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quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Finis Terrae"


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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Finis Terrae”, 
de Ricardo Salvo
Ambiente Imagens Dispersas - Encontro de Fotografia Cidade de Ovar
Centro de Arte de Ovar
10 Dez 2022 > 03 Mar 2023


“Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.”
“Liberdade [2]”, de Sophia de Mello Breyner Andresen (in “Mar Novo”, 1958) 

Encontro na fotografia de Ricardo Salvo a expressão do meu próprio sentir. Rendido a tamanha beleza, deleito-me nos seus cambiantes de luz, no bordado das suas formas, no delicado sfumato. Há nelas o mesmo afago de um poema de Sophia. A mesma pureza das praias intocadas, o mesmo azul das ondas a beijar o dourado das areias, o mesmo tempo repartido entre ventos e maresia, a mesma certeza de liberdade que faz com que nos agarremos à vida com todas as nossas forças. O fascínio pelo mar, pela energia que anima os elementos e cujo vigor é sinónimo de poder e majestade, sabe o autor transmiti-lo da forma mais bela e íntima, conjugando o real e o onírico em composições que são um convite à viagem através das nossas mais íntimas memórias. Perdido na lonjura que cada imagem convoca, o olhar arrasta consigo o calor das tardes de Verão, duas mãos entrelaçadas no correr da maré baixa, uma promessa de beijos e uma música que fala de vento e mar, de gaivotas e de um grande amor.

Patente na galeria do Centro de Arte de Ovar e integrada na programação do “Ambiente Imagens Dispersas - Encontro de Fotografia Cidade de Ovar”, uma iniciativa da Associação Amigos do Cáster, “Finis Terrae” é composta por dezoito imagens de grande formato, “desenhadas” de forma a que o visitante possa ver para lá daquilo que cada uma delas mostra (ou parece mostrar). Rodeados de céu e mar, cada onda é um desafio, cada rocha é uma certeza, cada sombra é um desejo. A dimensão do real, vamos encontrá-la no que, em cada uma delas, apenas adivinhamos: No tempo de exposição perfeito, na complementaridade das cores, na intencionalidade de cada movimento. É nessa sensibilidade e delicadeza que reside a arte de Ricardo Salvo. Suavemente levada pelo gesto estudado, a câmera é como um pincel sobre a tela, o artista em busca da textura desejada, da perfeita fusão das tonalidades, do efeito sonhado. Nesse saber e nesse sentir, é de forma cúmplice que nos sentimos abraçados por Ricardo Salvo. Um abraço forte, retemperador, que sabe tão bem.

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