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quinta-feira, 26 de abril de 2018

VISITA GUIADA: "Percurso da Rua do Azulejo"



VISITA GUIADA: “Percurso da Rua do Azulejo”
Orientada por | Tânia Guimarães
Organizada por | Câmara Municipal de Ovar
25 Abr 2018 | qua | 10:00 – 13:00


Entre outros traços distintivos da sua identidade territorial e patrimonial, Ovar é conhecida como “a Cidade-Museu Vivo de Azulejos”. Foi o museólogo Professor Rafael Salinas Calado, primeiro director do Museu Nacional do Azulejo, quem atribuiu esta expressão a Ovar, a qual está bem patente por toda a cidade e pode perceber-se não apenas nos extraordinários exemplares que cobrem as fachadas das casas e remontam a períodos bem distintos da sua história, como na própria dinâmica em torno do azulejo, desde as intervenções de conservação e restauro às inúmeras actividades de âmbito educativo e lúdico levados a cabo pela Câmara Municipal de Ovar. Isto mesmo vivenciou um grupo de profissionais de saúde do Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga (Santa Maria da Feira, S. João da Madeira e Oliveira de Azeméis) que, na manhã de ontem, demandaram Ovar e que, orientados por Tânia Guimarães, dos Serviços de Turismo, desfrutaram do “Percurso da Rua do Azulejo”.

A visita guiada pelo centro da cidade começou com uma breve introdução onde se vincou a enome concentração de fachadas recobertas por azulejos, predominantemente do século XIX e início do século XX. Os primeiros azulejos apresentavam um padrão pouco variado, a cor predominante era o azul e a sua dimensão não variava dos 13 cm. É no final do século XIX que o azulejo “cresce” para os 14 ou 15 cm e a paleta de cores se torna mais variada, atingindo o seu esplendor com o movimento Arte Nova, no início do século XX, onde os motivos predominantemente florais tomam cores mais vivas e o tamanho padrão se fixa nos 20 cm. Tânia Guimarães explicou ainda que se podem ver exemplares trabalhados de acordo com a técnica da estampilhagem, da estampagem ou do relevo, estes últimos podendo ser em alto relevo, semi-relevo ou biselados. Embora a procedência dos azulejos seja maioritariamente das fábricas de Aveiro, Vila Nova de Gaia e Porto, é possível encontrar azulejos provenientes de Valência. Uma referência ainda ao facto desta forte presença de azulejos poder ter sido incrementada pelos fluxos migratórios, sobretudo para o Brasil, com as fachadas das casas a evidenciarem o estatuto económico e social dos seus habitantes. A verdade é que o azulejo, revelando extraordinárias propriedades isolantes, acabou por se “democratizar” e ser o material de revestimento da preferência dos ovarenses.

Das fachadas multicoloridas com dois milhares de azulejos, onde cada peça é única e, nas suas imperfeições, revela a beleza da estampilhagem, à singeleza dum padrão muito antigo, todo ele em nuances de azul correspondentes a defeitos de cozedura, é todo um manancial de histórias que Tânia Guimarães vai desfiando à medida que progredimos pelas ruas de Ovar. Numa das casas intervencionadas recupera-se a beleza do “crochet”, o padrão de influência francesa; noutra casa é o azulejo de inspiração pombalina que se oferece ao olhar do visitante, não no seu interior, como seria suposto, mas na própria fachada. Aqui são os motivos religiosos que recobrem a Capela de Santo António, além o padrão com um toque mudéjar que reveste a Ouriversaria Carvalho, depois o azulejo em alto-relevo na impressionante fachada do Museu de Ovar e ainda as telhas pintadas do edifício que alberga hoje a Conservatória do Registo Civil de Ovar. Isto sem esquecer os seis painéis de azulejos do período modernista, da autoria de Jorge Barradas, que podem ser apreciados no edifício do Tribunal de Ovar.

A segunda parte da visita teve como alvo a Escola de Artes e Ofícios e contemplou uma experiência de pintura sobre azulejo na qual foram respeitados integralmente os passos que presidem à técnica da estampilhagem. Foi um momento de saboroso convívio, onde miúdos e graúdos puderam por à prova os seus dotes artísticos e perceber o resultado da sua mestria. O programa viria a terminar com a visita à Igreja de Válega que tem a particularidade de se encontrar revestida, tanto no seu exterior como no interior, por azulejos policromáticos, produzidos na fábrica Aleluia, de Aveiro. Esta Igreja começou a ser construída em 1746 e só mais de um século depois os trabalhos foram dados por concluídos. A colocação dos painéis de azulejos, com desenhos de Guilherme Ferreira Thedim, remonta a 1960 e foram uma oferta do Comendador António Augusto da Silva, o qual definiu os motivos eucarísticos que gostaria de ver apresentados e se fez, inclusivamente, representar em dois vitrais que podem ser apreciados no interior da Igreja. Se este apontamento despertou a curiosidade do leitor, saiba que, por Ovar, Maio é mês do Azulejo e as propostas são muitas e variadas. O programa completo pode ser visto AQUI

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