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sábado, 3 de dezembro de 2022

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Echoes of Nature" | Manuela Marques


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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Echoes of Nature”,
de Manuela Marques
Curadoria | Emília Tavares
Museu Nacional de Arte Contemporânea
21 Out 2022 > 29 Jan 2023


Entre as várias exposições patentes no Museu Nacional de Arte Contemporânea, vamos encontrar este “Echoes of Nature”, conjunto de trabalhos fotográficos e videográficos com assinatura de Manuela Marques. A mostra pauta-se pela observação e pensamento sobre a paisagem e o meio natural nas suas mais variadas facetas, colocando em diálogo discursos científicos, percepcionais e estéticos. É a partir de territórios continentais, França e Portugal, e insulares, arquipélago dos Açores, que a fotógrafa tem construído um corpo de imagens que elaboram uma abordagem arqueológica sobre a natureza da imagem fotográfica e uma deambulação fenomenológica sobre o conceito artístico da paisagem. Possuindo uma técnica e um rigor estético notáveis, Manuela Marques aborda a matéria experimental da fotografia em muitas das suas dualidades. Entre uma realidade pulsante e um idealismo verista, uma concepção cartesiana do mundo e um último olhar sublime, transcendental e romântico, e ainda entre a mimesis artística do lugar e a imitação da natureza pela arte.

A observação física da natureza e dos seus fenómenos é registada numa perspetiva de diálogo entre os processos operativos naturais e a constituição da imagem fotográfica. A dimensão telúrica da natureza é um eixo fulcral de muitos destes trabalhos, realizados no vulcão dos Capelinhos, na ilha do Faial, Açores, como por exemplo a série “Topographies”. Algumas destas imagens evocam os “mistérios”,  formações lávicas que marcaram a terra e o espírito dos seus habitantes; e a sua observação implica um “stupor”, um silêncio imposto pela transcendência da visão, pela sua incomensurabilidade, ao qual se associa outro conceito partilhado com a imagem fotográfica, o de “Revelação”.No vasto conjunto de imagens expostas, existe uma permuta perceptiva e ontológica entre fenómenos naturais e fotográficos, como o sugerem os títulos: “Reflexão”, “Réplica”, “Superfície sensível” ou “Extração”. Desta forma, a matéria da vida torna-se, também ela, um inesperado campo de mediação entre a realidade e a sua própria representação, desafiando o território do fotográfico.

[Retirado do texto de Emília Tavares que acompanha a exposição]

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