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sábado, 30 de novembro de 2019

CINEMA: "Mulher em Guerra"



CINEMA | “Mulher em Guerra” / “Kona fer í stríð”
Realização | Benedikt Erlingsson
Argumento | Benedikt Erlingsson, Ólafur Egill Egilsson
Fotografia | Bergsteinn Björgúlfsson
Montagem | David Alexander Corno
Interpretação | Halldóra Geirharðsdóttir, Jóhann Sigurðarson, Juan Camillo Roman Estrada, Jörundur Ragnarsson, Iryna Danyleiko, Saga Garðarsdóttir, Sólveig Arnarsdóttir, Helga Braga Jónsdóttir, Vala Kristin Eiriksdottir
Produção | Benedikt Erlingsson, Carine Leblanc, Marianne Slot
Islândia, Ucrânia, França | 2018 | Aventura, Comédia, Drama | 101 Minutos | Maiores 12 anos
Cinema Dolce Espaço
30 Nov 2019 | sab | 16h00


Sob a capa de um quotidiano tranquilo, Halla leva uma vida dupla como fervorosa activista pelas causas ambientais. As pessoas conhecem-na apenas como sendo “a mulher da montanha”, mas a verdade é que, sozinha, desenvolve uma campanha contra a indústria do alumínio dominada por capitais chineses. Com o passar do tempo, as suas acções vão subindo de tom e, de meros actos de vandalismo, passam à sabotagem pura e dura. Apesar do seu “contributo” para travar as negociações entre o Governo da Islândia e a empresa, com vista à ampliação das instalações, Halla persiste em lutar e prepara-se para levar a cabo o maior e mais espectacular atentado de todos. Porém, é nessa altura que recebe uma inesperada mensagem que a obrigará a repensar por completo as suas atitudes.

Ideias e muita imaginação é o que não falta nesta história profundamente feminista e ecologista. Terceira longa-metragem do islandês Benedikt Erlingsson, “Mulher em Guerra” é um belo filme que nos chega desse país que se negou a resgatar os bancos que quase o arruinaram, metendo os responsáveis na cadeia, e que se permite dar-nos lições – ainda que não se descortine qualquer intenção doutrinária no filme – sobre consciência global, sustentabilidade e, em última análise, humanidade. Narrado de um ângulo bastante original – através do qual a consciência de Halla, a protagonista, ressoa no ecrã enfatizando de forma constante as suas emoções primárias -, é notório, desde o primeiro plano, o pulso do realizador. É ele que nos oferece uma esclarecedora carta de recomendações desta particular heroína, cujos valores guardam uma estreita relação com a outra grande protagonista feminina do filme: A Terra-Mãe.

Focando-se nas ameaças que pairam sobre o ambiente, Benedikt Erlingsson coloca nas mãos do espectador a possibilidade de decidir entre o que é ou não correcto fazer e sobre a própria legitimidade dos actos e das suas consequências, confrontando-o com a postura da protagonista – mera representação do herói mascarado ou uma oportunidade para ampliar as acções individuais. Dentro daquilo que poderíamos designar por “politicamente correcto”, o filme desenvolve-se segundo uma linha dramática, do ponto de vista formal, mas não descarta uma boa dose de humor, particularmente presente no turista azarado ou no tratamento original dado à belíssima música que envolve o filme. Recolhendo uma boa parte do seu encanto da representação de Halldóra Geirharðsdóttir, feita de empenho e sobriedade, num papel exigente e de não fácil execução, “Mulher em Guerra” é um filme inspirador, merecedor do nosso olhar atento e da nossa incondicional adesão.

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