EXPOSIÇÃO: “Os Frutos da Liberdade - Obra Gráfica de Vieira da Silva nos 50 anos do 25 de Abril de 1974”,
de Vieira da Silva
Biblioteca Pública Municipal de Vila Nova de Gaia
13 Set > 03 Nov 2024
Depois de ter passado pela Casa das Memórias, em Nisa, mas também pelo Centro de Artes das Caldas da Rainha e pelo Museu de Artes Decorativas de Viana do Castelo, a exposição itinerante “Os Frutos da Liberdade - Obra Gráfica de Vieira da Silva nos 50 anos do 25 de Abril de 1974” pode ser visitada por estes dias na Biblioteca Pública Municipal de Vila Nova de Gaia. Trata-se de uma mostra criada com o intuito de transmitir, através da criação plástica, os valores do Pluralismo, Diversidade e Iniciativa, característicos de uma sociedade livre e de um estado democrático. Inserida nas celebrações nacionais dos 50 anos da Democracia em Portugal, a exposição “Os Frutos da Liberdade”, pelas suas características, representa um importante contributo no sentido de promover o conhecimento de uma das maiores artistas plásticas portuguesas. Os valores da Liberdade são nesta mostra representados por quem viveu tempos onde esta não existia ou era limitada, algo impensável para as novas gerações.
A Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva tem no seu espólio uma significativa colecção de gravura e serigrafia de Maria Helena Vieira da Silva. Deste conjunto de trezentas e setenta e cinco obras foram selecionadas trinta e duas pela sua representatividade técnica - buril, ponta-seca, água-tinta, litografia e serigrafia; pela sua data de produção, que vai de 1961 a 1990, e pela temática: evocar a Liberdade, os seus valores e quem os defende - como a livre expressão e circulação. Este conjunto procura trazer ao público a personalidade discreta, assertiva e coerente da pintora Vieira da Silva, que viveu em exílio durante o período da Segunda Grande Guerra. Vieira da Silva dedica-se à aprendizagem da gravura no Atelier 17, em Paris, nos anos 30, sob a orientação de Stanley William Hayter. A artista explora as possibilidades das técnicas de impressão, sem nunca se desvincular dos interesses que pautavam o seu percurso na pintura. Ao contrário do que acontecia na tela, a gravura exigia um ritmo de trabalho distinto, pois não permitia ser “alimentada” aos poucos, como Vieira gostava de fazer na pintura regressando repetidas vezes ao mesmo quadro. Apesar disso, a pintora vai executar um significativo conjunto de litografias, serigrafias, águas-tinta e gravuras a buril que revelam uma importante faceta da sua criação.
Nestas obras descobre-se a mesma temática, as paisagens urbanas, as vistas aéreas, os ambíguos interiores de casas ou de bibliotecas, onde o espaço se desdobra criando intersecções, rompendo os limites do visível, gerando ritmos e tempos de leitura distintos. Através do uso sistemático do quadrado como módulo de composição, da grelha como estrutura amplificadora do seu efeito e da linha que progressivamente se distancia da função de mero contorno para assumir uma presença autónoma, a obra gravada de Vieira da Silva fundamenta-se, tal como na pintura, na constante tensão desencadeada pelos jogos dicotómicos entre equilíbrio / instabilidade, transparência / opacidade, preenchimento / vazio, ordem / caos, singularidade / repetição. A Amizade com os Poetas”, “Um Mundo de Gente”, “Espaços Fechados, Bibliotecas, Salas, Jogos”, “Causas e Direitos Humanos” e “Os Frutos da Liberdade” são temas de uma exposição que nos traz a poesia de Sophia e de René Char, a Marcha das Mulheres a Versalhes, o metro de Paris ou os jardins floridos como ideias de Liberdade. Uma exposição imperdível, só até 03 de Novembro.
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