CINEMA: “Nosferatu”
Realização | Robert Eggers
Argumento | Robert Eggers
Fotografia | Jarin Blaschke
Montagem | Louise Ford
Interpretação | Lily-Rose Depp, Nicholas Hoult, Bill Skarsgård, Aaron Taylor-Johnson, Willem Dafoe, Emma Corrin, Ralph Ineson, Simon McBurney, Adéla Hesová, Milena Konstantinova, Stacy Thunes, Gregory Gudgeon, Robert Russell , Curtis Matthew, Claudiu Trandafir
Produção | John Graham, Jeff Robinov
Hungria, Reino Unidos, Estados Unidos | 2024 | Terror, Drama, Fantasia | 132 Minutos | Maiores de 16 anos
UCI Arrábida 20 – Sala 15
06 Jan 2025 | seg | 16:10
Há séculos que a Humanidade vem desenvolvendo um certo fascínio pela possibilidade da existência de vampiros, essas criaturas sombrias, sinistras e aterradoras, que carregam em si o peso de vidas passadas e surgem pela calada da noite para beber o sangue dos incautos. Entre a lenda e o mito, o cinema encontrou neles um verdadeiro filão, construindo à sua volta as mais fantásticas histórias em filmes que vão de “Drácula” a “Entrevista com o Vampiro”, de “Fome de Viver” a “Por Favor Não Me Morda o Pescoço”. F.W. Murnau, uma das mais importantes figuras da história da sétima arte, foi dos primeiros realizadores a explorar o assunto quando, em 1922, adaptou ao cinema “Drácula”, romance de Bram Stoker, oferecendo-nos esse monumento que é “Nosferatu”. Mais de um século depois, Robert Eggers, retoma a história de Murnau, regressando ao castelo de Nosferatu para nos oferecer um conto gótico onde se cruzam a obsessão, a luxúria e o terror.
O ano é o de 1838. Na sombria cidade alemã de Wisburg, Ellen Hutter sente a ameaça de uma praga prestes a declarar-se, ao ser visitada em sonhos por um vampiro. Quando o seu marido, um jovem corrector imobiliário, se desloca ao lúgubre castelo do Conde Orlok, algures nas paisagens geladas dos Cárpatos, Ellen percebe que o mal está a caminho e que só nela reside o poder de o destruir. Nesta história irreal entre uma jovem mulher assombrada e o terrível vampiro que se apaixona por ela, deixando no seu rasto um horror indescritível, a angústia existencial faz-se palpável, com os corpos a serem empurrados para as garras da paixão e da raiva, do desgosto e do medo. Depois de "O Farol" e "O Homem do Norte", Robert Eggers volta a presentear os fãs do género com um filme que se desdobra entre a emoção e o terror, ao encontro desses seres etéreos que desprezam as leis do tempo e da gravidade e se regem pela escuridão e a luz.
Robert Eggers tem revelado uma enorme capacidade para criar mundos completamente imersivos, capazes de transcender os limites da tela, e “Nosferatu” não é excepção. Na sua respiração cava ou na forma como se move, este Nosferatu existe para levar ao limite a pulsação do espectador e tornar audíveis os seus medos. Todavia, por mais impressionante que o filme seja de um ponto de vista técnico e estético, o vazio de conteúdo é gritante, notando-se que há ali muito pouco a dizer que não tenha já sido dito. Intrínseca ou extrínseca ao ser humano, a origem do mal fica de fora do argumento, ao passo que o embate entre a fé e a ciência, o papel sacrificial da mulher ou a ameaça pandémica, apenas ao de leve são aflorados. Previsível e falho de ideias, “Nosferatu” é um filme envolto num vazio confrangedor e que nos faz olhar para a obra-prima de Murnau com renovado fascínio e admiração.
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