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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Lugares
de Sophia”,
de António Jorge Silva, Duarte Belo
e Pedro Tropa
Centro Cultural de Lagos
14 Set > 26 Out 2019
Antes de se mostrar em Lisboa, onde
estará patente na ala Sul do claustro do antigo Convento do Carmo a
partir do próximo dia 12 de Novembro, a exposição “Lugares de
Sophia” pode ser vista no Centro Cultural de Lagos, cidade com a
qual Sophia estabeleceu uma relação de grande proximidade, onde
tinha casa de férias e descobriu o “Mediterrâneo banhado pelo
Atlântico”. Trata-se de um conjunto de 65 imagens, resultantes de
um convite e um desafio aos fotógrafos António Jorge Silva, Duarte
Belo e Pedro Tropa a que revisitassem os lugares de Sophia,
acrescentando-lhes, com o seu olhar próprio e poéticas diferentes,
outras vertentes e verdades que pudessem concorrer para uma inédita leitura da
poeta.
António Jorge Silva escolheu um verso
de Sophia que fala da alma e da maresia da sua metade. “As suas
fotografias têm a geometria da casa, a arquitectura da água e a
petrologia da rocha, que o interior impõe ao seu exterior”, lê-se
no texto “Olhar, Olhares” de José Manuel dos Santos, curador da
exposição juntamente com Federico Bertolazzi. A propósito dos trabalhos dos outros dois fotógrafos, são ainda dele as
seguintes palavras: “Pedro Tropa fez seu um verso dela que diz a
construção como promessa da destruição. No claro e no escuro das
suas imagens, o edifício coincide com a sua ruína e o mundo é uma
mão atravessada por uma escrita. (…) Duarte Belo guarda a memória
do único encontro que teve com ela. Foi em Tomar, no convento ainda
cheio de vértices e vultos templários – e dessa memória faz um
fio de Ariadne num labirinto de lugares iluminados pelo sol e pela
sombra das cores.”
Cada um dos três fotógrafos tem mais
olhares no seu olhar do que o olhar desse próprio olhar – e o
encontro de todos eles nesta exposição dá-nos uma multiplicação
e não uma soma. Cada um dos fotógrafos não olha apenas os lugares
da vida e da obra de Sophia com um olhar único e fitado. Cada um
deles olha esses lugares com o seu olhar e olha também, neles, o
olhar de Sophia a olhá-los. Além de Sophia e da sua obra vivida, o
que há de comum nas fotografias que se apresentam nesta exposição
é aquilo que ela descreve numa das suas “Histórias da Terra e do
Mar”: “Da ordem e do silêncio do universo erguia-se uma infinita
liberdade. Ela respirava essa liberdade que era a lei da sua vida, o
alimento do seu ser. A paz que a cercava era aberta e transparente. A
forma das coisas era uma grafia e uma escrita. Uma escrita que ela
não entendia mas reconhecia.” Como ela, com ela, nós reconhecemos
estas imagens, assim elas fossem escritas com a grafia do nosso
olhar.
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