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quinta-feira, 4 de setembro de 2025

EXPOSIÇÃO: “Objeto, Corpo, Espaço: A Revisão dos Géneros Artísticos a partir da Década de 1960”



EXPOSIÇÃO: “Objeto, Corpo, Espaço: A Revisão dos Géneros Artísticos a partir da Década de 1960”
Vários artistas
MAC/CCB – Museu de Arte Contemporânea e Centro de Arquitetura
Exposição permanente


A arte das segundas vanguardas do século XX — surgidas a partir da década de 1960 na Europa e nos Estados Unidos, como na América Latina — retoma a missão essencial de repensar o objecto artístico, questionando os seus limites, os seus processos criativos e a sua relação com o espectador. Este movimento não se traduz numa simples rejeição das formas tradicionais, mas numa reinvenção das linguagens artísticas, que passa pela libertação da escultura do pedestal, colocando-a em diálogo directo com o espaço arquitectónico, e pela transformação radical da pintura, que ora se reduz aos seus elementos essenciais — cor e forma —, ora se funde com o quotidiano e com a vida real. O corpo torna-se protagonista, individual ou colectivo, e a fotografia emerge como meio privilegiado para registar acções, movimentos e relações com o mundo, marcando uma nova concepção da arte como experiência e intervenção, mais do que como objecto estético.

A exposição “Objeto, Corpo e Espaço”, que reúne obras das colecções Berardo, Holma/Ellipse, Teixeira de Freitas e CACE, propõe um percurso não cronológico que parte dos grandes movimentos da década de 1960 — como o minimalismo, a arte povera ou o conceptualismo –, mas que rapidamente se foca nas trajectórias singulares de artistas que, ao longo do tempo, se foram afastando de uma pertença formal a correntes ou grupos. Apesar da diversidade estética, é possível identificar temas transversais que estruturam o conjunto: a crescente internacionalização da produção artística e a abertura a geografias e culturas antes marginalizadas; e o forte envolvimento político de muitos artistas, que respondem aos conflitos sociais e às lutas pelos direitos civis e das minorias. Esta pluralidade de vozes e visões reflete uma arte comprometida, que se pensa como intervenção crítica no mundo e não apenas como expressão subjectiva.

A montagem da exposição favorece o diálogo entre obras diversas, que, apesar de contrastarem formalmente, partilham afinidades temáticas: a crítica ao colonialismo e ao racismo, a exploração da sexualidade, a evocação da memória, o uso da palavra como matéria artística ou a desconstrução do objecto enquanto centro da obra. Mais do que um percurso linear, cada sala da exposição constitui um ponto de interrogação, uma provocação ou uma narrativa aberta, desafiando o visitante a construir relações e leituras próprias. As obras expostas propõem uma visita por este percurso e os seus desenvolvimentos posteriores, encontrando também, noutras geografias e latitudes, diferentes declinações das mesmas preocupações críticas, oriundas de outros contextos culturais. Trata-se, portanto, de um convite a repensar o papel da arte como lugar de confronto, memória e transformação.

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