Páginas

domingo, 22 de dezembro de 2019

CONCERTO: "Oratória de Natal", de Johann Sebastian Bach



CONCERTO: “Oratória de Natal” / “Weihnachtsoratorium”, BWV 248,
de Johann Sebastian Bach
Coro Gulbenkian
Orquestra Gulbenkian
Maestro | Michel Corboz
Soprano | Ana Quintans
Mezzo-Soprano | Marianne Beate Kielland
Tenor | Benedikt Kristjánsson
Barítono | Hugo Oliveira
Solistas | Marcelo Giannini (órgão), Priscille Reynaud (violino), Ana Filipa Lima (flauta), Pedro Ribeiro, Alice Caplow-Sparks (oboés e oboés de amor), Paulo Guerreiro, Kenneth Best (trompas), Varoujan Bartikian (violoncelo), Domingos Ribeiro (contrabaixo), Vera Dias (fagote)
Programa | Cantata II (“Para o Segundo Dia de Natal”), Cantata IV (“Para a Festa da Circuncisão de Cristo”), Cantata V (“Para o Primeiro Domingo do Ano Novo”)
Fundação Calouste Gulbenkian – Grande Auditório
14 Dez 2019 | sab | 19:00


No dia 17 de Dezembro de 1969, o maestro suíço Michel Corboz, na altura com 35 anos, estreava-se a dirigir o Coro Gulbenkian. O Grande Auditório da Fundação tinha sido inaugurado apenas dois meses antes e o programa era composto por obras de Johann Sebastian Bach e Claudio Monteverdi. Juntavam-se ao Coro a Orquestra de Câmara Gulbenkian e um quarteto de intérpretes femininas: as sopranos Wally Staempfli e Yvonne Perrin, a cravista Christiane Jaccottet e a violoncelista Maria de Macedo. No final, quando o maestro desceu a batuta e agradeceu os aplausos do público que enchia a sala, dificilmente imaginaria que, 50 anos depois, estaria novamente no púlpito do Grande Auditório da Fundação Gulbenkian a dirigir o programa de Natal.

A obra escolhida para celebrar não apenas a quadra festiva mas também a longa ligação de Michel Corboz ao Coro Gulbenkian, a Oratória de Natal de Johann Sebastian Bach, representa uma das mais majestosas criações do mestre alemão. Composta em Leipzig nos finais de 1734, a peça está dividida em seis cantatas, cada uma celebrando uma das festas que pontuavam os treze Dias de Natal no calendário luterano: o Nascimento de Jesus (dia de Natal); a Anunciação aos Pastores (26 de dezembro); a Adoração dos Pastores (27 de dezembro); a Festa da Circuncisão (dia de Ano Novo); a Viagem dos Reis Magos (1.º domingo depois do Ano Novo) e a Festa da Epifania (Adoração dos Reis Magos, 6 de janeiro).

No programa apresentado ao final da tarde de sábado foram interpretadas as cantatas II, IV e V, com a soprano Ana Quintans, a meio-soprano Marianne Beate Kielland, o tenor Benedikt Kristjánsson e o barítono Hugo Oliveira em palco, para além do Coro e Orquestra Gulbenkian. À frente de todo o elenco esteve um maestro que não gosta da palavra dirigir – por lhe sugerir a ideia de imposição –, preferindo, antes, o termo “animar”, no sentido de dar alma a uma obra. Um maestro que diz também que o seu som preferido é a voz, que o seu compositor favorito é Bach (e os compositores que nele se inspiraram) e ainda que a virtude a que aspira é a simplicidade. Com todos estes ingredientes reunidos, o tempo do concerto foi um tempo de fruição: da música, da harmonia das vozes, do conforto de uma sala magnífica e do espectáculo dos jardins da Fundação sob uma fina camada de chuva. Um vislumbre do Céu em vésperas de Natal.

[Foto: Márcia Lessa | facebook.com/gulbenkianmusica/]

Sem comentários:

Enviar um comentário