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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Estação
Imagem 2018”
Vários autores
Centro Português de Fotografia
17 Nov 2018 > 10 Fev 2019
Criada em 2007, a “Estação Imagem”
é uma associação cultural que tem como finalidade estudar, debater
e divulgar todos os aspectos ligados à imagem, com particular
incidência na fotografia. Entre as várias iniciativas levadas a
cabo pela instituição, conta-se a organização anual de um prémio
internacional de fotojornalismo, aberto à participação de
fotojornalistas portugueses, dos PALOP e da Galiza, bem como aos
estrangeiros aí residentes, com o objectivo de promover a reportagem
fotográfica. Assim foi uma vez mais em 2018, com o júri desta nona
edição do Prémio Estação Imagem – presidido por Santiago Lyon,
Presidente do World Press Photo 2013 e actual director de conteúdos
editoriais da Adobe – a distinguir várias séries de reportagens
de enormíssimo nível em categorias que vão dos assuntos
contemporâneos ao ambiente, passando pela vida quotidiana, arte e
espectáculos ou desporto, entre outros. São as imagens premiadas
que podem agora ser vistas no Centro Português de Fotografia, no
Porto, numa mostra de grande qualidade e interesse, a provar que o
fotojornalismo em Portugal e na Galiza está vivo e recomenda-se.
O grande destaque vai, naturalmente,
para Patrícia Melo Moreira que, com “Verão Negro”, arrebatou o
Prémio Estação Imagem 2018. Trata-se de uma série de dez imagens
que nos fazem recuar a 2017, ano em que o nosso País foi devastado
pelos incêndios mais fatais da sua história, deixando cerca de
440.000 hectares de área ardida e o trágico balanço de mais de cem mortos entre Junho e Outubro. São imagens de grande impacto,
que evidenciam o desamparo e impotência das populações, face ao
avanço das chamas que tudo destroem à sua passagem. Destaque também para Gabriel
Tizón que, com “O Frío dos Refuxiados”, conquistou o Prémio
Fotografia do Ano. A imagem mostra um jovem refugiado ao anoitecer
sob uma ponte junto à fronteira da Sérvia com a Croácia, num dia
de inverno e com uma temperatura a rodar os 0º C. Por detrás da
qualidade intrínseca desta fotografia, percebe-se a chamada de
atenção para a situação dos refugiados que vivem aqui sem
recursos e que sofrem a perseguição policial diária, desde que a
União Europeia se decidiu pelo fecho das suas fronteiras em
Fevereiro de 2016.
Guiado pelos domínios arcaizantes de
montanhas e planaltos que ligam o Minho a Trás-Os-Montes, Luís
Preto explora em “Maciço Antigo” a relação entre a
persistência das condições naturais e a continuidade do esforço
humano para nos falar das gentes e dos lugares. São igualmente dez
fotografias de forte pendor simbólico, com as quais conquistou o
Prémio na categoria “Assuntos Contemporâneos”. Rui Oliveira
chamou “O Bairro Esquecido” ao Bairro do Aleixo, no Porto, aí
recolhendo um conjunto impactante de imagens que lhe valeram o Prémio
na categoria “Vida Quotidiana”. De novo os incêndios de 2017 a
proporcionarem a Rui Duarte Silva e a Mariline Alves duas séries de
poderosas imagens, designadas “Um País em Luto” e “Incêndios
Florestais em Portugal” e que lhes valeram, respectivamente, os
Prémios nas categorias “Notícias” e “Ambiente”. Rui Duarte
Silva foi também o vencedor do Prémio na categoria “Prémio
Europa”, fazendo recair o seu olhar sobre os estudantes de hoje, a
“Geração X”. Na categoria “Desporto”, o Prémio foi
atribuído a António Pedro Santos com o notável conjunto de imagens
“À prova de Água” que nos fala de pessoas com deficiência e da
sua luta pela igualdade de oportunidades.
Ainda no âmbito do “Estação Imagem
2018”, num espaço próprio, Leonel de Castro apresenta “Minhotos
de Pele Salgada”. Este é o resultado de uma bolsa anual destinada
à realização de um projecto documental sobre o Alto Minho e que
conta com o apoio da Câmara Municipal de Viana do Castelo. Ao longo
de um ano, o fotógrafo acompanhou as gentes do mar, saindo com eles
para a faina, fotografando-os no quotidiano do trabalho, da família,
das manifestações culturais e da religiosidade, devolvendo-nos
agora trinta imagens que, em si mesmas, testemunham a viagem por essa
linha de costa que, descendo do Rio Minho – fronteira natural que
nos separa de Espanha mas também nos junta à Galiza -, dá forma
a uma região e a um modo de vida. Mas esta reportagem é também um
grito contra as políticas económicas da
União Europeia e o impacto negativo que têm tido sobre o sector das Pescas. Eis uma
excelente proposta para os amantes da fotografia (e não só), pelo
que se recomenda vivamente uma visita ao Centro Português de
Fotografia.
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