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terça-feira, 17 de novembro de 2020

EXPOSIÇÃO: "Do Paraíso ao Inferno Vicentino"


 
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EXPOSIÇÃO: “Do Paraíso ao Inferno Vicentino”,
de José Carlos Barros e Abílio de Mattos e Silva
Museu Abílio de Mattos e Silva, Óbidos


“Eu sou Brízida, a preciosa
Que dava as moças òs molhos
A que criava as meninas
Pera os cónegos da Sé...
Passai-me por vossa fé.”

É de Gil Vicente e do seu teatro que “Do Paraíso ao Inferno Vicentino” nos fala, mas é, sobretudo, o cimentar do trabalho e da amizade que uniu Abílio de Mattos e Silva e José Carlos Barros que está em causa nesta belíssima exposição patente ao público no Museu Abílio de Mattos e Silva, em Óbidos. É em 1978 que o teatro vicentino coloca, num mesmo palco, Abílio, cenografista e figurinista e José Carlos Barros, aderecista. Sob esta conjugação, os dois artistas vivem, de forma cúmplice e apaixonada, a reabertura do Teatro Nacional D. Maria II, em 1978, após um violento incêndio, com a apresentação do espetáculo “Auto da Geração Humana”, atribuído a Gil Vicente.

Adentrar as portas do Museu Abílio e privar de perto com a Brízida, o Sapateiro, o Judeu, o Enforcado e tantas outras personagens do imaginário vicentino é a proposta desta magnífica exposição, através de um conjunto de marionetas de dimensões generosas e feição ímpar no seu recorte como nas vestes e adereços de que se fazem acompanhar. Mas o material expositivo não se queda por aqui, sendo igualmente possível apreciar as peças de tapeçarias do “Auto da Geração Humana” criadas por Abílio Mattos e Silva, bem como o vestido que Eunice Muñoz levou ao palco em 1978.

O visitante mais curioso não poderá deixar de estender os seus passos aos pisos inferiores onde encontrará os desenhos de figurinos da autoria de Abílio de Mattos e Silva para vários autos de Gil Vicente, bem como para as óperas “Boris Godunov”, de Mussorgsky, e “Auto das Barcas”, de Rui Coelho. Na Sala José Carlos Barros, é possível apreciar o trabalho deste autor para a peça “Dom Quixote e Sancho Pança”, escrita por António José da Silva (O Judeu). Por último, em pinturas modernistas de enorme beleza, é possível apreciar a qualidade artística de Abílio, onde se destacam a sua visão da pacatez de Óbidos, complementada por magníficos desenhos tendo por tema o mar da Nazaré. Absolutamente a não perder.

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