EXPOSIÇÃO: “O Céu é um
Grande Espaço”,
De Marisa Merz
Museu de Arte Contemporânea de
Serralves
19 Jan > 22 Abr 2018
O Museu de Arte Contemporânea de
Serralves apresenta, até ao próximo dia 22 de Abril, uma exposição
retrospetiva da pintora e escultora italiana Marisa Merz (1926,
Turim, Itália). Organizada pelo Hammer Museum, Los Angeles, e pelo
The Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, "The Sky is a Great
Space” é agora apresentada na Europa em colaboração com o Museu
de Serralves e o Museum der Moderne Salzburg, Áustria. A exposição
reúne cinco décadas de obras da artista e inclui as primeiras
experiências de Merz no contexto da Arte Povera com materiais e
processos não tradicionais; as cabeças e rostos enigmáticos que
criou nas décadas de 1980 e 1990; e as instalações que conciliam a
intimidade com uma escala impressionante.
Marisa Merz alcançou o
reconhecimento internacional como membro do círculo de artistas
associados à Arte Povera no final da década de 1960. Movimento de
vanguarda que rejeitou a riqueza material da Itália a favor de
materiais "pobres”, a Arte Povera foi identificada com o
radicalismo do movimento estudantil, mas proclamou não ter um credo
estilístico ou ideológico, exceto a negação dos códigos
existentes e das limitações do mundo da arte. A obra mais antiga de
Merz, iniciada cerca de 1966 na casa que partilhava com o marido, o
artista Mario Merz, é Living Sculpture, um emaranhado de alumínio
modelado pendurado do teto que combina arestas metálicas afiadas e
ásperas com contornos suaves e biomórficos, expandindo o conceito
de "mobile” até se tornar um colosso.
No final da década de 1960, Merz
passou a criar uma série de obras poderosas a partir de materiais
não tradicionais que tomavam por referência a sua vida familiar e a
tradição italiana mais vasta do polimaterialismo: esculturas de
cobertores enrolados amarrados com fio de nylon que eram usadas
ocasionalmente como adereços nas performances que o marido fazia; um
baloiço de contraplacado para a filha que alia o rigor da escultura
à brincadeira jovial; e uma série de esculturas de fio de nylon
tricotado, incluindo os sapatos que a própria artista às vezes
usava. Na década de 1970, as instalações típicas de Merz em
materiais pobres — delicado fio de cobre, taças de água salgada,
agulhas de tricô — tornaram-se cada vez mais complexas. Após
1975, a artista começou a esculpir uma série de pequenas cabeças,
muitas vezes modeladas em barro não cozido. Estas foram apresentadas
na década de 1980 e tornaram-se emblemáticas da sua prática
artística e dos seus trabalhos mais tardios.
Nas últimas duas décadas, a obra
de Merz tornou-se ainda maior e mais complexa. As peças individuais
continuam a ser integradas em instalações multimédia de tamanho e
complexidade variável. A sua pintura e a obra gráfica também se
tornaram mais elaboradas, combinando elementos de colagem e diversos
materiais, incluindo fita adesiva, espelhos, molas para papel, tampas
de garrafas e pigmentos metálicos, assim como um grupo recente de
grandes pinturas de anjos alados, que contrastam a impressionante
beleza com uma surpreendente ausência de sentimentalismo.
[Texto extraído do catálogo da exposição, em https://www.serralves.pt/pt/actividades/marisa-merz-o-ceu-e-um-grande-espaco/]
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