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quarta-feira, 6 de novembro de 2019

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Lugares de Sophia"


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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Lugares de Sophia”,
de António Jorge Silva, Duarte Belo e Pedro Tropa
Centro Cultural de Lagos
14 Set > 26 Out 2019


Antes de se mostrar em Lisboa, onde estará patente na ala Sul do claustro do antigo Convento do Carmo a partir do próximo dia 12 de Novembro, a exposição “Lugares de Sophia” pode ser vista no Centro Cultural de Lagos, cidade com a qual Sophia estabeleceu uma relação de grande proximidade, onde tinha casa de férias e descobriu o “Mediterrâneo banhado pelo Atlântico”. Trata-se de um conjunto de 65 imagens, resultantes de um convite e um desafio aos fotógrafos António Jorge Silva, Duarte Belo e Pedro Tropa a que revisitassem os lugares de Sophia, acrescentando-lhes, com o seu olhar próprio e poéticas diferentes, outras vertentes e verdades que pudessem concorrer para uma inédita leitura da poeta.

António Jorge Silva escolheu um verso de Sophia que fala da alma e da maresia da sua metade. “As suas fotografias têm a geometria da casa, a arquitectura da água e a petrologia da rocha, que o interior impõe ao seu exterior”, lê-se no texto “Olhar, Olhares” de José Manuel dos Santos, curador da exposição juntamente com Federico Bertolazzi. A propósito dos trabalhos dos outros dois fotógrafos, são ainda dele as seguintes palavras: “Pedro Tropa fez seu um verso dela que diz a construção como promessa da destruição. No claro e no escuro das suas imagens, o edifício coincide com a sua ruína e o mundo é uma mão atravessada por uma escrita. (…) Duarte Belo guarda a memória do único encontro que teve com ela. Foi em Tomar, no convento ainda cheio de vértices e vultos templários – e dessa memória faz um fio de Ariadne num labirinto de lugares iluminados pelo sol e pela sombra das cores.”

Cada um dos três fotógrafos tem mais olhares no seu olhar do que o olhar desse próprio olhar – e o encontro de todos eles nesta exposição dá-nos uma multiplicação e não uma soma. Cada um dos fotógrafos não olha apenas os lugares da vida e da obra de Sophia com um olhar único e fitado. Cada um deles olha esses lugares com o seu olhar e olha também, neles, o olhar de Sophia a olhá-los. Além de Sophia e da sua obra vivida, o que há de comum nas fotografias que se apresentam nesta exposição é aquilo que ela descreve numa das suas “Histórias da Terra e do Mar”: “Da ordem e do silêncio do universo erguia-se uma infinita liberdade. Ela respirava essa liberdade que era a lei da sua vida, o alimento do seu ser. A paz que a cercava era aberta e transparente. A forma das coisas era uma grafia e uma escrita. Uma escrita que ela não entendia mas reconhecia.” Como ela, com ela, nós reconhecemos estas imagens, assim elas fossem escritas com a grafia do nosso olhar.

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