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terça-feira, 11 de setembro de 2018

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Lisboa, Cidade Triste e Alegre: Arquitectura de um Livro”


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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Lisboa, Cidade Triste e Alegre: Arquitectura de um Livro”,
de Victor Palla e Manuel Costa Martins
Museu de Lisboa – Palácio Pimenta
12 Abr > 02 Dez 2018


“(...) o retrato da Lisboa humana e viva através dos seus habitantes – de dia, de noite, nos seus bairros, na Baixa, no Tejo – revelação ora alegre ora triste, mas sempre terna e sentida, da vida de uma cidade. Talvez por isso fosse mais adequado chamar-lhe «poema gráfico» - até porque o arranjo das imagens e a própria composição do livro têm, no seu grafismo, o fluir, a alternância de ritmos, as ressonâncias de uma obra poética.”


Em 1956, Victor Palla (1922-2006) e Manuel Costa Martins (1922-1996) começaram a retratar o centro de Lisboa de modo sistemático, com o propósito de criar uma perspectiva documental, mas também artística, de uma cidade dinâmica e autêntica, tal qual os seus olhos de lisboetas dedicados a viam. Corolário do trabalho de três anos desta dupla de arquitectos e fotógrafos, o livro “Lisboa, Cidade Triste e Alegre” foi editado em 1959 e nele se revela uma cidade escondida, simultaneamente triste e alegre. Quase seis décadas depois, a Câmara Municipal de Lisboa dedica ao assunto um olhar aprofundado, promovendo no Palácio Pimenta a primeira exposição retrospectiva sobre o mais importante livro de fotografia do século XX em Portugal, revelando fotografias e documentos não editados no livro e nunca antes vistos pelo público.

Comissariada por Rita Palla Aragão, “Lisboa, Cidade Triste e Alegre: Arquitectura de um Livro” ultrapassa largamente o domínio da fotografia, revelando grande parte do processo criativo da obra, da sua concepção à produção, divulgação e distribuição. Numa primeira sala, o tema é “Fotografar” e aí pode o visitante perceber que os autores fizeram um registo exaustivo de todo o processo fotográfico e asseguraram-se que a história do seu percurso ficaria para sempre inscrita no próprio livro. A obra é, por isso, uma memória descritiva, na verdadeira acepção de ambas as palavras. Segue-se “Seleccionar”, na qual se revela a complexidade do processo de selecção de fotografias a integrar no livro, sendo permitido ao visitante “espreitar” um pouco do universo que serviu de base ao livro, abrindo-se a porta do mundo indiscreto das imagens inéditas.

Na sala seguinte, o tema “Projectar” mostra ao visitante que o desenho foi o suporte da criação gráfica. As fotografias foram ampliadas e desenhadas, o índice escrito e desenhado e toda a concepção do livro foi previamente estruturada sobre papel, conforme os elementos relativos a essa complexa maquete tão bem demonstram. O núcleo “Construir” mostra projecções de gastos e proveitos, orçamentos, adjudicações e pagamentos, evidenciando o quanto a dupla dependeu apenas de si própria na concepção e materialização do projecto e de como soube tirar partido dos meios disponíveis. “Distribuir”, “Divulgar (e expor)” e “As edições” são, a par de “1982” - ano em que a galeria Ether inaugurou uma exposição sobre o “Lisboa, Cidade Triste e Alegre”, designada por “Lisboa e Tejo e Tudo” -, de uma sala dedicada ao belíssimo Prefácio de José Rodrigues Miguéis e uma outra ainda, onde corre um documentário sobre a obra, os núcleos finais duma exposição única, dedicada a uma obra absolutamente genial.

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