CINEMA | “Mulher em Guerra” /
“Kona fer í stríð”
Realização | Benedikt Erlingsson
Argumento | Benedikt Erlingsson,
Ólafur Egill Egilsson
Fotografia | Bergsteinn Björgúlfsson
Montagem | David Alexander Corno
Interpretação | Halldóra
Geirharðsdóttir, Jóhann Sigurðarson, Juan Camillo Roman Estrada,
Jörundur Ragnarsson, Iryna Danyleiko, Saga Garðarsdóttir, Sólveig Arnarsdóttir, Helga Braga Jónsdóttir, Vala Kristin Eiriksdottir
Produção | Benedikt Erlingsson,
Carine Leblanc, Marianne Slot
Islândia, Ucrânia, França | 2018
| Aventura, Comédia, Drama | 101 Minutos | Maiores 12 anos
Cinema Dolce Espaço
30 Nov 2019 | sab | 16h00
Sob a capa de um quotidiano tranquilo, Halla leva uma vida dupla como fervorosa activista pelas
causas ambientais. As pessoas conhecem-na apenas como sendo “a
mulher da montanha”, mas a verdade é que, sozinha, desenvolve uma
campanha contra a indústria do alumínio dominada por capitais chineses. Com o passar do
tempo, as suas acções vão subindo de tom e, de meros actos de
vandalismo, passam à sabotagem pura e dura. Apesar do seu
“contributo” para travar as negociações entre o Governo da
Islândia e a empresa, com vista à ampliação das instalações, Halla persiste em lutar e prepara-se para levar a cabo o
maior e mais espectacular atentado de todos. Porém, é nessa altura que
recebe uma inesperada mensagem que a obrigará a repensar por
completo as suas atitudes.
Ideias e muita imaginação é o que
não falta nesta história profundamente feminista e ecologista.
Terceira longa-metragem do islandês Benedikt Erlingsson, “Mulher
em Guerra” é um belo filme que nos chega desse país que se negou
a resgatar os bancos que quase o arruinaram, metendo os responsáveis
na cadeia, e que se permite dar-nos lições – ainda que não se
descortine qualquer intenção doutrinária no filme – sobre
consciência global, sustentabilidade e, em última análise,
humanidade. Narrado de um ângulo bastante original – através do
qual a consciência de Halla, a protagonista, ressoa no ecrã
enfatizando de forma constante as suas emoções primárias -, é
notório, desde o primeiro plano, o pulso do realizador. É ele que
nos oferece uma esclarecedora carta de recomendações desta
particular heroína, cujos valores guardam uma estreita relação com
a outra grande protagonista feminina do filme: A Terra-Mãe.
Focando-se nas ameaças que pairam sobre o ambiente, Benedikt
Erlingsson coloca nas mãos do espectador a possibilidade de decidir
entre o que é ou não correcto fazer e sobre a própria legitimidade
dos actos e das suas consequências, confrontando-o com a postura da
protagonista – mera representação do herói mascarado ou uma
oportunidade para ampliar as acções individuais. Dentro daquilo que
poderíamos designar por “politicamente correcto”, o filme
desenvolve-se segundo uma linha dramática, do ponto de vista formal,
mas não descarta uma boa dose de humor, particularmente presente no turista azarado ou no tratamento original dado à belíssima música que envolve o filme. Recolhendo uma boa parte do
seu encanto da representação de Halldóra Geirharðsdóttir, feita
de empenho e sobriedade, num papel exigente e de não fácil
execução, “Mulher em Guerra” é um filme inspirador, merecedor do nosso
olhar atento e da nossa incondicional adesão.
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