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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Estação Imagem 2018"


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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Estação Imagem 2018”
Vários autores
Centro Português de Fotografia
17 Nov 2018 > 10 Fev 2019


Criada em 2007, a “Estação Imagem” é uma associação cultural que tem como finalidade estudar, debater e divulgar todos os aspectos ligados à imagem, com particular incidência na fotografia. Entre as várias iniciativas levadas a cabo pela instituição, conta-se a organização anual de um prémio internacional de fotojornalismo, aberto à participação de fotojornalistas portugueses, dos PALOP e da Galiza, bem como aos estrangeiros aí residentes, com o objectivo de promover a reportagem fotográfica. Assim foi uma vez mais em 2018, com o júri desta nona edição do Prémio Estação Imagem – presidido por Santiago Lyon, Presidente do World Press Photo 2013 e actual director de conteúdos editoriais da Adobe – a distinguir várias séries de reportagens de enormíssimo nível em categorias que vão dos assuntos contemporâneos ao ambiente, passando pela vida quotidiana, arte e espectáculos ou desporto, entre outros. São as imagens premiadas que podem agora ser vistas no Centro Português de Fotografia, no Porto, numa mostra de grande qualidade e interesse, a provar que o fotojornalismo em Portugal e na Galiza está vivo e recomenda-se.

O grande destaque vai, naturalmente, para Patrícia Melo Moreira que, com “Verão Negro”, arrebatou o Prémio Estação Imagem 2018. Trata-se de uma série de dez imagens que nos fazem recuar a 2017, ano em que o nosso País foi devastado pelos incêndios mais fatais da sua história, deixando cerca de 440.000 hectares de área ardida e o trágico balanço de mais de cem mortos entre Junho e Outubro. São imagens de grande impacto, que evidenciam o desamparo e impotência das populações, face ao avanço das chamas que tudo destroem à sua passagem. Destaque também para Gabriel Tizón que, com “O Frío dos Refuxiados”, conquistou o Prémio Fotografia do Ano. A imagem mostra um jovem refugiado ao anoitecer sob uma ponte junto à fronteira da Sérvia com a Croácia, num dia de inverno e com uma temperatura a rodar os 0º C. Por detrás da qualidade intrínseca desta fotografia, percebe-se a chamada de atenção para a situação dos refugiados que vivem aqui sem recursos e que sofrem a perseguição policial diária, desde que a União Europeia se decidiu pelo fecho das suas fronteiras em Fevereiro de 2016.

Guiado pelos domínios arcaizantes de montanhas e planaltos que ligam o Minho a Trás-Os-Montes, Luís Preto explora em “Maciço Antigo” a relação entre a persistência das condições naturais e a continuidade do esforço humano para nos falar das gentes e dos lugares. São igualmente dez fotografias de forte pendor simbólico, com as quais conquistou o Prémio na categoria “Assuntos Contemporâneos”. Rui Oliveira chamou “O Bairro Esquecido” ao Bairro do Aleixo, no Porto, aí recolhendo um conjunto impactante de imagens que lhe valeram o Prémio na categoria “Vida Quotidiana”. De novo os incêndios de 2017 a proporcionarem a Rui Duarte Silva e a Mariline Alves duas séries de poderosas imagens, designadas “Um País em Luto” e “Incêndios Florestais em Portugal” e que lhes valeram, respectivamente, os Prémios nas categorias “Notícias” e “Ambiente”. Rui Duarte Silva foi também o vencedor do Prémio na categoria “Prémio Europa”, fazendo recair o seu olhar sobre os estudantes de hoje, a “Geração X”. Na categoria “Desporto”, o Prémio foi atribuído a António Pedro Santos com o notável conjunto de imagens “À prova de Água” que nos fala de pessoas com deficiência e da sua luta pela igualdade de oportunidades.

Ainda no âmbito do “Estação Imagem 2018”, num espaço próprio, Leonel de Castro apresenta “Minhotos de Pele Salgada”. Este é o resultado de uma bolsa anual destinada à realização de um projecto documental sobre o Alto Minho e que conta com o apoio da Câmara Municipal de Viana do Castelo. Ao longo de um ano, o fotógrafo acompanhou as gentes do mar, saindo com eles para a faina, fotografando-os no quotidiano do trabalho, da família, das manifestações culturais e da religiosidade, devolvendo-nos agora trinta imagens que, em si mesmas, testemunham a viagem por essa linha de costa que, descendo do Rio Minho – fronteira natural que nos separa de Espanha mas também nos junta à Galiza -, dá forma a uma região e a um modo de vida. Mas esta reportagem é também um grito contra as políticas económicas da União Europeia e o impacto negativo que têm tido sobre o sector das Pescas. Eis uma excelente proposta para os amantes da fotografia (e não só), pelo que se recomenda vivamente uma visita ao Centro Português de Fotografia.

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