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segunda-feira, 21 de setembro de 2020

CINEMA: "Adam"



CINEMA: “Adam”
Realização | Maryam Touzani
Argumento | Maryam Touzani
Fotografia | Virginie Surdej
Montagem | Julie Naas
Interpretação | Lubna Azabal, Nisrin Erradi, Douae Belkhaouda, Aziz Hattab, Hasna Tamtaoui Produção | Nabil Ayouch
Marrocos, França, Bélgica | 2019 | Drama | 98 Minutos | Maiores de 12
Cinema Dolce Espaço
17 Set 2020 | qui | 16:00


Todas as manhãs, Abla ergue as persianas da sua casa a partir da qual administra um pequeno negócio de pastelaria. Um dia, alguém bate à porta, interrompendo as rotinas domésticas que a ligam aos seus clientes e à filha de 8 anos, Warda, com quem vive. Trata-se de Samia, uma jovem mulher grávida que procura um emprego e um tecto onde se abrigar. Warda e Samia estabelecem imediatamente uma relação muito especial, mas Abla recusa-se a aceitar na sua casa uma mulher na condição de Samia. Gradualmente, no entanto, a determinação de Abla amolece e a chegada de Samia acaba por abrir a perspectiva de uma nova vida para todos.

Trabalho de estreia da realizadora marroquina Maryam Touzani, “Adam” faz balançar o tom entre uma mulher grávida disposta a livrar-se do filho e uma viúva que perdeu a vontade de viver. Perante tal quadro, seria fácil forçar os estigmas do drama e do sofrimento, carregando o filme de cores negras. A jovem realizadora, porém, faz-nos chegar as vivências de Abla e Samia sem grandes excessos, mesclando o drama com os aspectos culturais da sociedade marroquina, nos quais sobressaem as diferenças de género que colocam as mulheres num patamar de grande vulnerabilidade.

Limitado às quatro paredes de uma casa, “Adam” é um retrato intimista de duas personalidades antagónicas à partida: fechada sobre si mesma, Abla acabará por se abrir ao mundo; Samia, por seu lado, aceitará o seu destino de mãe. Maryam Touzani filma “Adam” como uma carícia, oferecendo ao espectador momentos de enorme ternura. Ter-lhe-á faltado, todavia, alguma capacidade de controlar a trama do filme, tornando-o demasiadamente previsível. A falta de nervo no trabalho de realização desperdiça aquilo que o filme poderia ter de melhor, esse ambiente claustrofóbico em que vivem permanentemente mergulhadas as personagens. Apesar de tudo, um filme estimável e que se vê com interesse.

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