Páginas

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

CERTAME: Festival Literário de Ovar (V)



CERTAME: Festival Literário de Ovar 2024
Adriano Cerqueira, Alexandre Rosas, Ana Isabel Gonçalves, Carlos Nuno Granja, Dénis Conceição, Elisabete Pinho, Eltânia André, Jorge Reis-Sá, José Pereira Pinto, José Vaz Nunes, Luísa Sobral, Mafalda Mota, Mantraste, Marcelo Teixeira, Maria Saraiva de Menezes, Miguel Marques, Ozías Filho, Patrícia Furtado, Paula Pina, Pedro Guilherme-Moreira, Rosário Alçada Araújo, Teresa Carvalho
Parque Urbano de Ovar, Centro de Artes de Ovar
22 Set 2024 | dom | 10:00 e 14:30


“Esta décima edição do FLO foi a melhor de sempre”. Proferida no discurso de encerramento do Festival Literário de Ovar, a afirmação é de Carlos Nunos Granja, a alma (e uma boa parte do corpo) do FLO. Uma afirmação que exprime o sentimento geral de quem acompanhou o Festival ao longo de cinco longos dias, deliciando-se com uma oferta rica, variada e de enorme qualidade, apreciando a sua dinâmica, vivendo as histórias de Ozías Filho, a poesia de Lauren Mendinueta, os contos de Marta Hugon, os livros infantis de Rosário Alçada Araújo ou a música de Jorge Névoa, da mesma forma que se emocionou com Camões, Pessoa ou Agostinho da Silva, no sentir e nas palavras de António Manuel Ribeiro e Maria José Quintela, Ana Isabel Marques e José Emílio-Nelson, Aurora Gaia e Jorge Reis-Sá, entre tantos outros. Numa altura em que se começa a construir a edição que assinalará uma década de Festival Literário de Ovar, o sucesso destes dias constitui o maior estímulo para quem vem pugnando, ano após ano, por mais e melhor FLO. Numa óptica de crescimento do Festival, a tão falada internacionalização já no próximo ano encerra enormes desafios, mas é uma aposta ganha à partida dada a forma como a marca FLO se soube afirmar e consolidar no circuito dos grandes festivais literários do país.

No último dia do Festival, o Parque Urbano de Ovar abriu-se aos mais pequenos “com sol entre os dedos, com estrelas nos olhos, e o vento aos segredos”. Histórias de encantar, desenhos mil, apresentações de livros e uma mesa temática preencheram um tempo de reflexão e partilha sobre aquilo que a literatura dita infantil pode significar no crescimento e desenvolvimento da pessoa e na sua forma de ver o mundo. José Vaz Nunes, Mafalda Mota e Luísa Sobral tiveram oportunidade de falar dos seus livros, com esta última a referir-se ao peso esmagador de certas palavras quando dirigidas a alguém de forma pejorativa ou maldosa. São as “palavras-elefante” que tantos estragos provocam na concepção que temos de nós próprios e do mundo e que muitos acabam por carregar toda uma vida. Com moderação de Carlos Nuno Granja, a mesa temática juntou Dénis Conceição, Rosário Alçada Araújo, Patrícia Furtado e Maria Saraiva de Menezes, quatro escritores dedicados à literatura infantil que, muito generosamente, partilharam a sua visão de um mundo particular no qual as palavras e as ilustrações se passeiam de mãos dadas. Um mundo de livros, reunido numa só frase por Rosário Alçada Araújo: “Um livro para crianças é um livro para todas as idades.”

A tarde dividiu-se pelo espaço exterior do Centro de Artes de Ovar, o Bar do CAO e o seu Auditório. Lá fora, as actividades continuaram a visar um público mais jovem com a apresentação do livro “Eureka! As descobertas que mudaram a ciência”, de Adriano Cerqueira, mas também uma sessão de contos com Ana Isabel Gonçalves e Paula Pina e ainda uma oficina de ilustração por Mantraste, artista visual com uma ligação estreita à Arte Urbana. Enquanto isso, o espaço do Bar mostrava-se pequeno para escutar a conversa com os escritores Ozías Filho e Eltânia André, na qual o moderador, Marcelo Teixeira, fez questão de manifestar o seu apreço por um festival que consegue reunir autores consagrados e muitos outros que dão os primeiros passos nas letras, sem esquecer “o apoio à actividade local”. E mais pequeno ainda ficou com o público que acorreu em grande número para ouvir José Pereira Pinto falar do segundo volume do livro “Associação Desportiva Ovarense - Clube Centenário: Uma Chama que Resiste”. Moderada por Teresa Carvalho, a última mesa do Festival juntou os escritores Pedro Guilherme-Moreira e Jorge Reis-Sá, voltando a chamar Camões para falar de vida e morte. Por fim, os “Sangue Suor”, projecto musical que junta as baterias de Ricardo Martins, Rui Rodrigues e Susie Filipe e que carregou de energia o Auditório do Centro de Artes. Um final em grande, sincopado e bem batido, feito de música que soube passear-se entre a alucinação da prosa e o fulgor da poesia.

Sem comentários:

Enviar um comentário