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segunda-feira, 7 de março de 2022

LUGARES: Museu Bordalo Pinheiro


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LUGARES: Museu Bordalo Pinheiro
Campo Grande, 382 - Lisboa
Horários | De terça a domingo, das 10h00 às 18h00
Ingressos | Bilhete normal € 3,00


Com origem na importante coleção bordaliana reunida pelo poeta, panfletário, crítico e humorista Arthur Ernesto Santa Cruz Magalhães (1864-1928), o Museu Bordalo Pinheiro abriu ao público em 1916, sendo remodelado e ampliado em 1922. Nesta data era significativo o número de atividades de divulgação da obra do artista, entre exposições temáticas, conferências e a criação do Grupo de Amigos Defensores do Museu. Doado ao Município de Lisboa em 1924, o museu reabre em 1926, oferecendo agora ao público, além da obra gráfica de Rafael Bordalo e do seu filho Manuel Gustavo, uma importante coleção de cerâmica e uma biblioteca especializada. Entretanto, vão suceder-se novas incorporações, fruto de aquisições e doações de obras até então na posse de familiares de Bordalo Pinheiro e de colecionadores particulares.

A morte de Cruz Magalhães, em 1928, deixa a Julieta Ferrão, sobrinha por afinidade e afilhada de Cruz Magalhães, a direção do Museu e ao Grupo de Amigos Defensores o papel de promoção da obra bordaliana. Em 1942, o Museu é integrado no Serviço de Museus do Município, então criado, e, em 1962, passa a ser gerido em conjunto com o Museu da Cidade e o Museu Antoniano. Em 1992, a construção de um novo edifício, na zona posterior ao museu, constituiu uma tentativa de colmatar os problemas de exiguidade de espaço da moradia original e de o dotar de uma Galeria de Exposições Temporárias. Após várias obras de consolidação, com início em 1999, o museu reabre ao público em 2005, assumindo um novo programa museológico baseado na atualização da investigação realizada. Os suportes expositivos foram concebidos de forma a permitir a rotatividade da coleção habilitando, assim, a renovação cíclica da exposição permanente e, simultaneamente, a divulgação deste vasto acervo ao público.

O Museu Bordalo Pinheiro possui uma notável coleção da obra artística de Rafael Bordalo Pinheiro e do seu filho, Manuel Gustavo. A multiplicidade de conteúdos e de significações associadas à obra confere-lhe um duplo estatuto de objeto de arte e de documento. Uma parte significativa do espólio concentra-se na obra gráfica do artista, publicada nos jornais que fundou e de que foi proprietário. Bordalo Pinheiro começou por lançar títulos que tiveram vida curta: “O Binóculo e A Berlinda”, em 1870, e “A Lanterna Mágica”, em 1875, onde aparece desenhado pela primeira vez o Zé Povinho. Entre 1875 e 1879 viveu no Brasil, onde publicou “O Mosquito”, o “Psit!!”  e “O Besouro”, que integram a história da caricatura brasileira. De regresso a Lisboa, em 1879, iniciou com “O António Maria” um período de 25 anos em que, apesar de algumas interrupções, os seus jornais estiveram quase semanalmente nas mãos dos leitores. Seguiram-se “Pontos nos ii” (1885), uma segunda série de “O António Maria” (1891) e “A Paródia” (1900). Através destes jornais acompanhamos o quotidiano da vida social e política portuguesa, num registo documental e crítico, sempre cheio de humor, onde pontua a figura do Zé Povinho – que se vem a consolidar como um ícone do povo português.

A colecção de Desenho é composta por mais de 2600 peças, na sua grande maioria desenhos originais de Rafael Bordalo Pinheiro e do seu filho, Manuel Gustavo. Esta coleção abrange um vasto período de trabalho dos artistas sendo, na sua maioria, composta por desenho humorístico. Integra ainda apontamentos “ao vivo”, estudos para publicação em periódicos, ilustração e figurinos para teatro, assim como possui obra desenhada de outros artistas, salientando-se Columbano Bordalo Pinheiro, Francisco Valença e Stuart Carvalhaes. Na Gravura, com mais de 3300 peças, avultam as páginas litografadas dos jornais humorísticos que Bordalo Pinheiro fundou e dirigiu. Contendo uma centena de peças, a colecção de pintura é formada, maioritariamente, por obras de Rafael Bordalo Pinheiro, nela se destacando o retrato de Rafael realizado pelo irmão, Columbano Bordalo Pinheiro.

O Museu guarda a mais importante colecção de faiança de Rafael Bordalo Pinheiro. Na sua grande maioria são peças únicas ou seriadas da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, fundada em 1884, nelas se incluindo elementos notáveis como o penico “John  Bull”, o moringue “Gonzaga Gomes”, a caixa “Toma” ou o perfumador “Árabe”. Azulejos padrão e azulejos pintados, individuais ou formando painéis, podem ser apreciados na colecção de Azulejaria. Nela se destaca a grande variedade de padrões revivalistas, naturalistas e arte nova, acrescida de alguns exemplares únicos de azulejos pintados. A coleção conta com cerca de 100 peças, compreendendo azulejos avulso e painéis. O espólio completa-se com 1800 fotografias e um fundo documental que integra um conjunto expressivo de correspondência, postais ilustrados, anotações, agendas, contabilidade, documentos oficiais, entre outros, que reportam ao universo familiar, afectivo, profissional e biográfico de Rafael Bordalo Pinheiro.

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