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segunda-feira, 2 de março de 2020

EXPOSIÇÃO DE PINTURA: Álvaro Pirez d’Évora – Um pintor português em Itália nas vésperas do Renascimento


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EXPOSIÇÃO DE PINTURA: Álvaro Pirez d’Évora – Um pintor português em Itália nas vésperas do Renascimento 
Museu Nacional de Arte Antiga 
29 Nov 2019 > 15 Mar 2020


Álvaro Pirez d’Évora é o primeiro pintor português de quem se conhecem obras seguramente da sua autoria. Nascido em Évora por volta de 1370/1380, o artista cedo partiu para Itália, provavelmente no início do século XV. Não existe qualquer registo sobre o pintor em Portugal, mas a partir de 1410 é documentado em quatro cidades da Toscana: Prato, Lucca, Pisa e Volterra. A sua formação foi moldada pelo estilo sólido dos pintores de tradição trecentista, seguidores distantes de Giotto, mas assimilou progressivamente a elegância dos pintores florentinos do tardo-gótico. É justamente a este pintor de considerável talento e injustamente negligenciado que o Museu Nacional de Arte Antiga, em colaboração com o Polo Museale della Toscana, dedica a sua mais recente exposição. Reunindo 31 pinturas do artista, produzidas entre 1410 e 1434, a mostra distribui-se por sete grandes núcleos e inclui ainda um conjunto de outras obras criteriosamente seleccionadas, da autoria de artistas italianos e ibéricos seus contemporâneos, num contexto das trocas artísticas no Mediterrâneo ocidental nos inícios do século XV.

A primeira sala desta exposição leva o visitante ao encontro dos Grandes Mestres que influenciaram a pintura de Álvaro Pirez d’Évora, sobretudo Gherardo Starnina, de quem assimilou o seu especial cromatismo, criativo e profano. O artista português forma-se igualmente na admiração das esculturas de Lorenzo Ghiberti e das pinturas de Lorenzo Monaco, os dois outros principais pintores florentinos desta época. No decurso da década de 1420, define o seu estilo graças ao naturalismo e às preciosidades matéricas de Gentile da Fabriano, suavizando as carnações e regularizando as formas. Nisto terá sido influenciado também por Masolino e Fra Angelico. As duas salas seguintes convidam a visitar a bacia do Mediterrâneo, uma espécie de “grande planície líquida sem fim” e Portugal, dando a ver o quão intensas e particularmente estreitas eram as relações entre a Península Ibérica e a Itália nos vários domínios. 

As últimas quatro salas constituem uma viagem pelas cidades italianas onde a obra de Álvaro Pirez d’Évora se encontra documentada. Em Lucca percebemos a importância da obra de Gherardo Starnina e a forma como transmite o gosto ibérico da sua pintura ao pisano Battista de Gerio e ao próprio Pirez. Em Pisa, para além de uma riquíssima colecção de bandeiras de confrarias, contactamos com a obra de Taddeo di Bartolo, que segundo fontes quatrocentistas credíveis foi o mestre do pintor português. Volterra e Prato oferecem-nos trabalhos de Priamo della Quercia, Francesco di Valdambrino, Niccolò Gerini e Scolaio di Giovanni, com os quais Álvaro Pirez d’Évora colaborou. A pouco mais de uma semana do fim da exposição, vale a pena entrar nesta espécie de “cápsula do tempo”, acendendo à arte que se produzia na Itália em que se formou o primeiro pintor português e, em particular, à sua magnífica obra. A não perder!

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