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sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

CINEMA: "Girl: O Sonho de Lara"



CINEMA: “Girl: O Sonho de Lara” / “Girl”
Realização | Lukas Dhont
Argumento | Lukas Dhont e Angelo Tijssens
Fotografia | Frank van den Eeden
Montagem | Alain Dessauvage
Interpretação | Victor Polster, Arieh Worthalter, Oliver Bodart, Tijmen Govaerts, Katelijne Damen, Valentijne Dhaenens, Magali Elali, Alice de Broqueville, Alain Honorez, Chris Thys
Produção | Dirk Impens
Holanda, Bélgica | 2018 | Drama | 109 minutos | M/14
Cinema Dolce Espaço
14 Dez 2018 | sex | 16:00


Estar como que aprisionado no próprio corpo é um sentimento bastante familiar para a maioria dos adolescentes. Mas o caso muda de figura quando se trata da formação da identidade num corpo que se sente como completamente estranho, despertando tensões na escola e na família e convertendo o despertar da sexualidade num desafio inimaginável de conflitualidade e violência. Na sua ânsia de descobrir, viver e sentir esta fase da vida, é precisamente com este desafio que Lara (Victor Polster) se depara, enquanto prepara o seu futuro como bailarina e como mulher.

Mais do que expôr o bullying ou a intolerância que Lara vivencia, o realizador faz questão de abordar a luta interior e as inquietações desta jovem. Dhont faz-nos mergulhar no interior das rotinas de Lara, das suas descobertas, temores, inquietações, conquistas e derrotas. Fá-lo, quase sempre, recorrendo a pequenos episódios que alimentam a trama e enriquecem a personagem. São momentos que contribuem não apenas para dar a ver a protagonista e o seu quotidiano, mas que concorrem para a criação de um forte vínculo entre o espectador e a adolescente, com a qual é compelido a partilhar as emoções.

Integrando o elenco do Ballet Vlaanderen (Real Ballet da Flandres), Victor Polster interioriza e caracteriza na perfeição o papel transgénero de Lara, tanto física como mentalmente. Com uma interpretação delicada e precisa, o actor consegue tocar profundamente o espectador na forma como representa esta adolescente que não sabe ou não pode verbalizar os complexos sentimentos que tomam conta de si. Tratando o tema da transexualidade com enorme delicadeza e subtileza, Lukas Dhont oferece-nos um excelente filme, justamente reconhecido ao vencer a secção “Un Certain Regard” do Festival de Cannes, assim como o prémio FIPRESCI, os prémios de melhor interpretação e melhor primeira obra e ainda a indicação para o Óscar de melhor filme estrangeiro em 2019.

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