cinco continentes.
As peças que constituem esta exposição chegaram à instituição graças a um episódio que levou a Alemanha a declarar guerra a Portugal. A história envolve o SS Cheruskia, um dos 70 navios alemães surpreendidos pelo eclodir da I Guerra Mundial e que buscaram refúgio no “neutral” porto de Lisboa. A carga deste navio era particularmente valiosa já que incluía um conjunto 448 caixas com achados arqueológicos provenientes de Bassorá, actual Iraque, resultantes de uma campanha de Walter Andrae à antiga Mesopotâmia. Face à pressão dos aliados britânicos, a neutralidade aguentaria apenas dois anos e a declaração de guerra aconteceu em março de 1916, daí resultando o aprisionamento dos navios e das suas cargas. Em 1925, o governo português chegou a acordo com a Alemanha para devolver o conteúdo da embarcação, recebendo em troca antiguidades e réplicas em gesso oriundas de cinco continentes e que pertenciam aos museus estatais de Berlim, num total de cerca de 700 peças.
Na exposição destacam-se, particularmente, a colecção do antigo Egipto, centrada no universo funerário, com as suas múmias, sarcófago, máscaras funerárias e vasos de vísceras, um deles de alabastro, as tampas ornadas por cabeças de animais que representam divindades, as quais seriam as guardiãs dos respectivos órgãos enquanto não se reencontravam com o morto no além. Também impressionante e rara é a colecção etnográfica da Papua Nova Guiné, única na Península Ibérica, composta por 130 artefactos onde se destacam uma máscara didagur, um apoio de cabeça, um tambor de fricção, um escudo de proa de canoa, uma escultura funerária “Malangan”, uma curiosa armadilha de tubarões e uma estatueta de crocodilo, estes dois últimos remetendo para rituais de masculinidade e passagem à idade adulta. A mostra mantém-se patente ao público apenas até ao final do corrente mês.
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