LIVRO: “No Meio do Nada”,
de António Mota
Edição | Cecília Andrade
Ed. ASA II, Fevereiro de 2019
“Eu bem lhe contei que era tão bonita na inocência dos meus quinze anos. E ter essa idade em mil novecentos e setenta e cinco era bem diferente dos nossos dias. Mas o senhor só sabe escrever para crianças, e não liga nenhuma ao que lhe digo. Saiba que hoje em dia é muito perigoso um homem velho dizer que gosta de crianças; pode ser muito mal interpretado.”
Por uma vez vou ser preguiçoso, fazendo da sinopse e da pequena nota biográfica do autor o miolo desta breve recensão. Tudo isto porque não sei muito bem o que dizer de um livro que se esgota nos seus primeiros dois ou três contos. Tudo o resto são variações em forma de “monólogos sobre a busca da felicidade, a solidão, a passagem do tempo, os sonhos e as desilusões, as súbitas mudanças, o envelhecimento, o medo, o espanto, as novas moradas, o deslaçar dos afectos, o amor e a crueldade”, como se pode ler na contracapa.
Distribuídas por cinco capítulos, ao todo são quarenta e nove as histórias aqui narradas, sempre na primeira pessoa, adoptando sempre um nome próprio e nelas se reconhecendo, com frequência, pedaços da vida de António Mota. Um autor particularmente ligado à literatura infanto-juvenil, um dos mais prolíficos neste particular segmento e que, a comemorar 40 anos de carreira literária, se decidiu finalmente a escrever para adultos. Se a aspiração é legítima, o resultado é desanimador.
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