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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Banksy's Dismaland and Others"


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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Banksy’s Dismaland and Others”,
de Barry Cawston
Alfândega do Porto
19 Jan > 31 Mar 2019


No pátio fronteiro ao edifício da Alfândega do Porto, uma cabine telefónica tipicamente britânica, deitada sobre o pavimento, o topo dobrado como se da proa dum barco se tratasse e pintada de cor de rosa, dá as boas-vindas aos visitantes. Ao seu lado, numa piscadela de olho a Magritte, um letreiro avisa-nos que “isto não é uma obra de Banksy”. “Isto”, na verdade, deve ser entendido como o todo da exposição “Banksy’s Dismaland and Others”, conjunto de 44 fotografias de grande formato e que ocupa, desde o passado dia 19 de janeiro, o espaço da furnas da Alfândega do Porto. Embora os trabalhos expostos conduzam o visitante ao encontro do universo daquele que é o expoente máximo da arte urbana actual, esta é, entenda-se (!), uma exposição fotográfica da autoria de Barry Cawston, o homem que muitos consideram como o “fotógrafo oficial” de Banksy.

A abrir a exposição o visitante é confrontado com uma série de imagens que ilustram “Dismaland”, uma instalação temporária de Banksy, aberta durante os meses de Agosto e Setembro de 2015 e que constituiu uma clara sátira aos parques temáticos da Disney. Entre a estranheza e o desconforto, estes são retratos que transmitem, de forma intensa, o espírito lúgubre – “dismal”, em inglês – dum lugar descrito pelo próprio Banksy como “inadequado para crianças”, bem como “uma exposição de arte e entretenimento para anarquistas principiantes”. Nele pudemos observar escorregas montados em carrinhas de assalto, insufláveis carregados de migrantes, o carro da Cinderela capotado ou vigilantes com cara de poucos amigos. Em justaposição à Dismaland, Barry Cawston oferece-nos a sua visão de Weston-super-Mare, localidade inglesa que acolheu este evento. Com uma especial agudeza, a lente deste fotógrafo capta momentos do ambiente circundante, cenas banais do quotidiano, que reforçam o espírito deprimente desta estância balnear.

Outro dos destinos favoritos de Banksy é a cidade de Belém, na Palestina, onde o artista inaugurou em 2017 o “Walled Off Hotel”, conhecido como o hotel com a pior vista do mundo. Uma vez mais ressalta na sua obra o forte pendor de crítica social, com Barry Cawston a documentar a força do trabalho de Banksy em novo conjunto de imagens extraordinárias, onde se destacam “Dove and Flak Jacket”, “Bethlehem Angels and Oxygen Masks” e o icónico “Throwing Flowers”. O núcleo final da exposição abre as portas aos trabalhos de arte urbana de oito artistas portugueses que representam um pouco da enorme história deste movimento que nasceu em Portugal por volta da década de 90 do século passado. Adres, Hazul, RAM, +MaisMenos+, MAR, Mosaik, Nomen e Tamara Alves são os protagonistas deste núcleo derradeiro, dando provas do seu talento em trabalhos de enorme impacto visual e, também eles, com uma forte crítica social implícita. Em suma, “Banksy's Dismaland and Others”, de Barry Cawston, é uma exposição poderosa que nos leva numa viagem pelos meandros da arte urbana e em particular pelo trabalho fenomenal de um artista que há mais de 25 anos usa o seu talento para questionar os valores da sociedade. A não perder!

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