[Clicar na imagem para ver mais fotos]
EXPOSIÇÃO: “A Monarquia do Norte em Estarreja”
Biblioteca Municipal de Estarreja
19 Jan > 16 Fev 2019
Entre 19 de Janeiro e 13 de Fevereiro
de 1919, um movimento revolucionário pró-restauração da monarquia
dominou o norte de Portugal, acontecimento que ficou conhecido por
“Monarquia do Norte”, também chamado “Monarquia do Monte
Pedral”, o local da sua proclamação, ou “Reino da Traulitânia”,
devido à acção violenta dos trauliteiros monárquicos que
perseguiram os republicanos, nos vinte e cinco dias que durou este
movimento.. No seguimento deste levantamento militar, instalou-se um
governo provisório no Porto encabeçado pelo militar exilado Paiva
Couceiro, cuja Junta Governativa começou logo a legislar, sendo de
referir as medidas de ordem simbólica, numa tentativa de “apagar a
República”, substituindo o hino, a bandeira e a moeda. Do
movimento fez parte um ministro natural de Estarreja, o Conde de
Azevedo, filho do conhecido político local Francisco Barbosa, o qual
abraçou a pasta da Agricultura, Comércio, Indústria e Trabalho. No
rio Vouga situou-se a zona de fronteira entre monárquicos e
republicanos, ficando Estarreja ocupada por tropas partidárias da
monarquia de 24 de Janeiro a 11 de Fevereiro, período durante o qual
esteve sediado na Vila um centro regional de operações militares e
um quartel general, mantendo-se cortadas as ligações com o sul,
nomeadamente Aveiro.
Nos primeiros dias de Fevereiro a
tropas leais à República conquistaram sucessivamente diversas
posições a norte do Vouga, vindo a tomar Salreu no dia 10.
Finalmente, a 11 de Fevereiro, travou-se um combate decisivo para a
vitória dos republicanos. As tropas instaladas a sul do Antuã, com
maior poder de fogo concentrado na Senhora do Monte, bombardearam
Estarreja, onde resistiam os monárquicos, maioritariamente
barricados na Câmara Municipal. A Câmara e diversos edifícios do
centro da vila ficaram parcialmente destruídos, bem como algumas
casas da zona da estação de caminho de ferro, onde eram alvo dois
comboios que preparavam a retirada de armas e munições. Com a
chegada de um hidroavião carregado com duas bombas, largadas sobre
Estarreja, os combatentes da monarquia bateram em retirada, o que fez
com que a tropa republicana atravessasse o rio Antuã e consumasse a
vitória. No final, além da destruição parcial das casas da actual
Praça Francisco Barbosa e da zona da estação de caminho de ferro,
houve a lamentar quatro mortos do lado monárquico e alguns feridos
de ambas as partes, às quais se somou uma morte civil de uma
rapariga local, apanhada acidentalmente pelo fogo cruzado.
Assinalando o centenário deste
movimento, com a colaboração do historiador Marco Pereira, a
Biblioteca Municipal de Estarreja abriu ao público uma exposição
intitulada “A Monarquia do Norte em Estarreja”, conjunto de
documentos e imagens que ilustram este acontecimento marcante da
história de Estarreja e do próprio país e que estará patente até
ao próximo dia 16 de Fevereiro. Incluída na iniciativa, a tertúlia
"O Reino da Traulitânia também conhecido por Monarquia do
Norte" teve lugar na tarde de ontem, no Auditório da Biblioteca
Municipal de Estarreja, nela tendo tomado parte Dom
Duarte de Bragança e Marco Pereira, sobre o movimento revolucionário
pró-restauração da monarquia, que dominou o norte de Portugal há
precisamente cem anos. Perante uma vasta plateia, discorreu-se sobre
os meandros do movimento, aventaram-se hipóteses para o seu
fracasso, contaram-se algumas histórias interessantes e
particularizou-se o caso da Batalha de Estarreja, acontecimento que,
segundo Marco Pereira, “talvez tenha sido decisivo para a
manutenção da república em Portugal ou para um regresso à
monarquia”.
Sem comentários:
Enviar um comentário