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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Caligrafias”,
de Santiago Macias
Castelo de Silves
No princípio era a arqueologia e a Nikon que comprara anos antes vinha mesmo a calhar, até porque não se podia fazer História da Arte sem máquina fotográfica e as escavações arqueológicas no Castelo de Moura pediam rigor e qualidade nos registos. Para trás, ficavam a Regula e uma pequena Ferrania em plástico, rolos em cassete e qualidade nula, “coisas que não levava a sério, máquinas de férias e de borgas juvenis”, como dizia. A verdade é que Santiago Macias e a Nikon formam uma história à parte, as insuficiências sentidas no que queria fazer compensadas pela produção de trabalhos de outros. Foi assim que descobriu Zambrano Gomes, mas também Alberto Frias, António Cunha, António Pedro Ferreira, José Manuel Rodrigues, Mariano Piçarra e Rui Cunha, entre outros. Mais tarde viriam André Kertész, Alexander Rodchenko, Ansel Adams, Paulo Nozolino, Gérard Castello-Lopes, Victor Palla, Costa Martins, René Burri, Cartier-Bresson, Cristina García Rodero, Manuel Alvarez Bravo, Robert Mapplethorpe, Robert Capa e mais alguns outros a juntar ao seu panteão pessoal. Veio também o prazer da fotografia e a vontade de mostrar o que ele próprio fazia.
Em 2003, Santiago Macias atreveu-se a uma exposição individual, na igreja de Santiago, em Monsaraz. Ainda hesitante, escondeu-se detrás de um pseudónimo, Simon Goldstein, que deu origem a uma série de equívocos de contornos borgesianos. O início da tese de doutoramento, em 1996, marcou um ponto de viragem. Precisava de fazer registos mais abrangentes. Tinha de recolher imagens dentro e fora de portas. Investiu nalguns equipamentos, pôs outros de parte e “o que começou por ser um registo técnico tornou-se prazer de escrita”. Depois vieram as viagens e esse jeito de fotografar sem ninguém a ver, quase às escondidas, quase com vergonha. Uma pesada mochila passou a acompanhar o fotógrafo em todos os países onde conseguia ir e em 2005 atreveu-se a editar um livrinho, sobre a Síria. Seguiram-se outros, Mar do Meio (2009), Moura-Bissau (2010), Casas do Sul (2013). Depois veio um mandato autárquico alucinante e tudo parou. Recomeça agora, o tempo a sedimentar certezas!
As três dezenas e meia de imagens a preto e branco que compõem a mostra intitulada “Caligrafias” – e que pode ser vista, por estes dias, no Castelo de Silves – dão-nos a dimensão do homem e do seu mundo, a fotografia tornada introspeção e silêncio. Na sua essência, os trabalhos expostos materializam o encontro entre o Santiago Macias historiador e arqueólogo e o Santiago Macias fotógrafo. Nelas se destaca a quase ausência da figura humana e, contudo, tão presente numa paisagem modelada à sua maneira, que realça os traços civilizacionais, prolongando-os e perpetuando-os. Nesta busca incessante daquilo que fomos e somos, assoma de novo a Ferrania, o “princípio do mundo” do fotógrafo. Sem nenhuma razão em especial. É o trenó desta narrativa e faz parte da sua memória fotográfica mais recuada. “Não sei o que foi feito dela. Gostava de a recuperar, só para colocar lá dentro um rolo, disparar muito devagarinho, dizendo ao mesmo tempo ‘rosebud’. Era isso que eu gostava”, conclui.
Em 2003, Santiago Macias atreveu-se a uma exposição individual, na igreja de Santiago, em Monsaraz. Ainda hesitante, escondeu-se detrás de um pseudónimo, Simon Goldstein, que deu origem a uma série de equívocos de contornos borgesianos. O início da tese de doutoramento, em 1996, marcou um ponto de viragem. Precisava de fazer registos mais abrangentes. Tinha de recolher imagens dentro e fora de portas. Investiu nalguns equipamentos, pôs outros de parte e “o que começou por ser um registo técnico tornou-se prazer de escrita”. Depois vieram as viagens e esse jeito de fotografar sem ninguém a ver, quase às escondidas, quase com vergonha. Uma pesada mochila passou a acompanhar o fotógrafo em todos os países onde conseguia ir e em 2005 atreveu-se a editar um livrinho, sobre a Síria. Seguiram-se outros, Mar do Meio (2009), Moura-Bissau (2010), Casas do Sul (2013). Depois veio um mandato autárquico alucinante e tudo parou. Recomeça agora, o tempo a sedimentar certezas!
As três dezenas e meia de imagens a preto e branco que compõem a mostra intitulada “Caligrafias” – e que pode ser vista, por estes dias, no Castelo de Silves – dão-nos a dimensão do homem e do seu mundo, a fotografia tornada introspeção e silêncio. Na sua essência, os trabalhos expostos materializam o encontro entre o Santiago Macias historiador e arqueólogo e o Santiago Macias fotógrafo. Nelas se destaca a quase ausência da figura humana e, contudo, tão presente numa paisagem modelada à sua maneira, que realça os traços civilizacionais, prolongando-os e perpetuando-os. Nesta busca incessante daquilo que fomos e somos, assoma de novo a Ferrania, o “princípio do mundo” do fotógrafo. Sem nenhuma razão em especial. É o trenó desta narrativa e faz parte da sua memória fotográfica mais recuada. “Não sei o que foi feito dela. Gostava de a recuperar, só para colocar lá dentro um rolo, disparar muito devagarinho, dizendo ao mesmo tempo ‘rosebud’. Era isso que eu gostava”, conclui.
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