CONCERTO: “Oratória de Natal” /
“Weihnachtsoratorium”, BWV 248,
de Johann Sebastian Bach
Coro
Gulbenkian
Orquestra Gulbenkian
Maestro | Michel Corboz
Soprano
| Ana Quintans
Mezzo-Soprano | Marianne Beate Kielland
Tenor |
Benedikt Kristjánsson
Barítono | Hugo Oliveira
Solistas |
Marcelo Giannini (órgão), Priscille Reynaud (violino), Ana Filipa
Lima (flauta), Pedro Ribeiro, Alice Caplow-Sparks (oboés e oboés de
amor), Paulo Guerreiro, Kenneth Best (trompas), Varoujan Bartikian
(violoncelo), Domingos Ribeiro (contrabaixo), Vera Dias
(fagote)
Programa | Cantata II (“Para o Segundo Dia de Natal”),
Cantata IV (“Para a Festa da Circuncisão de Cristo”), Cantata V
(“Para o Primeiro Domingo do Ano Novo”)
Fundação Calouste
Gulbenkian – Grande Auditório
14 Dez 2019 | sab | 19:00
No dia 17 de Dezembro de 1969, o
maestro suíço Michel Corboz, na altura com 35 anos, estreava-se a
dirigir o Coro Gulbenkian. O Grande Auditório da Fundação tinha
sido inaugurado apenas dois meses antes e o programa era composto por
obras de Johann Sebastian Bach e Claudio Monteverdi. Juntavam-se ao
Coro a Orquestra de Câmara Gulbenkian e um quarteto de intérpretes
femininas: as sopranos Wally Staempfli e Yvonne Perrin, a cravista
Christiane Jaccottet e a violoncelista Maria de Macedo. No final,
quando o maestro desceu a batuta e agradeceu os aplausos do público
que enchia a sala, dificilmente imaginaria que, 50 anos depois,
estaria novamente no púlpito do Grande Auditório da Fundação
Gulbenkian a dirigir o programa de Natal.
A obra escolhida para celebrar não
apenas a quadra festiva mas também a longa ligação de Michel
Corboz ao Coro Gulbenkian, a Oratória de Natal de Johann Sebastian
Bach, representa uma das mais majestosas criações do mestre alemão.
Composta em Leipzig nos finais de 1734, a peça está dividida em
seis cantatas, cada uma celebrando uma das festas que pontuavam os
treze Dias de Natal no calendário luterano: o Nascimento de Jesus
(dia de Natal); a Anunciação aos Pastores (26 de dezembro); a
Adoração dos Pastores (27 de dezembro); a Festa da Circuncisão
(dia de Ano Novo); a Viagem dos Reis Magos (1.º domingo depois do
Ano Novo) e a Festa da Epifania (Adoração dos Reis Magos, 6 de
janeiro).
No programa apresentado ao final da
tarde de sábado foram interpretadas as cantatas II, IV e V, com a
soprano Ana Quintans, a meio-soprano Marianne Beate Kielland, o tenor
Benedikt Kristjánsson e o barítono Hugo Oliveira em palco, para
além do Coro e Orquestra Gulbenkian. À frente de todo o elenco
esteve um maestro que não gosta da palavra dirigir – por lhe
sugerir a ideia de imposição –, preferindo, antes, o termo
“animar”, no sentido de dar alma a uma obra. Um maestro que diz
também que o seu som preferido é a voz, que o seu compositor
favorito é Bach (e os compositores que nele se inspiraram) e ainda
que a virtude a que aspira é a simplicidade. Com todos estes
ingredientes reunidos, o tempo do concerto foi um tempo de fruição:
da música, da harmonia das vozes, do conforto de uma sala magnífica
e do espectáculo dos jardins da Fundação sob uma fina camada de
chuva. Um vislumbre do Céu em vésperas de Natal.
[Foto: Márcia Lessa |
facebook.com/gulbenkianmusica/]
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