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sábado, 15 de fevereiro de 2020

CINEMA: "A Ilha dos Silvos"



CINEMA: “A Ilha dos Silvos” / “La Gomera” 
Realização | Corneliu Porumboiu 
Argumento | Corneliu Porumboiu 
Fotografia | Tudor Mircea 
Montagem | Roxana Szel 
Interpretação | Vlad Ivanov, Catrinel Marlon, Rodica Lazar, Agustí Villaronga, Sabin Tambrea, István Teglas, Cristóbal Pinto, Antonio Buíl, George Pistereanu, David Agranov, Andrei Barbu, Andrei Ciopec, Sergiu Costache, Andrew Popescu, Julieta Szönyi, Dorin Zachei 
Produção | Patricia Poienaru, Marcela Ursu 
Roménia, França | 2019 | Comédia, Crime | 97 Minutos | M/14 
Cinema Dolce Espaço 
14 Fev 2020 | sex | 18:15


Autor dos muito estimáveis Bucareste 12:08” Cai a Noite em Bucareste”  e O Tesouro”, Corneliu Porumboiu muda completamente de rumo e de registo com “A Ilha dos Silvos”, engenhoso thriller rodado em parte na Roménia, mas com algumas sequências filmadas em La Gomera (que dá o nome ao título original), um enclave das Ilhas Canárias. Neste filme, Cristi, agente da polícia romena e, ao mesmo tempo, informador de um bando mafioso, procura aprender uma linguagem ancestral que lhe permitirá manter, de forma segura, a comunicação com os criminosos. Em causa está uma avultada soma de dinheiro, cujo paradeiro é do exclusivo conhecimento de Szolt, um enigmático industrial que se encontra preso.

Tráfico de drogas, uma maquia de 30 milhões de euros, traições cruzadas entre gangsters e polícias, obcessão por câmeras de vigilância, uma belíssima femme fatale, uma linguagem impensável, expressa em silvos a que alude o título em português e múltiplas referências cinéfilas, tanto ao film noir francês como aos westerns de John Ford, passando pela célebre cena do duche de “Psico”, são apenas alguns elementos de um complexo quebra-cabeças cuja última peça tem Singapura por cenário, num final, no mínimo, inesperado.

Em “A Ilha dos Silvos”, Porumboiu aposta na reciclagem dos elementos do cinema de género, subvertendo-os e atribuindo-lhes novos significados. A música adquire no filme uma enorme relevância, arrancando com Iggy Pop e o icónico “The Passenger”, mas podendo igualmente escutar-se Jeanne Balibar, Lola Beltrán e música clássica de Strauss. O argumento está muito bem escrito e a montagem obedece à apresentação das diversas personagens, em capítulos autónomos que se vão sucedendo cronologicamente, sendo o silvo uma delas. É natural uma certa estranheza face ao tema, tão diferente dos conflitos familiares nos quais o cinema romeno tem sido pródigo nos tempos mais recentes. Mas se se aceitar “mudar o chip”, veremos que o resultado é deveras estimulante.

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