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quinta-feira, 8 de junho de 2023

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "ViViFiCAR"


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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “ViViFiCAR”,
Vários autores
Moderadores | Gabriela Vaz-Pinheiro, Jayne Der, Virgílio Ferreira
Bienal ’23 Fotografia do Porto
Museu do Vinho do Porto
18 Mai > 24 Set 2023


Núcleo expositivo da Bienal ’23 Fotografia do Porto, o projecto “ViViFiCAR” abraça as ideias de “viver e ficar”, podendo ser interpretado como uma plataforma de acção empática para o Portugal rural. Baseado num modelo inovador de residências imersivas, específicas às comunidades, nas quais os artistas vivem e colaboram com os residentes locais, o projecto assenta em três grandes eixos orientadores - emancipação social, participação comunitária e património local -, com artistas durienses, nacionais e noruegueses, a integrarem um conjunto de residências artísticas que decorreram ao longo de 2022 nos concelhos de Alijó, Lamego, Mêda e Torre de Moncorvo. Durante seis semanas os artistas viveram nas casas dos embaixadores locais, desenvolvendo a sua obra a partir de estratégias participativas de colaboração. Daqui resultaram doze trabalhos inéditos sobre os territórios e as comunidades, celebrando a identidade, a memória e a resiliência dos lugares e das suas gentes. É uma selecção desses trabalhos que pode agora ser vista no Museu do Vinho do Porto, no âmbito da Bienal ‘23.

De entre os projectos que integram esta exposição, começaria por destacar, pelo seu carácter inovador, pela qualidade intrínseca e pela dimensão onírica que a paisagem duriense sempre convoca, “Concerto em 13 Andamentos”, de Alexandre Delmar. O artista faz um mapeamento dos lugares históricos de São Mamede de Ribatua convidando, num primeiro momento, a Banda Filarmónica local a pensar os lugares, objectos e sons da aldeia em novas relações com os seus próprios instrumentos e objectos. O resultado é uma performance em vídeo com pequenos concertos improvisados que exploram novas percepções sensoriais sobre os diferentes locais da região. “Lento o Tempo Muda em Poço do Canto” é uma instalação de Trond Lussius que celebra o lugar e o regresso de quem decidiu voltar. Nela, o artista parte de conversas e encontros com a comunidade, dando a ver pequenos eventos, a quietude rural, a lentidão das mudanças, as marcas deixadas pelos visitantes, pela cultura local, pela agricultura e indústria, pelo calor e pela seca. “Sala de Aula é o resultado do trabalho colaborativo de Fábio Cunha com alunos do ensino secundário de Torre de Moncorvo, onde a fotografia se manifesta como método de observação e debate sobre o quotidiano e a sociedade.

Colocar as gentes, as paisagens e os elementos de Alijó na mesma frequência de partilha, escuta, interação e reciprocidade, gerando um trabalho audiovisual vivo e imprevisível, em coletivo com a comunidade, tal é o propósito de “Ressonância”, de André Tribbensee. Violeta Moura coloca-se num lugar de escuta e conexão, documentando a comunidade, as vivências, os saberes e as paisagens de Lazarim num projecto intitulado “O Resto do Ano”. “Eco” baseia-se na interação de Ine Harrang com as mulheres da aldeia da Açoreira e na forma como estas preservam referências, saberes e práticas ancestrais num mundo em rápida mudança. A oliveira, uma antiga oração, o forte vínculo que criou com os cães da aldeia e uma canção para as almas perdidas, são revisitados neste trabalho, celebrando a imanência geográfica e cultural. Num projeto em co-autoria com a comunidade de Favaios, Patrícia Geraldes mostra-nos “Roga”, através do qual invoca noções de cooperação, aprendizagem, ancestralidade e sustentabilidade. “As Cores da Cura”, de Maria Lusitano, aborda as tradições espirituais da aldeia da Coriscada, reflectindo a dimensão sagrada da experiência humana.

“Rota de Fuga” parte de um mapa da fronteira luso-espanhola desenhado no contexto das guerras “coloniais” que circulava clandestinamente entre os refractários nas décadas de 60 e 70, dando voz às experiências da comunidade de Mêda, para oferecer uma contra-perspectiva histórica e visual das cartografias do Estado Novo. “Corten”, de João Pedro Fonseca, aborda a problemática da desertificação dos equipamentos culturais em Lamego. Com recurso a vídeo e instalação, o seu projeto propõe repensar o papel desses lugares, regenerando-os e trazendo reflexões urgentes para um futuro com práticas culturais efetivamente sustentáveis. Centrado na relação entre a paisagem e a cultura local, conectadas pela poesia de autores regionais, “Fumo”, de José Miguel Pires propõem às pessoas da União da Adeganha e Cardanha a redescoberta do seu território. Com “Horizonte”, Hasan Daraghmeh estabelece um mapa espacio-temporal através das estórias que a população de Britiande conta do passado, vive no presente e projeta para o futuro.

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