VISITA GUIADA: “Percurso da Rua do
Azulejo”
Orientada por | Tânia Guimarães
Organizada por | Câmara Municipal de
Ovar
25 Abr 2018 | qua | 10:00 – 13:00
Entre outros traços distintivos da sua
identidade territorial e patrimonial, Ovar é conhecida como “a
Cidade-Museu Vivo de Azulejos”. Foi o museólogo Professor Rafael
Salinas Calado, primeiro director do Museu Nacional do Azulejo, quem atribuiu esta expressão a Ovar, a qual está bem patente por toda a cidade e pode perceber-se não apenas nos extraordinários exemplares que
cobrem as fachadas das casas e remontam a períodos bem distintos da
sua história, como na própria dinâmica em torno do azulejo, desde
as intervenções de conservação e restauro às inúmeras
actividades de âmbito educativo e lúdico levados a cabo pela
Câmara Municipal de Ovar. Isto mesmo vivenciou um grupo de
profissionais de saúde do Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga
(Santa Maria da Feira, S. João da Madeira e Oliveira de Azeméis)
que, na manhã de ontem, demandaram Ovar e que, orientados por Tânia
Guimarães, dos Serviços de Turismo, desfrutaram do “Percurso da
Rua do Azulejo”.
A visita guiada pelo centro da cidade
começou com uma breve introdução onde se vincou a enome
concentração de fachadas recobertas por azulejos, predominantemente
do século XIX e início do século XX. Os primeiros azulejos
apresentavam um padrão pouco variado, a cor predominante era o azul
e a sua dimensão não variava dos 13 cm. É no final do século XIX
que o azulejo “cresce” para os 14 ou 15 cm e a paleta de cores se
torna mais variada, atingindo o seu esplendor com o movimento Arte
Nova, no início do século XX, onde os motivos predominantemente
florais tomam cores mais vivas e o tamanho padrão se fixa nos 20 cm.
Tânia Guimarães explicou ainda que se podem ver exemplares
trabalhados de acordo com a técnica da estampilhagem, da estampagem
ou do relevo, estes últimos podendo ser em alto relevo, semi-relevo
ou biselados. Embora a procedência dos azulejos seja
maioritariamente das fábricas de Aveiro, Vila Nova de Gaia e Porto,
é possível encontrar azulejos provenientes de Valência. Uma
referência ainda ao facto desta forte presença de azulejos poder
ter sido incrementada pelos fluxos migratórios, sobretudo para o
Brasil, com as fachadas das casas a evidenciarem o estatuto económico
e social dos seus habitantes. A verdade é que o azulejo, revelando
extraordinárias propriedades isolantes, acabou por se “democratizar”
e ser o material de revestimento da preferência dos ovarenses.
Das fachadas multicoloridas com dois
milhares de azulejos, onde cada peça é única e, nas suas
imperfeições, revela a beleza da estampilhagem, à singeleza dum
padrão muito antigo, todo ele em nuances de azul correspondentes a
defeitos de cozedura, é todo um manancial de histórias que Tânia
Guimarães vai desfiando à medida que progredimos pelas ruas de
Ovar. Numa das casas intervencionadas recupera-se a beleza do
“crochet”, o padrão de influência francesa; noutra casa é o
azulejo de inspiração pombalina que se oferece ao olhar do
visitante, não no seu interior, como seria suposto, mas na própria
fachada. Aqui são os motivos religiosos que recobrem a Capela de
Santo António, além o padrão com um toque mudéjar que reveste
a Ouriversaria Carvalho, depois o azulejo em alto-relevo na
impressionante fachada do Museu de Ovar e ainda as telhas pintadas do
edifício que alberga hoje a Conservatória do Registo Civil de Ovar.
Isto sem esquecer os seis painéis de azulejos do período
modernista, da autoria de Jorge Barradas, que podem ser apreciados no
edifício do Tribunal de Ovar.
A segunda parte da visita teve como
alvo a Escola de Artes e Ofícios e contemplou uma experiência de
pintura sobre azulejo na qual foram respeitados integralmente os
passos que presidem à técnica da estampilhagem. Foi um momento de
saboroso convívio, onde miúdos e graúdos puderam por à prova os
seus dotes artísticos e perceber o resultado da sua mestria. O
programa viria a terminar com a visita à Igreja de Válega que tem a
particularidade de se encontrar revestida, tanto no seu exterior como
no interior, por azulejos policromáticos, produzidos na fábrica
Aleluia, de Aveiro. Esta Igreja começou a ser construída em 1746 e
só mais de um século depois os trabalhos foram dados por
concluídos. A colocação dos painéis de azulejos, com desenhos de
Guilherme Ferreira Thedim, remonta a 1960 e foram uma oferta do
Comendador António Augusto da Silva, o qual definiu os motivos
eucarísticos que gostaria de ver apresentados e se fez,
inclusivamente, representar em dois vitrais que podem ser apreciados
no interior da Igreja. Se este apontamento despertou a curiosidade do
leitor, saiba que, por Ovar, Maio é mês do Azulejo e as propostas
são muitas e variadas. O programa completo pode ser visto AQUI.
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