EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Paisagem”,
de José Zagalo Ilharco
Curadoria | Rui Pinheiro
Bienal de Fotografia Lamego e Vale do Varosa 2024
Museu de Lamego
07 Ago > 28 Out 2024
Numa parceria com o Museu Nacional Soares dos Reis, o Museu de Lamego apresenta “Paisagem”, uma exposição inédita da obra de José Zagalo Ilharco, fotógrafo amador de grande mérito, premiado a nível nacional e internacional. O título inspira-se no homónimo da fotografia do Rio Sousa, premiada em Bruxelas, em 1895 e enquadra-se na temática da presente edição da Bienal de Fotografia Lamego e Vale do Varosa 2024, da qual a exposição é parte integrante. José Zagalo Ilharco nasceu a 31 outubro de 1860 na freguesia da Sé, na cidade de Lamego, e faleceu a 5 novembro de 1910, no Porto, repentinamente, aos 50 anos de idade. Quando jovem adulto fixou residência na cidade do Porto, onde se tornou um bem-sucedido homem de negócios, entre outros, nos sectores dos Seguros e do Comércio, tendo-se dedicado ainda, nos seus tempos livres, a diversas actividades culturais e recreativas, com destaque para a fotografia amadora e a floricultura, interesses que partilhava com o seu amigo Aurélio Paz dos Reis, pioneiro do cinema português.
No campo da fotografia, dedicou-se especialmente à paisagem, mas também à antropologia dos espaços, de que são exemplo as imagens agora reveladas do Porto e de Matosinhos. A sua obra fotográfica, composta por mais de 260 imagens, integra ainda uma série de retratos dos seus familiares e amigos, bem como das casas onde residiu e respectivos jardins. José Zagalo Ilharco foi sócio fundador e director do Real Velo Club do Porto, tendo fotografado, em 1893, ano da sua fundação, o grupo de membros da Direcção e o Velódromo, localizado nas traseiras do Palácio das Carrancas, em terrenos pertencentes ao Paço Real do Porto. Com pista para velocípedes, a grande atração do espaço, e dois cortes de lawn-tennis ao centro, o Velódromo recebia novas modalidades em expansão entre as elites da cidade. José Zagalo Ilharco é o autor das únicas fotografias existentes deste equipamento, destacado num artigo de Vasco Valente, então Diretor do Museu Nacional Soares dos Reis, publicado na revista O Tripeiro em maio de 1946.
Em 1947, o seu filho Norberto de Melo Zagalo Ilharco, em testemunho de apreço pela obra do pai, reuniu, em dois álbuns, as reproduções das suas melhores fotografias. As obras que integram esta exposição retrospetiva foram tornadas públicas pela primeira vez no Museu Nacional Soares do Reis, entre 25 de janeiro e 28 de abril de 2024, num reconhecimento ao legado do fotógrafo. São obras que resultam de uma selecção do segundo volume, dedicado exclusivamente à paisagem, e que viajam agora até Lamego, terra que viu nascer José Zagalo Ilharco. Valioso testemunho de paisagens de Portugal do final do século XIX e início do século XX, obra relevante por poucos conhecida, as imagens patentes ao público incluem, entre originais e reproduções, sobretudo paisagens de Matosinhos, Leça da Palmeira, Porto e Douro. Das imagens apresentadas destaca-se, igualmente, um núcleo de fotografias realizadas em 1893 do velódromo Maria Amélia, produzidas antes da sua inauguração nos terrenos onde se encontra actualmente o Museu Nacional Soares dos Reis.
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