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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

EXPOSIÇÃO: “Impressões Digitais. Coleção MNAC”



EXPOSIÇÃO: “Impressões Digitais. Coleção MNAC”
Curadoria | Ana Guimarães, Emília Ferreira, Maria de Aires Silveira e Tiago Beirão Veiga
Museu Nacional de Arte Contemporânea
Exposição de longa duração (inauguração em 12.dez.2024)


Depois de sete exposições temporárias, entre 2018 e 2023, em que o Museu Nacional de Arte Contemporânea apresentou vários núcleos da sua colecção, privilegiando obras que nunca haviam sido expostas, a nova exposição de longa duração reúne autores conhecidos de todos e novas entradas na colecção, de artistas contemporâneos. Com curadoria de Ana Guimarães, Emília Ferreira, Maria de Aires Silveira e Tiago Beirão Veiga, esta exposição integra obras fundadoras da historiografia da arte portuguesa contemporânea, de 1850 à atualidade, entre as quais vários tesouros nacionais. Do retrato à paisagem, passando pela abstração e por várias outras linhas de experimentação artística, a colecção do MNAC tem vindo a crescer de forma exponencial nas últimas três décadas, na sua grande maioria graças aos criadores nacionais, com uma expressão crescente de artistas mulheres, o que constitui “um legado ímpar, histórico e emotivo, de algum modo tão identitário como as nossas impressões digitais”, conforme afirma Emília Ferreira, Diretora do Museu Nacional de Arte Contemporânea.

O percurso por estes 170 anos de história, patente no edifício Wilmotte, coloca em diálogo pintura, desenho, fotografia, gravura, escultura, instalação e vídeo. A maqueta do “Monumento ao prisioneiro político desconhecido”, de Jorge Vieira, abre-nos a porta de uma viagem por quase dois séculos da nossa melhor pintura e escultura. A peça constitui uma síntese linear possibilitada pelo bronze, solicitando uma participação dos espaços vazios que são sobrepostos e encadeados. É desde os pés cravados no chão, definindo também eles um espaço vazio emergente, que se projecta uma continuidade espacial ascendente travada pelo encadeamento que os filamentos de bronze impõem com uma certa tensão. A sugestão de um movimento ascendente, que é assim reprimido, encontra no título uma relação directa com o mundo. Está dado o mote para a exposição de longa duração, cujas obras se mostram além do seu significado artístico, abrindo-se nas suas dimensões políticas, sociais, culturais e pessoais.

Ao avançarem com esta “remodelação”, os curadores tiveram a sensibilidade de não a transformar numa simples troca das obras que fazem parte do espólio do Museu, fazendo com que o público não ficasse privado do contacto com os seus quadros favoritos e com os quais se relacionam de uma forma quase afectiva. Numa leitura muito pessoal, foi muito bom poder rever “Vendedeiras”, de Querubim Lapa, “Retrato de Manuel Mendes”, de Sarah Afonso, “A Sesta”, de José Malhoa, “O Grupo do Leão”, de Columbano Bordalo Pinheiro, “Éguas de Manada”, de Dordio Gomes, “Pousada de Ciganos”, de Eduardo Viana, “Jogo de Damas”, de Abel Manta, “Gadanheiro”, de Júlio Pomar, “O Poeta e o Anjo”, de Mário Eloy e a belíssima “Viúva da Nazaré”, fotografia de Varela Pècurto. “A Blusa Azul”, de Adriano Sousa Lopes, “Episódio com um Cão”, de António Dacosta, “Pequena Fiandeira Napolita”, de Silva Porto, “Lisboa e o Tejo; Domingo”, de Carlos Botelho e “Cabeça” de Guilherme Santa-Rita são gratas surpresas.

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