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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Cinco Relíquias, Cinco Fotógrafos”



EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Cinco Relíquias, Cinco Fotógrafos”,
de Pedro Ferreira, Lucília Monteiro, Beatriz Vilhena, Sebastiano Raimondo e Paulo Serafim
Coordenação | Paulo Catrica
Museu de São Roque
24 Jan > 13 Abr 2025


O costume de venerar relíquias dos santos cristãos remonta às catacumbas da Roma Antiga, onde se concentravam muitas sepulturas cristãs. Com o alargamento do Cristianismo a outras regiões e com a construção de igrejas, passaram a ser disseminadas parcelas de relíquias corporais ou, na falta destas, objetos relacionados com os santos. Já na Época Moderna, deve-se à Companhia de Jesus o grande incremento do culto às relíquias em Portugal. O Museu e a Igreja de São Roque alberga um dos maiores acervos de relíquias de santos, da doação de João de Borja às relíquias da Capela de São João Batista, inscritas em centenas de relicários. Através delas contam-se vidas, hagiografias e todo um percurso dos poderes na construção da santidade pessoal de cada um dos santos. Nelas se abrigam devoções, uma variada dimensão material, poderes de intercessão que só a fé explica. Na sua essência, percebe-se o quão profundamente enraizadas estão nas culturas do nosso território - procissões, romarias, rituais de toque e devoção, comidas, canções, tradições - e de que forma se destacam na paisagem.

O que são relíquias? Porquê relíquias? Que relíquias há? Que relação têm as relíquias com os relicários? E como se relacionam com as muitas vidas e virtudes dos santos? E com as suas imagens esculpidas e pintadas? E que ligação há entre devotos de santos, as suas relíquias e Deus? Em conclusão, como descrever e estudar a extraordinária colecção e relíquias da Igreja e Museu de São Roque? Estas são algumas das muitas perguntas que desenham o “reliquiarum”, projecto que o Museu vem construindo desde 2022 com inventariação, jornadas de estudo, exposições, edições e co-edições. Assente nas mais modernas tecnologias, boas práticas museológicas e na rede de contactos em torno do tema pelo mundo fora, o “reliquiarum” assume o objectivo de responder às dúvidas e questões de investigação que se levantam em torno desses pequenos e quase escondidos objectos de devoção, por meio de aproximações que partem de um inventário exaustivo e de cruzamentos de saberes da área das artes sociais e humanas.

A exposição “Cinco Relíquias, Cinco Fotógrafos” integra, através da fotografia, um olhar artístico contemporâneo sobre a relíquia. Desta forma, ao visitante é dada a possibilidade de perceber a relíquia enquanto imagem, através da aproximação fotográfica que possibilita o acesso a pormenores que à vista desarmada não são visíveis. Dentro da lógica de investigação do projeto “reliquiarum”, estas foram, em traços gerais, as dimensões de inquérito colocadas aos fotógrafos Pedro Ferreira, Lucília Monteiro, Beatriz Vilhena, Sebastiano Raimondo e Paulo Serafim, sob a coordenação de Paulo Catrica. A variedade de olhares de quem aponta, ilumina, dispara e edita, são a prova do interesse que o tema despertou nos artistas e que agora se oferece ao visitante em novas visões, novas perspectivas, novas linguagens artísticas, novas leituras, novas dimensões. De luz, paz, dignidade, força e vida se faz uma exposição que pede a cada um de nós que observe, veja, pense, sinta e se imagine como fotógrafo.

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