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domingo, 10 de fevereiro de 2019

EXPOSIÇÃO: "A Monarquia do Norte em Estarreja"


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EXPOSIÇÃO: “A Monarquia do Norte em Estarreja”
Biblioteca Municipal de Estarreja
19 Jan > 16 Fev 2019


Entre 19 de Janeiro e 13 de Fevereiro de 1919, um movimento revolucionário pró-restauração da monarquia dominou o norte de Portugal, acontecimento que ficou conhecido por “Monarquia do Norte”, também chamado “Monarquia do Monte Pedral”, o local da sua proclamação, ou “Reino da Traulitânia”, devido à acção violenta dos trauliteiros monárquicos que perseguiram os republicanos, nos vinte e cinco dias que durou este movimento.. No seguimento deste levantamento militar, instalou-se um governo provisório no Porto encabeçado pelo militar exilado Paiva Couceiro, cuja Junta Governativa começou logo a legislar, sendo de referir as medidas de ordem simbólica, numa tentativa de “apagar a República”, substituindo o hino, a bandeira e a moeda. Do movimento fez parte um ministro natural de Estarreja, o Conde de Azevedo, filho do conhecido político local Francisco Barbosa, o qual abraçou a pasta da Agricultura, Comércio, Indústria e Trabalho. No rio Vouga situou-se a zona de fronteira entre monárquicos e republicanos, ficando Estarreja ocupada por tropas partidárias da monarquia de 24 de Janeiro a 11 de Fevereiro, período durante o qual esteve sediado na Vila um centro regional de operações militares e um quartel general, mantendo-se cortadas as ligações com o sul, nomeadamente Aveiro.

Nos primeiros dias de Fevereiro a tropas leais à República conquistaram sucessivamente diversas posições a norte do Vouga, vindo a tomar Salreu no dia 10. Finalmente, a 11 de Fevereiro, travou-se um combate decisivo para a vitória dos republicanos. As tropas instaladas a sul do Antuã, com maior poder de fogo concentrado na Senhora do Monte, bombardearam Estarreja, onde resistiam os monárquicos, maioritariamente barricados na Câmara Municipal. A Câmara e diversos edifícios do centro da vila ficaram parcialmente destruídos, bem como algumas casas da zona da estação de caminho de ferro, onde eram alvo dois comboios que preparavam a retirada de armas e munições. Com a chegada de um hidroavião carregado com duas bombas, largadas sobre Estarreja, os combatentes da monarquia bateram em retirada, o que fez com que a tropa republicana atravessasse o rio Antuã e consumasse a vitória. No final, além da destruição parcial das casas da actual Praça Francisco Barbosa e da zona da estação de caminho de ferro, houve a lamentar quatro mortos do lado monárquico e alguns feridos de ambas as partes, às quais se somou uma morte civil de uma rapariga local, apanhada acidentalmente pelo fogo cruzado.

Assinalando o centenário deste movimento, com a colaboração do historiador Marco Pereira, a Biblioteca Municipal de Estarreja abriu ao público uma exposição intitulada “A Monarquia do Norte em Estarreja”, conjunto de documentos e imagens que ilustram este acontecimento marcante da história de Estarreja e do próprio país e que estará patente até ao próximo dia 16 de Fevereiro. Incluída na iniciativa, a tertúlia "O Reino da Traulitânia também conhecido por Monarquia do Norte" teve lugar na tarde de ontem, no Auditório da Biblioteca Municipal de Estarreja, nela tendo tomado parte Dom Duarte de Bragança e Marco Pereira, sobre o movimento revolucionário pró-restauração da monarquia, que dominou o norte de Portugal há precisamente cem anos. Perante uma vasta plateia, discorreu-se sobre os meandros do movimento, aventaram-se hipóteses para o seu fracasso, contaram-se algumas histórias interessantes e particularizou-se o caso da Batalha de Estarreja, acontecimento que, segundo Marco Pereira, “talvez tenha sido decisivo para a manutenção da república em Portugal ou para um regresso à monarquia”.  

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