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terça-feira, 5 de março de 2019

LUGARES: Igreja de S. Francisco, Évora


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LUGARES: Igreja de S. Francisco
Praça 1º de Maio, Évora


Submetida recentemente a extensas obras de reabilitação que lhe devolveram toda a sua dignidade funcional e patrimonial, a Igreja de S. Francisco é um local de visita obrigatória numa escapadinha a Évora, por mais curta que seja. Para além da Igreja, o visitante tem ainda a possibilidade de conhecer a insólita e perturbadora Capela dos Ossos, o valioso espólio do Núcleo Museológico e ainda um conjunto enorme de presépios que integram a Colecção Canha da Silva.

Os primeiros franciscanos terão chegado a Évora em 1224, vindos da Galiza. Do primitivo convento apenas restam vestígios da igreja gótica e uma parte do claustro, edificado em 1376. O interesse dos reis em instalar o Paço em Évora, numa parte do convento, trouxe como contrapartida a reedificação de uma nova igreja sobre a antiga, de modo a conferir-lhe a dignidade e beleza consentâneas com o palácio real. Começadas as obras com D. Afonso V, tiveram especial desenvolvimento com D. João II, até alcançarem com D. Manuel a magnificência arquitectónica e artística. Conhecido no século XVI como o Convento de Ouro, foi difícil manter tais prerrogativas com o abandono do Paço até que Filipe II acabou por entregá-lo aos religiosos.

A extinção das ordens religiosas em 1834 ditou o rápido declínio do edifício conventual. Mantiveram-se a igreja e a Capela dos Ossos, devido em parte à Ordem Terceira, à intensa devoção popular ao Senhor dos Passos e à passagem da sede da paróquia de São Pedro para a igreja. Em 1892-95 grande parte do arruinado convento foi vendida em hasta pública ao benemérito eborense Francisco Barahona, que mandou construir as habitações ainda hoje existentes e colaborou generosamente no restauro da igreja e da Capela dos Ossos. Esta última, construída no século XVII, segue um modelo então em voga, com a intenção de provocar pela imagem a reflexão sobre a transitoriedade da vida humana e o consequente compromisso de uma permanente vivência cristã. Tanto as paredes como os pilares estão revestidos de alguns milhares de ossos e crânios, provenientes dos espaços de enterramento ligados ao convento.

Com as obras de 2014-2015 recuperou-se o espaço do antigo dormitório dos frades, situado sobre a Sala do Capítulo e a Capela dos Ossos, inutilizado desde os finais do século XIX. Aí se instalou um Núcleo Museológico, a partir dos acervos do próprio convento e de outros conventos franciscanos eborenses extintos. Dele fazem parte obras de pintura e escultura, uma colecção de ourivesaria sacra, paramentaria e objectos devocionais. Após a requalificação da igreja, foram também abertas ao público as galerias superiores sobre as capelas laterais. Seguindo a espiritualidade franciscana, aí se encontram expostos os presépios da grande colecção particular do Major-General Fernando Canha da Silva e sua esposa D. Fernanda Canha da Silva, mercê da sua formação e sensibilidade religiosas e de um protocolo com a Igreja de São Francisco. Nas duas galerias, podem ver-se algumas centenas de presépios de variadas proveniências, quer de sabor popular, quer de evidente labor artístico.

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