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quinta-feira, 29 de agosto de 2024

LUGARES: Mosteiro de Santa Maria de Salzedas



LUGARES: Mosteiro de Santa Maria de Salzedas
Praça António Pereira de Sousa, Salzedas
Horários | Terça-feira a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 (horário de Verão); Terça-feira a domingo das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 17h30 (horário de Inverno)
Ingressos | Entrada grátis


Na margem sul do Rio Douro, a presença dos monges de Cister, a quem se atribui a plantação das primeiras vinhas na região, continua a fazer-se sentir. Do conjunto monástico do vale do Varosa, encabeçado pelo Mosteiro de São João de Tarouca, sobressai, entre o casario medieval da pequena freguesia de Salzedas, o Mosteiro de Santa Maria. Mosteiro masculino da Ordem de Cister, medieval, maneirista e barroco, o Mosteiro de Santa Maria de Salzedas começou a ser construído em 1168. Com a sua fundação intimamente ligada à figura de Teresa Afonso, esposa de Egas Moniz, o complexo monástico foi largamente ampliado no século XVII e XVIII, destacando-se um novo e monumental claustro no século XVIII, com traço do arquitecto maltês Carlos Gimach. Com a extinção das Ordens Religiosas em Portugal em 1834, a igreja foi convertida em igreja paroquial e parte das dependências monásticas vendidas a privados. Classificado Monumento Nacional em 1997, em 2002, ao abrigo de protocolo com a Diocese de Lamego, o Estado Português iniciou o progressivo restauro dos edifícios e espólio. A integração, em 2009, no Projeto Vale do Varosa, juntamente com o já referido Mosteiro de São João de Tarouca e, ainda, o Convento de Santo António de Ferreirim, possibilitou a abertura do espaço ao público em outubro de 2011.

O Mosteiro de Santa Maria de Salzedas é composto por igreja de planta longitudinal, sacristia, claustros e residência paroquial. A igreja reparte-se por três naves escalonadas, transepto e capela-mor. O corpo do transepto, ladeado por pilastras sustentando pináculos, é rematado por frontão de lanço encimado por cruz pétrea. Assente em arco em asa de cesto, o coro alto é marcado por moldura de cantaria contracurvada e protegido por guarda de madeira. A capela-mor apresenta em cada muro três grandes janelas, tornando o espaço intensamente iluminado. Destaque para o retábulo de talha policromada, cadeiral, anjos tocheiros a ladear o altar-mor e cobertura em abóbadas de aresta semelhantes às da nave. A sacristia, do lado da Epístola, abobadada com ogivas apoiadas em duas colunas, tem comunicação com o antigo dormitório. Do lado do Evangelho existe uma porta de acesso a divisão que comunica com o piso superior, que foi a antiga hospedaria, paralela à igreja e corpo paralelo dos antigos dormitórios. Ao alçado Sul, adossam-se os dois claustros e antigas instalações do mosteiro. Dependências do antigo mosteiro, em ruínas, e outras construções incaracterísticas completam o conjunto. No exterior, ao lado do alçado principal, encontra-se um edifício de dois pisos pertencendo ao antigo convento, com pórtico renascentista, sobre o qual se encontra um nicho rematado por frontão curvo. No exterior, à esquerda, um cruzeiro.

As sucessivas reconstruções da igreja mantiveram a planimetria, parte do alçado e até coberturas abobadadas de algumas capelas. As marcas da existência de outras duas igrejas anteriores à actual são visíveis entre os dois pilares da nave, num arco em ogiva à esquerda do transepto e na abóbada de berço do tramo da capela colateral Norte. No Mosteiro, importa atentar ainda nos silhares de azulejos barrocos, do tipo padronagem e figurativo azul e branco. Na antiga noviciaria, é possível visitar a exposição “Fragmentos. Expressões da arte religiosa do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas”, espólio remanescente constituído por um conjunto de peças recolhidas, muitas delas, em muros ou ruínas da povoação e sua envolvente e que pertenceram a planos do Mosteiro entretanto desaparecidos. Neste espaço encontra-se o túmulo embutido de Dona Teresa Afonso, bem como obras de alguns dos maiores nomes da pintura dos séculos XVI, XVII e XVIII, nomeadamente Vasco Fernandes (Grão Vasco), Bento Coelho da Silveira e Pascoal Parente, este último reproduzindo as gravuras seiscentistas de Arnoldus von Wasterhout. No núcleo de escultura e ourivesaria avultam os bustos relicários de São Bento e São Bernardo. E na única cela de noviço ainda existente, observam-se diversas pinturas murais, que terão sido feitas por algum dos noviços que por ali passaram ao longo de 700 anos.

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