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segunda-feira, 1 de abril de 2019

CINEMA: "Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos"



CINEMA: “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”
Realização | João Salaviza, Renée Nader Messora
Argumento | João Salaviza, Renée Nader Messora
Fotografia | Renée Nader Messora
Montagem | José Edgar Feldman, João Salaviza, Renée Nader Messora
Interpretação | Henrique Ihjãc Krahô, Raene Kôtô Krahô
Produção | Ricardo Alves Jr., Thiago Macêdo Correia
Portugal, Brasil | 2018 | Drama | 114 minutos | M/12
UCI Arrábida 20 | Sala 8
01 Abr 2019 | seg | 19:05


Perseguindo um sonho que o atormenta há já algum tempo, Henrique Ihjãc Krahô deixa a aldeia a meio da noite e dirige-se à cascata onde sabe que o aguarda o espírito do pai. A mensagem do defunto é clara: pretende que a sua família organize o banquete funerário, dando por finalizado o luto e libertando o espírito para seguir o seu caminho rumo à aldeia dos mortos. Não se sentindo preparado para abandonar tão cedo a memória do pai, Ihjãc resiste ao pedido. Acima de tudo, não quer partilhar este encontro com o resto da aldeia, uma vez que isso seria reconhecer que se tornou num xamã, capaz de comunicar com o mundo dos mortos. Tomado por um enorme conflito interior, o homem adoece e decide abandonar a sua família, escondendo-se na cidade até que o seu espírito-guia o esqueça.

Embora o pareça, “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos” não é um documentário. O filme retrata a vida de Ihjãc e da sua família em Pedras Brancas de forma naturalista, dando a ver um mundo onde as tradições ancestrais permanecem vivas e funcionam como sustentáculo indispensável à vida da comunidade Krahô. É só quando Ihjãc chega à cidade que a miséria se apodera de si, ao ver-se rejeitado por uma sociedade preconceituosa e xenófoba. A mensagem torna-se bastante explícita, os índios desejando apenas que sejam deixados em paz.

A narrativa desenvolve-se sem grandes rodeios, explicando com naturalidade o modo de vida Krahô, assente mais na partilha e menos naquilo que possam receber. Conversam, falam dos seus problemas e traçam objectivos de acordo com os seus próprios preceitos. Tudo isto com a câmera introduzida de forma familiar, sem guardar distâncias, sem espiar. “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos” não nos traz nada de verdadeiramente original, mas o retrato que faz desta comunidade e dos seus traços identitários é de tal forma sincera e sensível que fazem deste um filme de visão obrigatória!

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