CINEMA: “A Eterna Desculpa” /
“Nagai iiwake”
Realização | Miwa Nishikawa
Argumento |
Miwa Nishikawa
Fotografia |Yutaka Yamazaki
Montagem | Ryûji
Miyajima
Interpretação | Masahiro Motoki, Pistol Takehara, Eri
Fukatsu, Kenshin Fujita, Tamaki Shiratori, Sôsuke Ikematsu, Haru
Kuroki, Keiko Horiuchi, Maho Yamada
Produção | Takashi Iwamura,
Kazumi Kawashiro, Kiyoto Matsui, Shûichi Nagasawa, Yasuhito Nakae,
Asako Nishikawa, Tetsuo Ohta, Akihiko Yose
Japão | 2016 | Drama |
124 minutos | M/12
Cinema Dolce Espaço, Ovar
15 Jun 2018 | sex
| 16:00
A aclamada escritora e realizadora Miwa
Nishikawa regressa ao grande ecrã com “A Eterna Desculpa”, um
filme baseado no seu romance homónimo e no qual Sachio Kinugasa, um
escritor arrogante que acaba de perder a esposa num acidente de
autocarro, tem de fingir a dor que todos esperam dele. A verdade é
que há muito que o amor no seu casamento tinha terminado e o “luto”
é como que um jogo devidamente orquestrado para manter as
aparências. Tudo começa a mudar no dia em que conhece Yoichi Omiya,
camionista, cuja esposa morreu no mesmo acidente, deixando-o a braços
com a educação dos seus filhos. É, pois, chegada a hora de fazer
opções verdadeiramente difíceis.
Calmo e subtil, “A Eterna Desculpa” evita da melhor forma o sentimentalismo gratuito. Embora lide com matérias tão delicadas como a dor, o luto ou as sombras do passado, o filme não é uma simples jornada redentora, antes guarda o devido distanciamento na forma como aborda a complexidade e variedade das relações humanas através duma trama surpreendentemente dura. Focando-se nas diferenças entre Sachio e Yoichi e no vínculo com as crianças, o filme estabelece uma dinâmica profundamente envolvente que esbate a previsível dicotomia entre os dois homens.
Calmo e subtil, “A Eterna Desculpa” evita da melhor forma o sentimentalismo gratuito. Embora lide com matérias tão delicadas como a dor, o luto ou as sombras do passado, o filme não é uma simples jornada redentora, antes guarda o devido distanciamento na forma como aborda a complexidade e variedade das relações humanas através duma trama surpreendentemente dura. Focando-se nas diferenças entre Sachio e Yoichi e no vínculo com as crianças, o filme estabelece uma dinâmica profundamente envolvente que esbate a previsível dicotomia entre os dois homens.
Mas é em Sachio que as atenções se
irão centrar por inteiro, apresentando-o logo de início como um
homem repulsivo, com um enorme ego e uma total ausência de respeito
pelo outro, acabando por emergir como uma figura agradável e
envolvente. No papel principal vemos Masahiro Motoki, actor que tinha
já surpreendido com a extraordinária interpretação dum aspirante
a violoncelista que acaba como agente funerário em “A Partida”,
obra que, em 2009, conquistou o Óscar de Melhor Filme de Língua
Estrangeira. Ele volta a ter aqui uma prestação exemplar,
absolutamente crível e comovente, sem jamais dar a ideia do
“canalha” que apreende as habituais lições de vida. Explorando
os limites da dor e do seu impacto, “A Eterna Desculpa” é um
momento de cinema de enorme qualidade e a confirmação do talento de
Miwa Nishikawa, tanto atrás das câmaras quanto na delicada arte de
escrever.
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