[Clicar na imagem para ver mais fotos]
EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Lisboa,
Cidade Triste e Alegre: Arquitectura de um Livro”,
de Victor Palla e Manuel Costa Martins
Museu de Lisboa – Palácio Pimenta
12 Abr > 02 Dez 2018
“(...) o retrato da Lisboa humana e
viva através dos seus habitantes – de dia, de noite, nos seus
bairros, na Baixa, no Tejo – revelação ora alegre ora triste, mas
sempre terna e sentida, da vida de uma cidade. Talvez por isso fosse
mais adequado chamar-lhe «poema gráfico» - até porque o arranjo
das imagens e a própria composição do livro têm, no seu grafismo,
o fluir, a alternância de ritmos, as ressonâncias de uma obra
poética.”
Em 1956, Victor Palla (1922-2006) e
Manuel Costa Martins (1922-1996) começaram a retratar o centro de
Lisboa de modo sistemático, com o propósito de criar uma
perspectiva documental, mas também artística, de uma cidade
dinâmica e autêntica, tal qual os seus olhos de lisboetas dedicados
a viam. Corolário do trabalho de três anos desta dupla de
arquitectos e fotógrafos, o livro “Lisboa, Cidade Triste e Alegre”
foi editado em 1959 e nele se revela uma cidade escondida,
simultaneamente triste e alegre. Quase seis décadas depois, a Câmara
Municipal de Lisboa dedica ao assunto um olhar aprofundado,
promovendo no Palácio Pimenta a primeira exposição retrospectiva
sobre o mais importante livro de fotografia do século XX em
Portugal, revelando fotografias e documentos não editados no livro e
nunca antes vistos pelo público.
Comissariada por Rita Palla Aragão,
“Lisboa, Cidade Triste e Alegre: Arquitectura de um Livro”
ultrapassa largamente o domínio da fotografia, revelando grande
parte do processo criativo da obra, da sua concepção à produção,
divulgação e distribuição. Numa primeira sala, o tema é
“Fotografar” e aí pode o visitante perceber que os autores
fizeram um registo exaustivo de todo o processo fotográfico e
asseguraram-se que a história do seu percurso ficaria para sempre
inscrita no próprio livro. A obra é, por isso, uma memória
descritiva, na verdadeira acepção de ambas as palavras. Segue-se
“Seleccionar”, na qual se revela a complexidade do processo de
selecção de fotografias a integrar no livro, sendo permitido ao
visitante “espreitar” um pouco do universo que serviu de base ao
livro, abrindo-se a porta do mundo indiscreto das imagens inéditas.
Na sala seguinte, o tema “Projectar”
mostra ao visitante que o desenho foi o suporte da criação gráfica.
As fotografias foram ampliadas e desenhadas, o índice escrito e
desenhado e toda a concepção do livro foi previamente estruturada
sobre papel, conforme os elementos relativos a essa complexa maquete
tão bem demonstram. O núcleo “Construir” mostra projecções de
gastos e proveitos, orçamentos, adjudicações e pagamentos,
evidenciando o quanto a dupla dependeu apenas de si própria na
concepção e materialização do projecto e de como soube tirar
partido dos meios disponíveis. “Distribuir”, “Divulgar (e
expor)” e “As edições” são, a par de “1982” - ano em que
a galeria Ether inaugurou uma exposição sobre o “Lisboa, Cidade
Triste e Alegre”, designada por “Lisboa e Tejo e Tudo” -, de
uma sala dedicada ao belíssimo Prefácio de José Rodrigues Miguéis
e uma outra ainda, onde corre um documentário sobre a obra, os
núcleos finais duma exposição única, dedicada a uma obra absolutamente
genial.
Sem comentários:
Enviar um comentário