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domingo, 7 de junho de 2020

VISITA GUIADA: "Leça da Palmeira: Do Milagre de S. Telmo ao Convento de Nossa Senhora da Conceição"


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VISITA GUIADA: “Leça da Palmeira: Do Milagre de S. Telmo ao Convento de Nossa Senhora da Conceição” 
Orientada por | Joel Cleto 
Organizada por | Confraria das Almas do Corpo Santo de Massarelos 
06 Jun 2020 | sab | 10h00


“Depois da tempestade vem a bonança”. Poderia ser este o mote para o regresso das actividades promovidas pela Confraria das Almas do Corpo Santo de Massarelos, após um interregno de três meses motivado pelas medidas de confinamento impostas pelo surto pandémico da COVID-19. Mas poderia servir, igualmente, de ponto de partida para a Visita Guiada subordinada ao tema “Leça da Palmeira: Do Milagre de S. Telmo ao Convento de Nossa Senhora da Conceição”, orientada pelo historiador Joel Cleto e que decorreu na manhã de ontem, ligando a Capela do Corpo Santo à Quinta da Conceição. E isto porque, segundo reza a lenda, foi precisamente uma tempestade que, no dia 2 de Novembro de 1557, atingiu de surpresa a nau “Senhora da Conceição”, quando esta se preparava para deixar a barra do Douro. Vendo-se em grande perigo junto aos leixões a norte do estuário do rio, os marinheiros rezaram ao Corpo Santo e logo uma tromba de água, com oito metros de altura, levou a nau para longe, deixando-os a salvo. Aportando novamente ao Douro, os marinheiros foram à Ermida das Almas do Corpo Santo, em Massarelos, agradecer o milagre e prometeram erigir uma capela em S. Miguel de Leça, no preciso local onde o grupo de cinquenta participantes se concentrou na manhã de ontem para o início da visita. 

Feitas as apresentações habituais e as necessárias recomendações quanto ao uso obrigatório de máscara e à importância da manutenção do distanciamento social, o grupo pode escutar, a par da lenda que está na origem desta singela capela, algumas histórias interessantes acerca da devoção das gentes do mar e do culto a S. Telmo, bem como sobre as grandes transformações resultantes da implantação do Porto de Leixões que mudaram significativamente o rosto desta zona de costa atlântica, moldando o seu tecido económico e social e adequando-o às novas realidades. Encetando o trajecto até à Quinta da Conceição, o grupo passou junto à Igreja de Leça da Palmeira, descendo até à marginal ribeirinha onde, em frente à Casa da Campanuda, pode escutar não apenas a história deste imóvel do século XVIII que serviu de aquartelamento a destacamentos de tropas miguelistas durante o período do Cerco do Porto (1833 – 1834), mas também um breve relato das obras que levaram ao desaparecimento de várias pontes que atravessavam o Rio Leça, nomeadamente a românica Ponte de Pedra, também conhecida como ponte dos 19 Arcos, mandada construir por D. Afonso V e cuja parte terminal, do lado de Leça, se encontra sob a avenida que ladeia a margem norte do complexo portuário. 

A visita prossegue e o grupo sobe a antiga Estrada Real, actual Rua Óscar da Silva, o compositor e pianista, considerado o último dos grandes românticos portugueses e, simultaneamente, o iniciador da música moderna em Portugal. Outra das figuras evocadas ao longo deste percurso foi a da  escultora matosinhense Irene Vilar, com espaço próprio integrado no Museu Quinta de Santiago, equipamento a merecer, também ele, uma visita. Finalmente, já na Quinta da Conceição, as grandes figuras foram, a par dos frades franciscanos que aqui fizeram erigir um notável convento, do qual restam o claustro, o formosíssimo – e famosíssimo (!) – portal manuelino e a não menos formosa imagem de Nossa Senhora da Conceição, o arquitecto Fernando Távora e Fernando Pinto de Oliveira, Presidente do Município de Matosinhos entre 1958 e 1970. Apesar de marcante em várias obras espalhadas pelo concelho, a presença de ambos é aqui particularmente relevante, a eles se devendo o rosto deste espaço único tal como o conhecemos. Um espaço repleto de História e de histórias - das ruínas da Capela de Santo Amaro à ponte que liga a Quinta de Santiago e a Quinta da Conceição, do Pavilhão do Campo de Ténis às Piscinas - que Joel Cleto, com a sua habitual coloquialidade, tão bem soube transmitir.

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