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sexta-feira, 16 de agosto de 2024

CINEMA: "Pacto de Redenção"



CINEMA: “Pacto de Redenção” / “Knox Goes Away”
Realização | Michael Keaton
Argumento | Gregory Poirier
Fotografia | Marshall Adams
Montagem | Jessica Hernández
Interpretação | Michael Keaton, James Marsden, Al Pacino, Marcia Gay Harden, Suzy Nakamura, John Hoogenakker, Joanna Kulig, Ray McKinnon, Lela Loren, Jay Paulsen, Cassir Moronez, Paul Perri, Chad E. Donella, Nicole Reddinger, Dennis Dugan, Sasha Neboga
Produção | Michael Keaton, Nick Gordon, Trevor Matthews, Michael Sugar, Ashley Zalta
Estados Unidos | 2023 | Crime, Thriller | 114 Minutos | Maiores de 12 Anos
UCI Arrábida 20 - Sala 4
16 Ago 2024 | sex | 13:40


Sou daqueles - e sei que não sou o único - que, em variadas situações, me deixo levar pela opinião dos "especialistas na matéria". Se vou a um restaurante, gosto de seguir as dicas do guia “Boa Cama Boa Mesa”, o mesmo se passando com os alojamentos. O Tripadvisor e o Booking são também objectos da minha atenção. No tocante aos néctares, é na Revista de Vinhos que encontro apoio. Já quanto ao Cinema, o IMDB é fonte de consulta obrigatória. Ainda em matéria de Cinema, estou ciente que esta atitude faz com que passe ao lado de filmes estimáveis, na certeza porém de que não se pode ver tudo. Mas há motivos que me fazem ir ao cinema, independentemente da sua pontuação neste ou naquele espaço, e esses têm a ver com os realizadores ou actores da minha predilecção. Foi essa a razão que me levou a ver “Pacto de Redenção”, um filme de Michael Keaton e com Michael Keaton. Mas não foi o actor e realizador a causa de me dispor a empenhar duas horas do meu tempo, antes outro actor (e também ele realizador) que muito admiro e que associo a alguns dos filmes da minha vida: Al Pacino.

“Pacto de Redenção” conta a história de John Knox (Michael Keaton), assassino de profissão a quem foi diagnosticada Doença de Creutzfeldt-Jakob, uma patologia degenerativa e incurável que leva à perda da memória num curtíssimo espaço de tempo. Compreendendo a gravidade da situação, Knox decide pôr fim à sua carreira, mas não sem antes concluir um “trabalhinho” com o qual se havia comprometido. Só que as coisas não podiam correr pior, a morte de um companheiro de longa data ensombra agora este acto derradeiro e, como se não bastasse, o filho de Knox vem pedir-lhe ajuda num caso que envolve a morte de outro homem. Começa então uma verdadeira corrida contra o tempo, quer para o departamento de polícia de Los Angeles que tem em mãos uma investigação complexa, quer para o assassino, que vê a sua mente tomada rapidamente por um imenso vazio, “como uma cortina a descer”. Entre intrigas que se adensam, suspeitas prestes a transformarem-se em certezas e uma memória cada vez menos confiável, a única esperança de John Knox reside no seu velho amigo e mentor Xavier, interpretado por Al Pacino.

Quinze anos volvidos sobre “The Merry Gentleman”, o seu filme de estreia, Michael Keaton volta a colocar-se atrás das câmeras, fazendo mergulhar “Pacto de Redenção” [que raio de título!] nos ambientes do “thriller”, com o recurso aos espaços soturnos e pesados próprios do “filme noir”, às viagens de carro em cenários nocturnos, a diálogos sussurrados em cafés de beira de estrada, aos olhares impiedosos, tiros à queima-roupa e mortos cobertos de sangue, de olhos abertos e vazios. Parece haver no filme um pouco de Clint Eastwood, sobretudo do genial “Gran Torino”, naquilo que é a disposição sacrificial dos mais velhos de forma a garantirem um futuro melhor para os mais novos, no caso de Knox o próprio filho. De contornos bizarros, a história consegue prender a atenção do espectador pelo ritmo que Michael Keaton lhe imprime, mantendo a dúvida em relação às verdadeiras capacidades mentais da personagem principal. Apesar do seu simplismo – e de uma montagem recheada de efeitos de gosto duvidoso -, “Pacto de Redenção” é um filme honesto e que, de forma inteligente, sabe puxar as questões morais para o centro da discussão. Só não consegui ver lá, pelo menos da forma que esperava, o enorme Al Pacino.

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