EXPOSIÇÃO: “Ribeira Negra –
Genealogia e Processo”,
de Júlio Resende
Museu e Igreja da Misericórdia do
Porto
23 Mar > 18 Mai 2018
De Outubro de 2017 a Outubro de 2018
celebra-se o centenário do nascimento de Júlio Resende, ocasião de
grande relevo cultural cujo programa integra diversas iniciativas em
vários pontos do país. Depois de ter sido possível apreciar as
exposições “A Experiência do Lugar – Desenho de Júlio
Resende” e “O Sentido da Viagem”, respectivamente na Oliva
Creative Factory, em S. João da Madeira, e na Casa da Cultura de
Estarreja, tempo agora para falar de “Ribeira Negra - Genealogia e Processo”, exposição que a Santa Casa da Misericórdia do
Porto, em colaboração com o Lugar do Desenho - Fundação Júlio
Resende, inaugurou na passada sexta-feira, no Museu e Igreja da
Misericórdia do Porto.
Os lugares nunca foram indiferentes a
Júlio Resende, que neles soube colher a marca das suas comunidades e
os sinais de um destino humano, cumprido nas actividades quotidianas e
na relação telúrica e cósmica. A curiosidade face ao meio
envolvente e a capacidade de sugerir a vivência dos sítios e a
densidade das paisagens, exigiram exercícios formais e
reinterpretações visuais que acrescentam, ao valor documental, a
dimensão plástica e estética. Esta exposição, em particular,
revisita o projecto “Ribeira Negra” através dos estudos e dos materiais que ilustram eficazmente o processo de trabalho de Júlio Resende, dando-nos igualmente uma visão abreviada das
problemáticas que sempre mobilizaram o artista e revelando alguns dos
traços mais significativos da sua produção.
Composta por alguns estudos e trabalhos
executados entre 1979 e 1986, e que ilustram o processo que o artista
desenvolveu para criar a obra “Ribeira Negra”, a exposição
evidencia a existência de duas “Ribeiras Negras”, uma
integralmente trabalhada em atelier e que pode ser aqui apreciada e a outra, painel de azulejos de
grandes dimensões, peça única de enorme qualidade e significado, que desde 21 de Junho de 1987 faz parte do património da cidade, encontrando-se implantada a pouco mais de 500 metros do MMIPO.
“Ambas possuem uma personalidade própria, não podendo, por isso,
considerar-se a primeira um estudo preparatório da segunda, ainda
que a segunda não possa ser entendida à margem da consideração da
primeira, de que descende”, conforme refere o pintor. O público
pode ainda tomar contacto com os materiais utilizados na realização
da obra e algumas peças em grés, parte do processo de
experimentação do artista.
Mas esta visita à Exposição não
ficaria completa sem a visualização do extraordinário painel. Estendendo-se por
uma área de um pouco mais de duzentos metros quadrados e sendo
formado por cerca de 1800 azulejos em grés, o painel “Ribeira
Negra” ocupa uma boa parte
do muro de suporte, no trecho da Avenida Gustave Eiffel, entre o
túnel da Ribeira e o tabuleiro inferior da Ponte D. Luis I.
Autêntico e sentido manifesto em prol da dignificação da vida,
“Ribeira Negra” exalta a dignidade das gentes desta zona da
cidade, o seu estoicismo e coragem a sua resiliência e força de viver. A visita a ambos os conjuntos é mandatória!
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