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terça-feira, 24 de setembro de 2024

CERTAME: Festival Literário de Ovar (IV)



CERTAME: Festival Literário de Ovar 2024
Ana Cristina Silva, Ana Isabel Marques, António Canteiro, Aurelino Costa, Aurora Gaia, Beatriz Francisco, Carlos Nuno Granja, Célia Correia Loureiro, Cristina Marques, David Pintor, Diogo Carvalho, Dora Maria Nunes Gago, Emerenciano Rodrigues, Fernanda Cunha, Helena Ribeiro, Inês Viegas Oliveira, Jorge Valentim, João Eduardo Ferreira, José Emílio-Nelson, Lara Xavier, Lauren Mendinueta, Leandro Ribeiro, Luís Aguiar, Manuel Halpern, Patrícia Ribeiro Martins, Paulo Romão Brás, Pedro Almeida Maia, Renata Bueno, Rosário Alçada Araújo, Susana Amaro Velho, Victor Oliveira Mateus, Yana Marques, Zetho Cunha Gonçalves
Parque Ambiental do Buçaquinho | Museu Júlio Dinis | Jardim dos Campos | Centro de Artes de Ovar
21 Set 2024 | sab | 10:00, 14:30 e 21:00


Dia grande. Dia em grande. Por tradição, o sábado é aquele dia que mais dilemas coloca ao público do Festival Literário de Ovar, já que a sua programação é um verdadeiro non-stop de apresentações de livros, conversas, oficinas, histórias contadas e mesas temáticas. Deste dia fizeram parte, ainda, a apresentação da terceira edição do concurso literário e de ilustração Júlio Dinis, uma visita guiada e encenada à antiga vila histórica de Ovar, uma peça de teatro e, a encerrar catorze horas intensas à volta dos livros e da leitura, um sarau de poesia “a meias”. A cafetaria do Parque do Buçaquinho abriu as suas portas ao público para a apresentação do livro “A Arte de Gostar de Ler”, de Carlos Nuno Granja, com a qual teve início o quarto dia do FLO10. Seguiu-se uma mesa temática dedicada à literatura infantil com as autoras Ana Isabel Marques, Inês Viegas Oliveira e Lara Xavier, moderada por Helena Ribeiro. Nela se falou do valor e dos valores que a escrita encerra e se partilharam histórias sobre a arte e o engenho de escrever para os mais novos. Enquanto isso, no verde e fresco espaço exterior, a escritora e artista visual Renata Bueno orientava uma oficina de ilustração na qual crianças e adultos davam asas à sua criatividade. A fechar o período da manhã, as atenções recaíram numa conversa com David Pintor sobre a arte da ilustração e ainda numa sessão de contos pela dupla “O Som do Algodão”.

Após o almoço, o FLO10 deixou o espaço verde do Buçaquinho e mudou-se para o Jardim dos Campos e para o Museu Júlio Dinis com mais uma mão cheia de propostas irrecusáveis. A tarde começou com a apresentação da terceira edição do concurso literário e de ilustração Júlio Dinis, seguindo-se uma mesa temática moderada por Jorge Valentim e que reuniu os escritores Dora Maria Nunes Gago, Lauren Mendinueta e Luís Aguiar para um exercício de reflexão em torno da escrita enquanto espaço de liberdade e de vida. Fernanda Cunha, João Eduardo Ferreira, Manuel Halpern e Paulo Romão Brás apresentaram, de forma brilhantemente encenada, excertos do volume 7 de “A Morte do Artista”, uma “revista literária de periodicidade eventual. José Emílio-Nelson falou do seu livro de poemas “Rosa Canina”, tendo ao seu lado o artista plástico Emerenciano Rodrigues, autor das ilustrações do livro, o poeta e dizedor Aurelino Costa que leu um escrito de Maria Estela Guedes e a poetisa Aurora Gaia que declamou dois poemas. Victor Oliveira Mateus conduziu uma nova mesa temática que juntou Ana Cristina Silva, António Canteiro e Pedro Almeida Maia em torno do processo de transformação de uma folha em branco em livro. Entretanto, no espaço exterior ao Museu, Carlos Nuno Granja apresentava o livro “Tralhas e Coisas do Sr. Loisas”, com ilustrações de Yana Marques, e Rosário Alçada Araújo falava de “Quem Me Dera Ser Assim”, ilustrado por Beatriz Francisco. Uma oficina de ilustração orientada por Nic e Inês e uma visita guiada e encenada à vila histórica de Ovar, por Leandro Ribeiro, fecharam as contas da tarde.

À noite, todos os passos foram dar ao Centro de Artes de Ovar. Diogo Carvalho foi o primeiro protagonista ao apresentar o seu livro “Sol”, vincando que a Banda Desenhada não é um género, antes é um meio de comunicação.” Presença assídua nas andanças do Festival desde a primeira hora, Cristina Marques moderou a quarta e última mesa temática do dia. Sob o mote de Camões e daquilo a que o nosso maior poeta chamou “caminho da virtude”, o “alto e fragoso” caminho da escrita, as jovens escritoras Célia Correia Loureiro e Susana Amaro Velho partilharam as suas ideias sobre a escrita de ontem e de hoje, com a primeira a afirmar que “estamos a viver uma época dourada no sentido em que há muito interesse por parte dos leitores portugueses na literatura portuguesa” e a considerar iniciativas como o FLO a prova disso mesmo pela possibilidade que oferece aos leitores de “estar perante autores vivos, autores que ainda podem discutir a sua obra”. Perante uma sala completamente esgotada, a Yellow Star Company representou a peça “A Noite”, de José Saramago, com encenação e adaptação de Paulo Sousa Costa. Através dela, o público recuou à noite de 24 para 25 de Abril de 1974, mergulhando no espaço da Redacção do “Jornal de Lisboa” e vivendo os sentimentos opostos daqueles que manifestavam a sua fidelidade ao regime fascista e dos outros que sentiam nascer ali “o dia inicial inteiro e limpo”. Com os ponteiros do relógio muito para lá da meia noite, Aurora Gaia, Aurelino Costa e Zetho Cunha Gonçalves encerraram o programa com um momento de “Poemas a Meias”.

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